Granja Mantiqueira vê maior demanda por ovos por conta das restrições provovcadas pelo coronavírus (Foto: Divulgação/Granja Mantiqueira)
As vendas de ovos de galinha no varejo dispararam com as medidas de idolamento para evitar o avanço do novo cornavírus no Brasil. Na maior granja da América Latina, a Mantiqueira, que tem unidades em Itanhandú (MG), Primavera do Leste (MT) e Cabrália Paulista (SP), e um plantel de 10,5 milhões de aves que produzem diariamente 6,5 milhões de ovos, a demanda aumentou 30% em sete dias e já se igualou às vendas pré-natalinas, época de maior consumo do produto no ano.
Leandro Pinto, proprietário da Mantiqueira, acredita que o salto ocorreu porque o ovo é um produto versátil e, se bem armazenado, pode ser consumido em até 90 dias. “O ovo é o quebra-galho da família brasileira. Em função da movimentação inicial da quarentena, houve uma corrida aos supermercados”, diz ele.
“O público não mudou, mas a matriz de consumo hoje é outra, são as vendas no varejo e não o food-service”. Segundo ele, o consumo ainda deve aumentar mais nas próximas semanas. “A expectativa é aumentar um pouco mais, até porque estamos no período da quaresma, que geralmente alavanca a demanda”.
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A alta no consumo de ovos no país vem sendo sentida há algum tempo. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa as empresas do setor, apontou que, em 2019, a produção de ovos no Brasil foi de 49 bilhões de unidades, 10% a mais que a registrada em 2018, e a média de consumo per capita saltou de 212 em 2018 para 230 em 2019. A expectativa da entidade é que, em 2020, essa média seja de 240 ovos por pessoa.
“As pesquisas mostraram que o ovo é um alimento nutritivo, completo e que, ao contrário do que se pregava, ele não aumenta o colesterol ruim no organismo”, explica o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin.
O maior consumo no mercado interno reflete queda nas exportações desde o começo do ano. Em janeiro e fevereiro de 2020, foram exportadas 1,26 milhão de toneladas de ovos, volume 57,2% menor que o exportado no mesmo período do ano passado. “O mercado interno está absorvendo praticamente toda a produção, o que reflete em menor volume exportado em relação ao ano anterior”, analisa Santin.
A Mantiqueira também exporta ovos, principalmente para o Oriente Médio e Ásia. Mas neste período de combate ao novo coronavírus, reduziu os lotes direcionados ao mercado externo para abastecer o mercado interno. “O mercado doméstico é extremamente importante para o setor, portanto é a nossa prioridade. Estamos triplicando o número de entregas para os centros de distribuição nesta semana”.
Custo mais alto
Para atender a demanda dos supermercadistas, a Granja Mantiqueira elaborou um plano emergencial para os colaboradores, divididos em grupos. Pessoas acima de 60 anos e do grupo de risco receberam férias e os demais se revezam nas atividades da empresa, em suas unidades.
“Tomamos medidas necessárias como ampliar o refeitório para evitar o contato, mais rigor na higienização dos transportes rurais e cuidados especiais com os motoristas de caminhão”, contou Pinto. Cada motorista, segundo ele, recebeu um kit especial com máscara, luvas, álcool em gel, sabão e cestas de alimentos para pelo menos dois dias de estrada.
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Até agora, a empresa não enfrentou problemas de logística para abastecer os centros de distribuição em nenhuma região do país. “Percebemos uma colaboração grande até agora e não notificamos nenhum problema mais grave”, diz Pinto, que alertou para a alta dos custos ao produtor.
Em seus cálculos, o custo final para o produtor já aumentou cerca de 10%. “Farelo de soja saltou de R$ 1300 para R$ 1900 e o milho, de R$ 50 para R$ 60”, aponta o empresário, destacando ainda para a alta no premix (mistura de nutrientes necessária à criação de aves). “É um produto importado da China e teve uma alta significativa também devido à crise do coronavírus”.
Segundo levantamento do Rabobank que analisa o impacto do novo coronavírus no mercado de aves, a desaceleração econômica impactará significativamente a cadeia de suprimentos do setor de proteína animal. Alguns impactos podem ser sentidos até o ano de 2021.
Source: Rural