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Previsão é que produção de etanol consuma 18,8% de todo o milho produzido em MT (Foto: Ernesto de Souza/ Editora Globo)

 

 

 

 

De produto secundário, coadjuvante da soja, com baixa remuneração, o milho vem se credenciando como protagonista no cenário agropecuário do Centro-Oeste.

A demanda externa pelo grão – no ano passado, o país bateu o recorde de exportações de milho – e o aquecimento do mercado de carnes, que é o principal consumidor do insumo, vêm ajudando na alta de preços da commodity agrícola.

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Agora, mais um sério concorrente pelo grão desponta na região, garantindo, pelo menos por enquanto, a firmeza de preços: as usinas de etanol de milho, instaladas sobretudo em Mato Grosso.

Boletim do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado esta semana projeta um incremento de 36,22% na demanda por parte dessas usinas no intervalo de apenas um ano.

Mais usinas

A estimativa é de que o esmagamento de milho para produção de etanol consuma 6,002 milhões de toneladas no ciclo 2019/2020, ante 4,406 milhões de toneladas 2018/2019. Caso a safra de inverno (a safrinha) repita o desempenho do ano passado (perto de 32 milhões de toneladas), o segmento estará consumindo 18,8% de todo o milho produzido em Mato Grosso.

A demanda é puxada pela expansão do número de usinas em operação. Em maio de 2019, a União Nacional do Etanol de Milho contabilizava o funcionamento de 10 unidades em todo o Brasil, entre flex (processamento de milho e de cana) e full (uso exclusivo do milho como matéria-prima).

Os dados mais recentes (10 meses depois) já mostram 15 plantas ativas em 2020 (gerando perto de 2,7 bilhões de litros de etanol de milho/ano) representando, segundo a entidade, 8% de todo o etanol do país. Só em Mato Grosso, considerado o principal Estado produtor, este número subiu de cinco para oito indústrias em funcionamento.

Cotações em alta

Essa conjunção de fatores – exportações em alta e consumo interno aquecido e reforçado pelas usinas de etanol – pode ter colaborado de forma efetiva para a escalada do preço do milho.

Pela série histórica de cotações do Imea, a saca de 60 kg em Rondonópolis (MT), que era vendida a R$ 21,35 em 1º de março de 2018, atingiu R$ 29,65 (+41,8%) um ano depois e bateu nos R$ 42 na última segunda-feira (2 de março), um avanço de 97% em dois anos.

O etanol deu vida ao preço do milho no Centro-Oeste. A saca em MT, que flutuava em um patamar entre R$ 10 e R$ 20, passou a ser negociada entre R$ 20 e R$ 30, uma faixa que consideramos viável para todos os elos da cadeia em Mato Grosso

Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho

 

A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) contabiliza hoje duas novas usinas em construção (ambas em MT, com capacidade para produzir, juntas, mais 900 milhões de litros/ano) além de 14 projetos: 12 em Mato Grosso, um em Goiás e outro em Roraima (ainda sem níveis de produção informados).

Mas Nolasco espera que, a partir da colheita da safra 2019/2020, que deve ter início em maio, o preço da saca de milho recue. "Hoje, as indústrias estão esmagando milho adquirido em 2019 a preços entre R$ 24 e R$ 26 a saca. As cotações atuais devem se manter até a colheita deste ano. E, caso haja uma avalanche de plantio estimulada por uma valorização excessiva, poderemos ter uma superoferta de milho lá na frente", afirma. 
Source: Rural

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