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A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), por meio da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), afirma que as fábricas de máquinas agrícolas devem iniciar paralisações a partir da semana que vem, de forma gradativa, até a interrupção total das atividades em abril.
Pedro Estevão Bastos, presidente da CSMIA, diz que há preocupação com a saúde dos funcionários das fábricas, mas a adoção de home office resulta na implicação da quebra de cadeia de suprimentos, à medida que alguns fornecedores estão parando de trabalhar.
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“Nós estamos analisando essa parada. É lógico que isso varia de empresa para empresa, porque umas têm mais estoques que outras. Mas, de qualquer forma, prevemos a parada em abril e só será possível falar em retomada quando o cenário se normalizar”, diz Bastos em entrevista à Globo Rural.
Segundo ele, para a fabricação de novas máquinas, já é sentida a falta de algumas peças, seja pela paralisação das fábricas nacionais como também por problemas na importação. A prioridade do setor, no momento, é manter as peças de reposição no mercado e também continuar normalmente com as assistências técnicas ao produtor.
Temos que ponderar que o agricultor não parou. Ele continua plantando e colhendo. Estamos fazendo um esforço para manter peças em reposição e serviços de manutenção
Pedro Estêvão Bastos, presidente da CSMIA da Abimaq
Bastos destaca que o fluxo depende também do funcionamento das revendas de cada empresa. Ainda que não seja possível fazer projeções sobre o comportamento do setor devido à pandemia, ele projeta a retomada das vendas assim que o mercado se estabilizar.
“O que nós entendemos é que, se tiver uma parada de não haver produção de máquinas agrícolas, a gente acha que pode ter uma queda agora, mas a retomada é muito rápida, porque a agricultura não vai parar e o produtor precisa de peças e máquinas. É o que os economistas chamam de Curva V”, destaca.
Reivindicações ao governo
Na quinta-feira (19/3), a Abimaq reuniu diferentes atores do setor de máquinas para discutir medidas econômicas emergenciais com o Ministério da Economia, visando apoiar as pequenas e médias empresas e diminuir os impactos da crise do coronavírus.
A associação propôs a utilização de R$ 140 bilhões do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) para financiar capital de giro e, assim, facilitar o pagamento das principais obrigações das empresas, como salários, impostos, bancos e fornecedores.
Além disso, propõe ao BNDES a criação de uma linha de capital de giro sem que sua liberação tenha que passar por banco intermediário. Também sugere flexibilização do Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), com o objetivo de as empresas não precisarem apresentar garantias às instituições financeiras.
Pedido de moratória
Ainda foi solicitada moratória de 90 a 120 dias às empresas que tenham financiamentos no BNDES ou no Banco do Brasil. Na reunião, a Abimaq também reivindicou a liberação da obrigatoriedade da Certidão Negativa de Débito (CND), por seis meses, para empresas que procurarem bancos oficiais a fim de renegociar financiamentos.
Quanto aos impostos, a entidade solicitou a prorrogação por pelo menos 90 dias de PIS, COFINS, IPI, INSS e Imposto de Renda para pessoa jurídica.
“A Abimaq informa que está enviando correspondências para todos os governadores solicitando às Secretarias de Fazenda Estaduais a liberação de créditos acumulados de ICMS, a flexibilização da burocracia para liberação destes créditos e a postergação em 90 dias do recolhimento do ICMS”, diz a entidade em nota.
Preocupação com empregos
Quanto aos vínculos empregatícios, a Abimaq e o Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas continuam propondo o parcelamento do salário, a suspensão temporária do contrato de trabalho (lay-off), banco de horas de 24 meses, férias coletivas, redução da jornada de trabalho com diminuição proporcional do salário e jornada flexível.
Além disso, foi sugerida a postergação por 90 dias dos encargos trabalhistas que incidem sobre a folha de pagamentos, ainda que o empregador possa colocar seus funcionários em férias sem pagar o bônus de férias, ou seja, um terço do salário, e também metade do décimo terceiro salário.
Source: Rural