Sindicatos locais e prefeituras contabilizam 18 casos de Covid-19 em unidade da BRF. Empresa não confirma (Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo)
Com capacidade de abate de até 215 mil animais por dia, a unidade da BRF no município gaúcho de Marau apresentou 18 casos confirmados de Covid-19, segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores da Indústrias de Alimentação (STIA). Questionada pela reportagem, a empresa não confirma as informações. Alegando respeito à privacidade de funcionários e familiares, diz que informa os casos apenas para as autoridades.
Dos 18 trabalhadores testados como positivos, quatro já se recuperaram e três continuam internados, informa o Sindicato local. A prefeitura informa que tem sido notificada, mas confirma apenas que dois trabalhadores da empresa foram atendidos no sistema público de saúde.
A BRF também tem sua estrutura própria de testagem e tratamento, inclusive entre funcionários assintomáticos. Além do município de Marau, a empresa teria casos confirmados em suas unidades de Lajeado, Nova Prata e Serafina Correa, segundo informações de sindicatos locais.
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No comunicado enviado à Globo Rural, a BRF informa que firmou um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Trabalho (MPT), comprometendo-se a adotar medidas para conter a disseminação do vírus em suas fábricas. Entre elas, manter o limite de 50% da capacidade de trabalhadores sentados nos veículos fretados e a disponibilização de testes da Covid-19 nas unidades localizadas em municípios onde o diagnóstico não está sendo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – caso de Marau.
“O compromisso, além de oferecer uma maior segurança jurídica para a operação nacional da BRF, formaliza práticas de proteção aos colaboradores que já vinham sendo adotadas pela Companhia, de forma transparente, desde o início da pandemia”, informa a nota.
Na planta de Marau, o sindicato dos trabalhadores afirma que a BRF ajustou sua operação de 215 mil abates por dia para 170 mil. A empresa nega. “A BRF continua imprimindo o ritmo normal em sua produção, assegurando a qualidade de seus produtos, não havendo no momento risco de desabastecimento do mercado brasileiro e internacional”, diz a nota.
Dez frigoríficos
Segundo acompanhamento feito pela Globo Rural, há pelo menos dez frigoríficos com casos confirmados no Sul do país, todos de aves. Apenas a JBS, em Passo Fundo, e São Domingos (da Agropecuária Danieli), em Tapejara, suspenderam as operações por tempo indeterminado.
O presidente do Sindicato de Trabalhadores da Indústria de Alimentação do Rio Grande do Sul, Darci Rocha, explica que a interdição das atividades da JBS em Passo Fundo foi necessária porque as contaminações dentro da unidade perderam o controle. Ele relata que
o número oficial já passa de 48 casos confirmados e pode aumentar nas próximas semanas, já que muitos funcionários foram testados nos últimos dias.
“Na hora da audiência, eles sequer sabiam quantos trabalhadores pegaram transporte junto com outros infectados”, relata o sindicalista. As atividades da JBS foram suspensas após o Ministério Público do Trabalho (MPT) constatar situações como aglomeração de pessoas e ausência de distanciamento entre funcionários. A empresa nega as acusações e, em nota, ressalta que seus protocolos atendem em 100% as orientações da Secretaria do Trabalho.
“Ao contrário do auto de interdição, que extrapola o protocolo da Secretaria do Trabalho, as ações implementadas pela JBS estão totalmente amparadas em laudos e recomendações técnicas dos órgãos de saúde e de especialistas da área médica”, afirma a empresa em nota. A unidade, de grande porte, possui capacidade de abate de cerca de 300 animais por dia.
“Por conhecimento próprio, das condições de trabalho no RS e no frigorífico de aves, somente com a redução de 50% da jornada é possível estabelecer um distanciamento que possa evitar contaminação”, observa Rocha, da Federação dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação do Rio Grande do Sul.
Ele diz qie, diferentemente da operação com bovinos, quando o espaçamento na linha de produção é naturalmente de mais de 1 metro entre funcionários, devido ao tamanho da carcaça, em aves os trabalhadores atuam “ombro a ombro”, com menos de 1m² para cada um.
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Source: Rural