Para Luis Felli, presidente da AGCO na América do Sul, cancelamento de eventos não impactou vendas (Foto: Editora Globo/ Valter Silva)
A AGCO vai suspender as atividades nas fábricas de Canoas, Santa Rosa e Ibirubá, no Rio Grande do Sul, e interromper ainda em abril a unidade em Mogi das Cruzes, em São Paulo. A medida, a princípio, será por 10 dias e foi tomada diante da falta de peças, em decorrência da crise do coronavírus.
De acordo com o presidente da companhia na América do Sul, Luis Felli, o problema da ausência de peças está no mercado interno, e não em peças importadas. “Apesar de a China ter parado por um período, isso não nos impactou, pois a gente tem um estoque maior. As fábricas de peças no Brasil foram obrigadas a parar e, como a cadeia de peças começou a não fornecer, fomos obrigados a parar nossas plantas”, explica.
Em entrevista à Globo Rural, Felli lembra que o setor de máquinas agrícolas foi caracterizado como atividade essencial pelo Ministério da Agricultura, fazendo com que a atividade no campo opere normalmente, inclusive por conta do clima. Por isso, ele conta que o funcionamento das concessionárias continua, apenas se adaptando às exigências da pandemia.
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“Alguns concessionários estão em plantão, outros estão abertos porque as leis municipal e estadual permitem e alguns em home office, mas a rede de concessionários e a equipe de campo continuam funcionando, inclusive com um serviço de entrega 24 horas para o Brasil inteiro”, diz o presidente da AGCO.
Neste sentido, Felli esclarece que o Centro de de Distribuição de Peças, em Jundiaí (SP) segue funcionando normalmente, adotando as medidas de segurança sugeridas pelas autoridades públicas e demais protocolos de saúde. Também permanece na ativa, com menor equipe in loco, as unidades de Marau e Passo Fundo, ambas no Rio Grande do Sul, voltadas para equipamentos de estocagem de grãos e proteína animal.
Cancelamento de eventos
Questionado sobre o impacto do cancelamento de eventos nas vendas da companhia, o presidente da AGCO para América do Sul explica que feiras como o Agrishow são um momento para fechar negócios, mas o planejamento da compra de maquinário começa meses antes.
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“O fato de as feiras estarem sendo canceladas, eu não vejo como problema. O produtor vai comprar a máquina com ou sem a feira, se ele tiver se preparado”, relata Felli ao dizer que o mês de março registrou ritmo normal de vendas no varejo, diretamente ao agricultor.
Projeção a curto prazo
Nosso principal cliente global de grãos e animal é a China, que voltou a operar normalmente. Então, acredito que a gente precisa dar continuidade para atender a essa demanda.
Luis Felli, presidente da AGCO para América do Sul
Os bons preços bons para soja e milho sinalizam, na visão de Felli, um momento favorável para o produtor investir em maquinário. Por outro lado, a preocupação dele é quanto tempo irá demorar a retomada das atividades, se referindo à produção de peças para a cadeia de máquinas agrícolas.
“Hoje é difícil ter uma posição clara sobre os próximos meses. O que fica claro é que o nosso principal cliente global de grãos e animal é a China, que voltou a operar normalmente. Então, acredito que a gente precisa dar continuidade para atender a essa demanda. Mas é difícil saber como será o processo de regularização interna”, diz o presidente da AGCO para América do Sul.
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Source: Rural