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Com avanço do coronavírus, confinamento deve diminuir neste ano (Foto: Divulgação)

 

O confinamento de gado vinha de vento em popa neste ano. Exportações em alta, possível melhora no consumo interno de carne, preço da arroba remunerador e outros fatores positivos levavam à previsão de fechar um recorde de 6 milhões de animais na temporada, cerca de 4% acima dos 5,26 milhões do ano passado, conforme chegou a informar o Censo de Confinamento da DSM, empresa detentora da marca Tortuga de suplementos.

Até que chegou ao Brasil a pandemia de coronavírus. Agora, profissionais experientes no tema preveem recuo no volume. Como Alcides Torres, da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), e Sergio Przepiorka, do Boitel Chaparral, de Rancharia (SP), um dos mais movimentados do país e que esperava confinar de 45 mil a 50 ml cabeças neste ano. 

Tanto Sergio como Alcides são categóricos: até quarta-feira ou quinta-feira da semana passada, a expectativa era positiva, apesar do  coronovírus já estar presente na China, da cotação da arroba ter caído após o pico no final do ano passado e o preço do bezerro manter-se em alta contínua.

“Todo mundo queria confinar mais”, lembra Alcides. “Não é possível arriscar previsões, mas o cenário mudou. Hoje, os frigoríficos estão prevendo queda nas vendas e suspenderam as compras por alguns dias. Além disso, a B3 também caiu e o futuro ficou turvo”, ele diz, enfatizando a queda mais brusca ainda no preço do boi gordo e a subida na cotação da reposição. “O boi magro corresponde a 70% dos custos do confinamento. Está inviável”, diz.

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Alcides e Sergio ressaltam o desestímulo trazido pelos valores dos componentes da ração, como milho e soja. “Estou pagando atualmente R$ 60 pela saca de milho contra R$ 40, R$ 42 no ano passado. A tonelada de soja foi a R$ 1.600. Pagava R$ 850 a R$ 900 não faz muito tempo”, afirma Sergio Przepiorka.

Ele informa que a sua pretensão de confinar de 45 a 50 mil bois neste ano pode cair para abaixo até do volume do ano passado, 37 mil cabeças. “A não ser que o problema não seja colossal como parece”, diz. Sergio reclama que os R$ 180 pagos pelo frigorífico pela arroba “não permitem fechar a conta diante dos custos.”

Segundo ele, a China está voltando às compras “não na velocidade anterior, porém com cautela. E os estoques das indústrias são curtos”, afirma. O dono do Boitel Chaparral acredita que a previsão de chegar a 6 milhões de bovinos confinados neste ano deve ficar bem abaixo. “Ao menos em 25%”, enfatiza.

Já Alcides Torres adianta que ficará satisfeito se o volume fechado no cocho repetir o do ano passado, ao redor dos 5 milhões de animais. Outro complicador, analisa, é que a decisão de confinar é feita historicamente em abril, quando a crise deverá estar em ebulição.

Interrogação

Já Marcos Baruselli, gerente da categoria confinamento da DSM, reconhece que mudanças podem acontecer, porém considera cedo para arriscar qualquer avaliação acerca do presente e do futuro do confinamento. Para ele, perdura no ar um ponto de interrogação. “Acho meio cedo para avaliação. O mal realmente está presente, mas não sabemos onde tudo vai parar.”

Uma coisa é certa, enfatiza Baruselli, que percorre os confinamentos por todo o país: “A produção de alimentos não pode e não irá ser paralisada.” Segundo ele, as lojas agropecuárias serão mantidas abertas. “Eu não estou pessimista. O agronegócio como um todo é essencial para o Brasil.”
Source: Rural

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