(Foto: Px Here/Creative Commons)
As restrições impostas aos produtores argentinos de cebola, somadas a um dólar 30% mais alto neste ano, têm restringido as importações brasileiras do produto. No primeiro trimestre, foram compradas 14,14 mil toneladas, volume 56,45% inferior a igual período de 2019.
Com uma produção nacional prejudicada por problemas climáticos, as perspectivas não são animadoras para o consumidor. A situação só deve melhorar no segundo semestre, quando iniciar a colheita do Centro-Oeste e do Sudeste do país.
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“A oferta que era pra ser maior em junho está muito reduzida. Como a safra do Sul está praticamente encerrada e quebrou safra no Nordeste, o preço começou a subir por falta de produto”, explica Rafael Corsino, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cebola (Anace).
Preço
Em Ituporanga (SC), considerada capital nacional da cebola, o preço médio recebido pelo produtor registrou alta de 77,14% em março, puxado por aumento nos pedidos do Nordeste, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).
“O baixo volume de cebolas no Nordeste, insuficiente para abastecimento regional, associado à redução dos estoques no Sul, contribuiu para elevar as cotações em março”, explica o Cepea. A valorização, contudo, chegou tarde demais para os produtores catarinenses, que trabalhavam com preços próximos ao custo de produção desde o início do ano.
Essa última safra foi uma safra bem complicada em termos de preços. Agora no final que deu uma melhorada, mas até março estávamos quase no preço do custo, às vezes abaixo dele. Foi um ano meio que frustrado para nós
Arny Mohr, produtor e presidente do Sindicato Rural de Ituporanga
Custos
Se a valorização do dólar desestimula as importações de um lado, de outro aumenta os custos dos produtores para a próxima safra. O presidente da Anace estima que, no Sul, onde o plantio começa entre junho e julho, os custos sejam 30% a 40% maiores na comparação
com o ano passado.
“Teoricamente, se tiver pouca oferta, esse aumento vai ser repassado para o consumidor. Agora, se tiver muita oferta, provavelmente, com o custo mais alto, o produtor deve plantar menos – o que pode gerar desabastecimento lá na frente”, avalia Corsino.
Ituporanga não deve apresentar reduzir o plantio para o ano que vem. Apesar das condições de mercado, Mohr ressalta que a região é composta por pequenos agricultores familiar. “Eles não têm outra opção. Vão plantar de novo. A questão maior é o clima. Se a estiagem continuar até julho e agosto, nem água para irrigar vamos ter”, conta o produtor.
Source: Rural