Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participa de videoconferência de ministros da área agrícola do G20 (Foto: Divulgação/Mapa)
Os ministros da Agricultura dos países do G20 anunciaram, nesta terça-feira (21/4), um compromisso de atuar em conjunto e adotar ações concretas que garantam a segurança alimentar durante a pandemia de coronavírus. Em comunicado oficial, divulgado depois de uma videoconferência, as autoridades reconhecem o desafio de se reduzir os riscos relacionados ao Covid-19 ao mesmo tempo em que se trabalha para manter em funcionamento as cadeias de suprimento de alimentos.
“Continuaremos a trabalhar pela garantia da saúde, segurança, bem-estar e mobilidade dos trabalhadores na agricultura e em toda a cadeia de fornecimento de alimentos. Estaremos vigilantes contra qualquer medida restritiva injustificada que possa levar a uma volatilidade excessiva dos preços de alimentos nos mercados internacionais e ameaçar a segurança alimentar e nutricional de grandes proporções da população mundial”, diz o comunicado, divulgado no site do G20. (leia, na íntegra, em inglês)
Os ministros defenderam também a proporcionalidade e a transparência das medidas de combate ao coronavírus. E afirmaram que essas ações não podem levar à criação de barreiras desnecessárias ao comércio ou a rupturas da cadeia de suprimento de alimentos, devendo estar de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
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“Reafirmamos nossa concordância em não impor restrições de importação ou tarifas extraordinárias sobre as compras de produtos agrícolas e alimentícios feitas para fins não comerciais e humanitários propostos pelo Programa Mundial de Alimentos e por outras agências hunmanitárias”, diz a declaração oficial.
Os ministros assumiram ainda o compromisso de prover oportunamente informações confiáveis sobre o mercado global para países e consumidores fazerem suas escolhas. “Trabalharemos juntos para ajudar a garantir que alimentos suficientes, nutritivos, seguros e custeáveis continuem a ser acessíveis para todas as pessoas, incluindo a mais pobres e mais vulneráveis”, diz o comunicado, defendendo ainda uma cooperação maior entre os setores público e privado para dar respostas rápidas e inovadoras aos efeitos da pandemia de coronavírus sobre os sistemas alimentares.
Menos subsídios e barreiras
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participou da videoconferência, promovida pela presidência rotativa do G20, hoje exercida pela Arábia Saudita. De acordo com o divulgado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), em nota, ela criticou a adoção de subsídios e defendeu a necessidade de levantar barreiras comerciais que possam afetar o abastecimento de alguns países. Na avaliação da ministra, a crise trazida pela pandemia de coronavírus oferece a oportunidade repensar o comportamento coletivo.
“Vamos vencer a luta contra o Covid-19 juntos e emergir dele com uma mentalidade para finalmente alcançar segurança alimentar global estável e meios de vida decentes para toda a humanidade”, disse a ministra. A nota acrescenta que o posicionamento dela foi convergente com o de países como China, Estados Unidos, Alemanha e Emirados Árabes.
Segundo o Mapa, Tereza Cristina disse que, em tempos de crise, o uso de subsídios acaba criando uma concorrência desleal para os países em desenvolvimento, afetando a vida no campo. Já em relação às barreiras comerciais, ela defendeu que a retirada não deve ser feita sempre que for conveniente para combater a escassez de alimentos.
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“Abandonaremos a retórica, tomando medidas efetivas para realmente melhorar a subsistência dos mais vulneráveis? Ou admitiremos a armadilha de usar a pandemia como uma desculpa para manter os interesses paroquiais enraizados, através da perpetuação do protecionismo?”, disse.
Ainda de acordo com o Ministério da Agricultura, Tereza Cristina argumentou que o Brasil é um parceiro confiável, com condições de abastecer mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo. Mas também quer forte compromisso da comunidade internacional.
“Por reciprocidade, também queremos ter um forte compromisso do resto da comunidade internacional. A confiança é uma via de mão dupla: estabilidade e previsibilidade no lado da oferta exigem estabilidade e previsibilidade no lado da demanda”, disse ela, na nota.
Evitar a escassez
Pelo seu perfil no Twitter, o diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), informou ter participado da videoconferência. Azevedo elogiou a discussão a respeito de respostas conjuntas dos líderes mundiais à pandemia de coronavírus. “Satisfeito de ouvir seu compromisso de trabalhar em conjunto para manter os mercados abertos e salvaguardar a segurança alimentar o nutricional global”, postou.
"Participei de um encontro virtual de ministros da agricultura do G20 hoje. Boa discussão sobre respostas conjuntas à pandemia de Covid-19. Satisfeito de ouvir seu compromisso de trabalhar em conjunto para manter os mercados abertos e salvaguardar a segurança alimentar e nutricional global", disse o diretor geral da OMC, Roberto Azevedo (Foto: Reprodução/Twitter)
Em nota oficial, a OMC relatou que Azevedo defendeu a cooperação entre os países e que os mercados internacionais continuem a ser vistos como uma fonte confiável para a oferta de alimentos. E que é urgente atuar de forma coletiva para “evitar medidas que possam mudar a perspectiva atual e levar a uma escassez de oferta no futuro.”
“A crise de saúde do Covid-19 já é uma grande crise econômica e social. Não vamos adicionar uma crise de segurança alimentar”, disse Azevedo, de acordo com o divulgado pela Organização Mundial do Comércio.
Também pelo Twitter, o diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Qu Dongyu, informou ter participado da vídeoconferência. Ele avaliou que a pandemia é um desafio sem precedentes e defendeu a necessidade de manter a movimentação das cadeias de suprimento de alimentos e promover a produção para todos.
"A pandemia de coronavírus é um desafio sem precedentes. Seus impactos socioeconômicos são profundos e globais. Precisamos de ação conjunta e decisiva, inclusive do G20, cujos ministros da Agricultura encontrei hoje. Precisamos manter as cadeias de fornecimento de alimentos se movimentando e promover a produção e a disponibilidade de alimentos para todos", postou o diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Qu Dongyu (Foto: Reprodução/Twitter)
Por ocasião do encontro, FAO, Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Ifad), Banco Mundial e Programa Mundial de Alimentos (WFP) divulgaram um comunicado conjunto a respeito dos impactos do coronavírus sobre a segurança alimentar e nutricional. As instituições avaliam que a pandemia já está afetando o sistema de alimentos, especialmente em função das restrições de movimentação. (leia a íntegra, em inglês)
“A agricultura e os serviços logísticos relacionados aos alimentos devem ser considerados essenciais. É necessário aumentar os esforços para garantir que as cadeias de valor funcionem bem e promovam a produção e a disponibilidade de alimentos diversificados, seguros e nutritivos para todos”, diz o comunicado.
No documento, as instituições defendem a necessidade dos países trabalharem juntos e fortalecerem a cooperação. Além disso, é importante garantir que políticas, como medidas de curto prazo para restringir o comércio, não distorçam os mercados globais. E necessária uma atenção contínua para fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares, seja contra surtos de doenças, seja contra outros choques.
“A medida que a pandemia retrai as economias, o acesso aos alimentos serão negativamente afetados por reduções de renda e perdas de empregos, tanto quanto a disponbilidade de alimentos nos mercados locais”, diz o comunicado.
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Source: Rural