(Foto: Divulgação/ Embrapa)
Uma das principais culturas do sul europeu, o azeite de oliva, está sob pressão devido à síndrome do declínio rápido da azeitona, causada pela bactéria Xylella fastidiosa subsp. pauca, que já matou milhões de oliveiras na Itália, Espanha e Grécia. Os três países respondem por 95% da produção europeia de azeite de oliva.
Estima-se que cerca de 17% das áreas de produção de oliva na Itália estejam infectadas. No Brasil, a doença é monitorada por pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), autarquia da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
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Estudo publicado neste mês concluiu que as perdas econômicas em razão da síndrome podem ultrapassar 5 bilhões de euros nos próximos 50 anos na Itália, onde ao menos um milhão de árvores já morreram da doença, se nada for feito para impedir a propagação da bactéria e oliveiras não forem replantadas.
No período, os prejuízos podem chegar a 17 bilhões de euros na Espanha e a 2 bilhões de euros na Grécia. Mas, se medidas preventivas forem tomadas e os pomares puderem ser replantados com variedades resistentes, o impacto pode cair para 10 milhões de euros por ano na Itália, com resultado proporcionalmente semelhante para Espanha e Grécia.
Brasil em alerta
No Brasil, a ameaça é monitorada dos olivicultores e pesquisadores. De acordo com o pesquisador do IAC, Helvécio Della Coletta Filho, atualmente a bactéria tem sido um problema maior em oliveiras do que em citros, pois medidas adotadas no passado e ainda em vigência atenuaram o problema
“O cultivo de oliveira no Brasil é bastante recente. Na Itália, por exemplo, existem variedades comerciais menos suscetíveis a xylella. O problema é que, aqui no Brasil, essas variedades necessitam de condições de cultivo que não temos", explica.
Elas precisam de uma quantidade maior de temperaturas mínimas necessárias para florescimento e frutificação das oliveiras. Nossas condições de cultivo não atendem às exigências dessas variedades menos suscetíveis à xylella, mas as pesquisas estão procurando essas variedades de oliveiras menos suscetíveis
Helvécio Della Coletta Filho, pesquisador do IAc
O pesquisador ressalta que, até o momento, não há novidades a serem feitas em oliveiras que não tenham sido feitas para citros quanto ao tratamento dessa bactéria.
“A gente tem informado muito aos produtores de oliveiras a trabalhar com material, mudas livres de bactérias, de procedência conhecida. Porque a doença tem um período de latência (entre a infecção e a expressão dos sintomas) muito longo, que varia entre 2 a 3 anos”, afirma.
Prevenção
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura, Paulo Marchioretto, a aquisição de mudas certificadas e o combate do vetor da bactéria, a cigarrinha, são as principais medidas tomadas pelos olivicultores para evitar um desastre na cultura no Brasil.
“Mas um dia ela vai chegar, se já não estiver incubada no Brasil. O Ministério da Agricultura não tem controle ainda sobre essa doença, pois é uma cultura nova, incipiente ainda. O maior problema é que não existe 'tratamento' e as árvores infectadas devem ser queimadas”, comenta Marchioretto.
Source: Rural