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Martin e seu fiel escudeiro, o cão Heiser. Viajam pela América Latina, mas, por conta das restrições de movimentação de pessoas, estão de quarentena no Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

 

Há quase dois anos, os (melhores) amigos Martin e Haiser, dois uruguaios, viajam pela América Latina, percorrendo praias e paisagens bonitas. A história seria bem comum se não fosse por um detalhe: Haiser é um cachorro da raça Pitbull. A jornada da dupla começou em setembro de 2018, no Uruguai, e está longe de terminar. “Com as últimas notícias, a necessidade do isolamento social, tentamos retornar ao Uruguai, mas a fronteira estava fechada e não nos arriscamos”, contou à Globo Rural, Martin Sugo, um jovem de 25 anos, proprietário e tutor de Haiser. “Resolvemos montar nosso acampamento no Rio Grande do Sul”.

Martin e Haiser vão cumprir a quarentena na cidade de Rosário do Sul, tradicional produtora de citros e ovinos, distante 120 quilômetros de Dom Pedrito. “Sempre fomos muito bem recebidos nesta cidade e a nossa obrigação é cumprir a determinação das autoridades de saúde”, completa o tutor, que trabalha como adestrador de cães e, para se deslocar, conta com a solidariedade das pessoas com caronas. “As pessoas percebem que o Haiser é um cão dócil, adestrado e extremamente educado”, diz. “Mas todos nós precisamos evitar o contato próximo neste momento”.

O objetivo de Martin é viajar com o cão para combater o preconceito com a raça Pitbull. Ele pretende, em 10 anos, chegar ao México levando a bandeira da raça. “Não existe cão de má índole, existem pessoas que não sabem lidar com animais”, diz. “Se você se dedica a treinar e adestrar o animal e faz isso de forma correta, ele não será uma ameaça para ninguém, é um cão muito carinhoso e inteligente”.

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Na quarentena em Rosário do Sul, Martin vai aproveitar para gravar um curso online para que proprietários de cachorros possam fazer o adestramento em suas casas. “De cada dez cachorros que atendo, eu adestro oito donos”, brinca o uruguaio, que é natural de Taquarembó, uma das principais cidades produtoras de carnes no país vizinho.

Haiser completou quatro anos em fevereiro. Quando ainda era um filhote, teve a sorte de cruzar o caminho de Martin, que o adotou. “Na verdade, eu que tive a sorte porque o Haiser me salvou”, contou. “Eu sofria de depressão e esse cachorro salvou minha vida”. Ele conta que o cachorro o impediu de cometer suicídio e deu um novo rumo à sua vida. Sem medo de opiniões preconceituosas, ele mostra as cicatrizes de um passado distante nos seus braços. “Haiser me deu um recomeço de vida e por isso, quero mostrar às pessoas que os cães da raça pitbull não são perigosos. O bicho mais perigoso que eu conheço é o ser humano”.

Animais protegidos do Covid-19

Por onde passam, Haiser e Martin são muito bem recebidos. Normalmente, as empresas do ramo oferecem cuidados ao cachorro, como alimentação, higiene e medicamentos, e Martin oferece seus serviços de adestramento e treinamento. Por estarem sempre visitando regiões praianas, o cão usa filtro solar, óculos e viseira, e Martin, chapéu e prancha. Por onde passam, atraem olhares curiosos e pedidos para fotos. No Instagram, rede social de compartilhamento de fotos, Haiser (@haiserpitbull) tem mais de 5 mil seguidores.

Assim que soube da pandemia do novo coronavírus, Martin foi buscar informações sobre os riscos da doença para ele e o cachorro e ficou aliviado em saber que o animal não corre risco de contrair Covid-19.

Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), animais como cães e gatos não pegam . Eles são suscetíveis a outros tipos de coronavírus, do gênero alphacoronavirus, que em cães podem provocar a gastroenterite (diarreia e vômito) e nos gatos, a peritonite infecciosa felina (PIF), doenças que não são transmissíveis aos homens. No caso dos cães, as vacinas V8 e V10 são para estes casos.

Em um comunicado, o CFMV alerta que, mesmo que não seja contagioso entre animais e seres humanos, as pessoas devem manter os cuidados de higienização antes e depois de lidar com os animais, como lavar as mãos e os locais onde os animais são tratados, fazendo uso de álcool em gel e água sanitária para higienizar recintos.

Haiser, o pittbull viagente que acompanha seu dono e tutor, em quarentena, no Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

 
Source: Rural

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