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Consumidor procurou mais suco de laranja entre os meses de março e abril (Foto: Flickr/Marco Verch/Creative Commons)

 

Em meio à pandemia de coronavírus, o consumo de suco de laranja aumentou em algumas das principais regiões do mundo entre as primeiras semanas de março até os primeiros dias de abril. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (29/4) pelo diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBr), Ibiapaba Netto, em entrevista transmitida ao vivo pelo perfil da Globo Rural no Instagram.

Segundo ele, pesquisas de mercado detectaram maior procura, especialmente no varejo americano. Nos Estados Unidos, o aumento chegou a 40%. Na Europa, a movimentação foi parecida. Esse movimento pode estar relacionado ao fato de a laranja ser conhecida por ser rica em vitamina C e também a uma decisão do consumidor de estocar mais alimentos, em função das incertezas com a pandemia e as medidas de isolamento.

O executivo ressaltou, no entanto, que não é possível fazer uma relação direta desse comportamento da demanda com o aumento das exportações de suco brasileiro no ciclo 2019/2020. Ibiapaba Netto destaca que a cadeia do setor é extensa, levando a um período relativamente longo entre o pedido e a entrega do produto. Assim, o suco que está sendo mais demandado neste momento no mercado americano, por exemplo, é de estoques formados em operações anteriores de exportação.

“Nos primeiros nove meses do ano-safra (julho de 2019 a março de 2020), não dá para cravar a influência do coronavírus sobre as exportações. Percebemos que houve essa tendência (de consumo maior). O que a gente não sabe e acho que ninguém sabe é como vai ficar o comportamento do consumidor nos próximos meses”, disse ele, destacando que ainda não se sabe como vai ficar o padrão de renda da população no pós-pandemia.

Nos nove primeiros meses da temporada 2019/2020, os embarques de suco de laranja do Brasil aumentaram 18% em comparação com o mesmo período da temporada passada. Foram 861,172 mil toneladas do produto concentrado e congelado e do suco NFC.

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Netto ponderou, por outro lado, que esse aumento de consumo verificado recentemente representa apenas a recuperação de parte de um mercado que vem sendo perdido há cerca de duas décadas. Seja por mudanças de hábitos de consumo nos principais mercados, seja pelo aumento da oferta de outros tipos de bebida, atingindo um consumidor que gosta de novidades.

“Tem tanta coisa sendo lançada no mercado, que, embora tenha poucos produtos com qualidade e escala do suco de laranja, sempre tem uma novidade para te morder parcela de mercado. Estamos recuperando o que vem de um histórico de diminuição de consumo”, explicou o executivo.

Ibiapaba Netto destacou que, atualmente, as exportações de suco de laranja do Brasil são bastante concentradas nos mercados europeu e americano. Mas a China é considerada a promessa do mercado global da commodity. De acordo com o executivo da CitrusBr, o país asiático tem aumentado o consumo do produto, mas ainda não pode ser considerado um grande consumidor. A base ainda é pequena, portanto há espaço para crescer. Mas há uma concorrência com produtos de qualidade mais baixa e preço menor.

Pressão da indústria

Ibiapaba Netto negou, durante a entrevista, que a indústria de suco de laranja esteja pressionando fornecedores a reverem os contratos nesse período de entressafra. A informação foi divulgada pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, com base no Instituto de Economia Agrícola do Estado (IEA), por conta dos elevados estoques remanescentes da última safra.

O diretor da CitrusBr argumentou que a questão contratual é uma questão individual de cada indústria. E que existem diferentes tipos de contrato entre as empresas e seus fornecedores, com diferentes condições. Ibiapaba Netto reconheceu que os estoques de suco de laranja estão mais baixos, mas são suficientes para passar sem dificuldades pelo atual período de entressafra. Os fundamentos do mercado não mudaram, disse ele.

“A época é de entressafra. Não tem indústria aberta entrando laranja. Não dá para falar que as empresas estão fazendo isso. Além dos diferentes tipos de contrato, existe uma parte do mercado em contratos plurianuais. É equivocado fazer esse tipo de análise”, afirmou o executivo.

Ibiapaba ressaltou ainda que a agenda setorial da indústria cuida apenas de aspectos que chamou de transversais, como promoção do consumo de suco de laranja, regulamentação do setor e normas de qualidade, questões fitossanitárias e abertura de mercado.
Source: Rural

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