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Cancelamento de rotas marítimas levou a atrasos, mas não houve interrupção no comércio com a China, afima a CNA (Foto: Cláudio Neves/Appa)

 

O avanço da pandemia de coronavírus tem causado turbulência nas economias e nos mercados. Mas, pelo menos no primeiro bimestre do ano, não houve impacto expressivo sobre o comércio de produtos agropecuários nas principais regiões do mundo. A avaliação está em boletim sobre os impactos da pandemia no setor, divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

As informações foram produzidas pelo grupo de monitoramento da crise, formado pela entidade e que tem feito um levantamento de informações sobre o cenário da pandemia no Brasil e no Exterior. De acordo com o documento, o escritório da CNA em Xangai, na China, não identificou interrupção no comércio com o país. No entanto, o cancelamento de rotas marítimas levou a atrasos no transporte.

Conforme a CNA, o comércio de grãos, óleos e outros alimentos aumentou 9,7% nos meses de janeiro o fevereiro, na comparação com os dois primeiros meses do ano passado. Mesmo com uma queda nas vendas totais do varejo chinês no período. “A “corrida” dos consumidores aos supermercados é a provável causa do aumento das vendas de itens básicos para a dieta chinesa. As vendas de alimentos online também cresceram 3% no mesmo período”, diz o informe.

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O documento informa que também não foi registrado impacto expressivo no comércio da União Europeia com o Brasil. As restrições em diversos países afetam apenas o fluxo de pessoas, não de mercadorias. Situação semelhante à dos Estados Unidos. “O governo norte-americano tem tomado medidas mais focadas na saúde das pessoas e garantiu que a produção de alimentos não para”, pontua.

A Arábia Saudita aumentou a demanda por produtos brasileiros para suprir as necessidade do seu mercado interno, informa a Confederação. A preocupação é com a logística. “Exportadores brasileiros e importadores relatam atraso na liberação de cargas no porto de Gidá. Aparentemente, o controle portuário está mais rígido”, diz a CNA.

Food service e eventos

O boletim destaca que, em meio à turbulência dos mercados, os preços internacionais de commodities agrícolas, como soja e milho, caíram. Mas a alta do dólar, que, no Brasil, passou a valer mais de R$ 5, reduziu o impacto sobre as cotações em reais. Já o setor sucroenergético e o de algodão sofreram mais com os impasses no mercado de petróleo, provocado pela Rússia e pela Arábia Saudita.

E, se, pelo menos até o momento, o impacto não foi tão expressivo, o informe da CNA indica pontos de preocupação. Um deles é a demanda no segmento de food service, como bares e restaurantes. As restrições em grandes cidades, inibindo a circulação de pessoas nesse tipo de estabelecimento, já afeta de forma significativa, por exemplo, a procura por produtos como frutas e hortaliças.

A retração no food service preocupa também a demanda de segmentos da cadeia produtiva de proteína animal, de acordo com a Confederação, embora, por outro lado, haja tendência de aumento da procura no varejo. Na aquicultura, houve retração de 80% na comercialização de produtos como camarão, enquanto no varejo, houve aumento de 20%, informa a entidade.

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Na cadeia de aves e suínos, a CNA destaca uma queda de 10% a 15% nos pedidos por causa do food service. O setor também enfrenta dificuldades de exportação, por conta da escassez de contêineres refrigerados. Em compensação, houve aumento de demanda nas redes atacadistas e varejistas, levando a indústria a garantir que não haverá interrupção de produção.

Situação diferente da indústria de carne bovina, onde há anúncios de interrupção de atividades de férias coletivas em plantas dos maiores frigoríficos que operam no país. De acordo com a CNA, a semana foi de poucas negociações no mercado de boi gordo, com redução de escalas de abate e pressão sobre a cotações.

“Os três maiores frigoríficos anunciaram férias coletivas em alguma das suas unidades, fator que deverá pressionar a cotação na semana que vem, data que as plantas efetivamente irão interromper suas atividades”, diz o informe da CNA.

A entidade alerta também para impactos negativos sobre a floricultura, principalmente, devido ao cancelamento e adiamento de eventos. Outro fator é a mudança de postura do consumidor, que, em meio à crise, vai priorizar a aquisição de produtos de primeira necessidade. Segundo a CNA, já houve redução de 50% na demanda no varejo e de 70% nas flores de corte.
Source: Rural

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