Arroz importado ganhou mais espaço no mercado brasileiro no primeiro trimestre do ano (Foto: Dan Mitler/CCommons)
Embora o cenário internacional esteja favorável para as exportações agrícolas do Brasil, no mercado de arroz tem ocorrido justamente o contrário. No primeiro trimestre deste ano, as importações brasileiras do cereal equivalente em casca somaram 256,3 mil toneladas,
um crescimento de 32,3% na comparação com mesmo período no ano passado. Já as vendas externas do produto nacional caíram 38,2% no mesmo período, para 237,7 mil toneladas.
Com isso, a balança comercial do setor acumula um déficit de 18,5 mil toneladas no acumulado de janeiro a março. Nos três primeiros meses de 2019, houve um superávit de 190,8 mil toneladas. “Como em fevereiro de 2020 os estoques finais da temporada 2018/19 chegaram a um dos menores volumes da história, não há excedente disponível para exportação”, explica o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em nota.
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Demanda e exportação sustentam preços do arroz no final da colheita
A instituição lembra que, com a demanda interna em queda de 1,66% ao ano na última década, os produtores brasileiros de arroz têm buscado escoar parte da safra para o mercado internacional, com volumes de exportação que oscilaram entre 894 mil toneladas
e 2,1 milhões de toneladas nos últimos dez anos. Já o plantio, caiu 43% no país desde 2004, com redução de 21,3% na oferta total, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Em anos em que a cultura apresenta atratividade, há aumentos da oferta e da disponibilidade doméstica. Como não se encontra absorção na demanda interna, os excedentes aumentam, exigindo buscar compradores internacionais”, observa o Cepea.
Mercado externo aquecido
Neste ano, portanto, o cenário seria favorável ao aumento das exportações brasileiras, com os preços atingindo patamares recordes no mercado interno e valorização no mercado externo. Em abril, o indicador Esalq/Senar-RS para o arroz em casca atingiu seu recorde
nominal, cotado a R$ 54,91 a saca de 50 quilos na média parcial do mês até o dia 28. No ano, os preços no varejo acumulam alta de quase 4% na média brasileira, considerando-se o IPCA.
No mercado internacional, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indica valorização mensal de 1,75% para o produto em março. A organização também destaca a suspensão das exportações de importantes fornecedores mundiais, como Vietnã,
terceiro maior exportador, e Camboja, sétimo maior. Do lado da demanda, contudo, a crise com a Covid-19 aumentou as compras, com alguns países buscando compor estoques.
“Como apenas 9% da produção mundial acabada sendo transacionada entre países, a redução no número de fornecedores afeta imediatamente os preços, uma vez que reduz as opções de origens de compras por parte dos importadores”, explica o Cepea.
Com o aumento de preços, o Centro de Estudos prevê queda na demanda de países importadores com economias mais sensíveis às cotações internacionais, como os da África Subsaariana.
Source: Rural