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Trigo no Paraná. Este ano, o planto deve aumentar no estado (Foto: Jaelson Lucas/AEN)

 

Os atrasos no plantio da safra de verão este ano no Sul do Brasil somados à alta do dólar e à valorização do trigo em Chicago devem impulsionar a semeadura do grão no país em 2020, o que deve reduzir a participação das importações no abastecimento do mercado interno a partir do final deste ano e início do ano que vem. “A gente não sabe ainda quanto a Argentina vai plantar de trigo nesta próxima safra com essa questão das retenciones. Então o Brasil pode ver a sua demanda sendo mais fortemente atendida por um trigo doméstico no próximo ano”, explica Ana Luiza Lodi, analista da FCStone.

Em dezembro, o governo argentino elevou os impostos sobre exportação de grãos, o que poderia desestimular o plantio este ano. Para o trigo, a tarifa passou de 4 pesos por dólar exportado para um percentual de 9% sobre as vendas internacionais e, com o avanço
da Covid-19 no país, há preocupação de que os impactos sobre a logística do país prejudique ainda mais as exportações. Além disso, as más condições de safra em outros lugares do mundo tendem a dificultar ainda mais as importações.

“Embora mundialmente os estoques de trigo estejam elevados, boa parte está concentrada na China e na Índia, que são países que têm pouca relação com o mercado externo”, lembra Ana Luiza. Na Rússia, o aumento da demanda pela commodity levou o governo a limitar as exportações do país em 7 milhões de toneladas num momento em que as condições climáticas no Mar Negro preocupam, com chuvas abaixo da média. “Apesar desse volume estar em linha com o que Rússia normalmente exporta, essa medida pode limitar as exportações russas este ano”, avalia.

A mais recente previsão da Conab, divulgada no início de abril, aponta um plantio 2,4% maior de trigo no Brasil este ano, com 2,09 milhões de hectares. No Rio Grande do Sul, contudo, as previsões oficiais indicam estabilidade, com 735,9 mil hectares. “É preciso ter em mente que o plantio do trigo está começando agora no Sul do país e esses número podem mudar”, ressalta a analista da FCStone. A consultoria estima até 900 mil hectares no Estado.

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“O atraso da safrinha de milho, de certa forma, deixou um oportunidade para o trigo e os preços, não só locais, mas também internacional subiram bem nos últimos meses”, destaca Indio Brasil, sócio-diretor da Solo Corretora, no Rio Grande do Sul. Ele avalia um
aumento de área da ordem de 12% no Estado e destaca que o crescimento só não será maior por falta de insumo.

“Há uma limitação do crescimento de área em função da disponibilidade de sementes. Os sementeiros fizeram uma programação anterior a essa valorização abrupta do real e dessa questão de atraso da safrinha e subida internacional”, explica Brasil.

Para o Paraná, as perspectivas da Solo Corretora são de um aumento de 10% na área plantada, quase o dobro do apontado pela Conab. “Havendo condição climática favorável, nós vamos diminuir a necessidade de trigo importado, o que vai nos permitir voltar à média histórica de importação dos últimos anos, que é metade de produto nacional, metade importado”, avalia Brasil. Este ano, o cereal de fora cobriu cerca de 60% do consumo no país. 

Com um dólar cotado acima de R$ 5, nem mesmo as dúvidas em relação ao consumo interno pós pandemia inibe o plantio do trigo no sul do país após os prejuízos registrados na safra de verão. Na avaliação da Solo Corretora, o Estado possui cerca de 300 mil toneladas
de trigo já vendida nesta temporada. “O plantio e o lucro do trigo, com um aumento da produção, poderia realmente compensar as perdas que o Estado enfrentou na safra de verão”, conclui Ana Luiza, da FCStone.
Source: Rural

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