(Foto: Cláudio Neves/Appa)
Os indicadores de preços da soja, do milho e do arroz calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) atingiram valores recordes nesta semana, apesar de algumas do atual cenário conturbado, em decorrência da pandemia de coronavírus. A demanda firme pela soja e oferta restrita de milho e arroz são fatores que dão sustentação aos preços.
Segundo os analistas do Cepea, a alta dos preços da soja se deve à demanda firme tanto no mercado interno como na exportação, além da alta dos preços internacionais e a alta do dólar elevado, que torna a commodity brasileira mais atrativa.
Eles observam que outro fator que favorece as vendas brasileiras de soja e derivados é a limitação dos movimentos nos portos pelo governo argentino, como medida de combate ao avanço do coronavírus. “Nas últimas semanas, o ritmo de embarques da oleaginosa seguiu a todo vapor, com agentes até sinalizando dificuldades para conseguir novas cotas portuárias até o final deste primeiro semestre”, dizem eles.
No início desta semana o indicador ESALQ/BM&FBovespa em Paranaguá fechou acima de R$ 100,00/saca, o maior patamar nominal da série histórica do Cepea, iniciada em março de 2006. Em reais, o maior patamar da série foi registrado em setembro de 2012, quando a oleaginosa foi negociada na média de R$ 130,41/saca (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Na terça-feira (31), o indicador fechou cotado a R$ 101,21/saca, acumulando alta de 12,63% desde o início de março.
Milho
Mi
Os analistas do Cepea lembram que a oferta restrita sustenta movimento de alta dos preços do desde setembro do ano passado. Eles observam que mesmo com a colheita da safra de verão do cereal se aproximando do fim, muitos produtores têm preferido negociar a soja em detrimento do milho.
Outro fator altista citado pelos analisas é a ausência dos vendedores no mercado, pois estão na expectativa de que os valores continuem avançando nas próximas semanas, por causa dos baixos estoques de passagem e problemas na oferta de milho de primeira safra, que reduziram a disponibilidade do cereal neste momento. Também existe a preocupação com o desenvolvimento das lavouras de segunda safra. “Compradores, por sua vez, precisam repor estoques de curto prazo e, para isso, acabam cedendo e reajustando positivamente os preços.”
O indicador ESALQ/BM&FBovespa, base Campinas (SP), foi cotado na terça-feira (31) a R$ 60,14/saca, também o maior valor nominal da série histórica do Cepea, iniciada em agosto de 2004. Em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI), o maior patamar deflacionado da série do Cepea, de R$ 68,50/saca, foi verificado em dezembro de 2007. Em março, o Indicador registrou alta de quase 13%.
Arroz
Apesar do período de colheita, quando tradicionalmente os valores cedem, devido à maior disponibilidade, neste ano o cenário do mercado arroz é o oposto. Segundo levantamento do Cepea, os preços têm registrado altas, atingindo, na terça-feira (31), o recorde nominal da série histórica iniciada neste caso em 2005.
O Indicador do arroz em casca ESALQ/SENAR-RS fechou a R$ 51,92/saca de 50 kg na terça-feira, acumulando elevação de 4,83% em março. Já em termos reais, ou seja, considerando-se os efeitos da inflação, o maior patamar já visto pelo Cepea foi em maio de 2008, quando a saca de 50 kg foi negociada na média de R$ 66,95.
Os pesquisadores do Cepea explicam que a alta de preços do arroz está atrelada ao recuo dos produtores e também ao maior interesse comprador. “Neste caso, consumidores nacionais passaram a adquirir maiores volumes, forçando o varejo a se abastecer do atacado e, por sua vez, dos engenhos beneficiadores.”
Source: Rural