(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
O pedido de demissão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, marca uma nova e perigosa crise para o Brasil. Moro era um dos nomes mais fortes deste governo – imagine quantos votos ele atraiu ao presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 – e decidiu sair porque viu interferência política sobre o comando da Polícia Federal, o que significa ameaça à autonomia da instituição.
Isso é muito grave. Moro chegou a dizer que o presidente Bolsonaro assumiu que gostaria de ter um diretor na Polícia Federal para quem pudesse ligar para ter informações sobre investigações em andamento.
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O ex-juiz responsável pela Lava Jato lembrou ainda que foi a autonomia da Polícia Federal que permitiu com que todas as investigações ocorressem e resultassem na prisão de tantos bandidos e políticos corruptos de governos anteriores ao atual.
Imagine se, na época, a presidente Dilma Rousseff pudesse ter acesso a tudo o que estava sendo investigado, lembrou Moro em seu pronunciamento de demissão, para ressaltar a importância de se ter limite do Executivo, incluindo o chefe deste poder, sobre a PF. Parece que Bolsonaro estaria disposto a ultrapassar este limite.
Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) viram crimes de Bolsonaro em algumas citações feitas por Moro e isso será apurado.
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Sérgio Moro é o segundo ministro forte que rompe com Bolsonaro em menos de um mês. Sua saída tem efeitos diretos sobre a nossa economia já cambaleante. O primeiro sinal disso vem do mercado financeiro.
Enquanto o ex-juiz anunciava sua saída do governo, o índice Bovespa derretia. No momento que escrevo este texto, o índice cai mais de 7% e praticamente todas as empresas do agro listadas na bolsa mergulham junto para o campo vermelho.
Impacto no agro
É impossível falar de política e economia sem falar do agronegócio, principalmente no Brasil e agora, quando se espera do setor produtivo, mais uma vez, aquela salvaguarda que tem evitado um caos econômico ainda pior. O agro sustenta o povo brasileiro e o do exterior, segura a balança comercial com sete das dez principais commodities exportadas pelo Brasil.
E a preocupação neste momento é justamente com a economia e com o agro, mais precisamente com dois outros importantes ministros deste governo: Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura).
(Foto: Divulgação/FPA)
Nos corredores de Brasília, não é de hoje que se fala de uma tensão entre o Palácio do Planalto e o Democratas, partido da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e também do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Tereza Cristina e Mandetta têm mandatos pelo mesmo estado (Mato Grosso do Sul).
Bolsonaro não temeu perder Sérgio Moro. Será que não teme perder também Tereza Cristina e todo o apoio agronegócio? Para o bem do agro e da nossa economia, espero que o presidente continue deixando os bons trabalhando, e com autonomia.
Source: Rural