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Carne in natura para exportação e navio no Porto de Paranaguá (PR) (Foto: Irina Drazowa-Fischer)

 

Apesar da pandemia de coronavírus, e a consequente queda global no consumo de carnes, alguns fundamentos de mercado ainda deve prevalecer no caso da carne bovina. Entre eles, o desabastecimento chinês de proteína animal, em função da peste suína africana (PSA), que reduziu pelo menos à metade o plantel no país asiático desde o ano passado.

"A tendência é de que alimentos continuem operando (no sentido de serem comercializados)", disse o sócio-diretor da consultoria Athenagro, Maurício Palma Nogueira, em live promovida hoje pelo banco Itaú BBA. "Temos, além da peste suína que continua, algumas regiões do mundo com gripe aviária", continuou Nogueira, lembrando ainda que, embora o custo da carne de frango seja menor, há tendência de a proteína do boi ganhar competitividade. Ele projetou, inclusive, aumento de 700 mil toneladas este ano no comércio global de carne bovina.

Nogueira respondeu a um questionamento do consultor de Agronegócio do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves, que comentou sobre a desaceleração abrupta da economia mundial em função da pandemia e mostrou preocupação com a colocação da carne bovina in natura brasileira nos mercados externos. "A China deve precisar importar cerca de 2,5 milhões de toneladas de carne bovina in natura", disse Alves. "E 32% dessas compras da China são de carne brasileira, com 500 mil toneladas do cerca de 1,5 milhão de toneladas que exportamos", continuou. "O outro 1 milhão de toneladas está distribuído entre vários países, inclusive aqueles dependentes do petróleo, que enfrenta uma crise."

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Diante desse cenário, Alves, do Itaú BBA, previu que o Brasil poderia deixar de exportar este ano pelo menos 200 mil toneladas, redução de 20%. "Teríamos uma 'sobra' de 200 mil toneladas. O mercado interno teria condições de absorver isso? Ou a China teria espaço para absorver?", indagou o consultor do banco.

Nogueira, da Athenagro, entretanto, avaliou que esse cenário de 200 mil toneladas a menos de exportação "seria o pior de todos". "Não acredito nele", disse, lembrando que outros países do mundo ficarão sem (condição de comprar) suínos (a carne de)", continuou. "A China vai buscar mais suínos e os países asiáticos vão precisar também", disse Nogueira, acrescentando que por isso a busca por proteínas alternativas, como a carne bovina, vai se intensificar. "Estimamos que o comércio mundial de carne bovina aumente 700 mil toneladas este ano e que o Brasil abocanhe metade desse aumento", disse o consultor da Athenagro. "Então não dá para ficar preocupado com a demanda."

Nogueira disse, ainda, que é claro que, com a pandemia de coronavírus, todo mundo "está de orelha em pé". "A gente vê a extensão do problema, vemos lockdowns em vários países, mas por ora não temos esta questão (de redução no consumo de proteína animal)", assinalou. No caso do consumo interno de carne bovina, a Athenagro está trabalhando com queda de 1 quilo per capita neste ano. "Mas esta carne vai sair para atender o mercado internacional, como China e outros países."
Source: Rural

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