(Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
O presidente do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), André Rocha, avalia que a crise no setor, provocada pela pandemia de coronavírus, é a maior desde a criação do Programa Nacional do Álcool (Próalcool).
Ele afirmou que a expectativa é de que o anúncio de medidas de auxílio pelo governo ocorra o mais rápido possível. A implementação das solicitações representaria um importante sinal de que as autoridades estão atentas aos problemas na cadeia sucroalcooleira e levaria um sentimento de maior segurança para os produtores, afirma Rocha.
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"As usinas precisam de fôlego e de capital de giro. Estamos todos aguardando essas medidas, menos a cana, que precisa ser processada com urgência", diz. As principais solicitações dos produtores envolvem três medidas que, segundo Rocha, precisam ser vistas como complementares para que os efeitos da crise sejam minimizados.
A linha de financiamento para estocagem pode possibilitar que os produtores aumentem os limites de armazenamento de etanol por pelo menos três meses, quando é esperada uma retomada na demanda e, consequentemente, nas vendas.
O aumento da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), incidente sobre a gasolina, pode melhorar a competitividade relativa do biocombustível, apesar do prazo mais longo para entrar em vigor. Já a redução ou isenção do PIS/Cofins sobre o etanol é a solicitação que começaria a valer em um prazo mais curto e poderia acalmar o setor.
O anúncio de que o governo está olhando para a cana já foi positivo, mas a implementação de qualquer dessas medidas vai dar um horizonte para as usinas
André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético
Combustíveis
A queda de mais de 50% na demanda por combustíveis derrubou os preços do etanol para abaixo dos custos de produção e vem prejudicando especialmente as usinas da Região Centro-Oeste, onde o mix sucroalcooleiro é mais voltado para a produção do biocombustível e alguns produtores nem fabricam o adoçante.
Lá, muitas usinas entraram na crise já em recuperação judicial, com endividamentos anteriores, e a distância dos portos não torna viável uma migração expressiva do mix para mais açucareiro, segundo Rocha.
Para o presidente da entidade, a maior preocupação é a coincidência da crise com o início da safra 2020/21 de cana-de-açúcar. O período costuma ser de acerto dos gastos com o plantio e preparações para a safra, já que as vendas na entressafra são mais fracas.
Vendíamos cerca de 2 bilhões de litros de etanol por mês, mas agora não vamos conseguir vender nem 1 bilhão. Por outro lado, a cana está pronta e, depois de colhida, temos apenas 48h para processar
André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético
Source: Rural