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Estopim da paralisação foi decisão do governo de aumentar taxa de esportação de soja (Foto: Eduardo Monteiro/Divulgação)

 

Depois de 13 anos da histórica paralisação da comercialização do setor agropecuário ocorrida em 2007, os produtores rurais argentinos voltarão ao locaute para protestar novamente contra o aumento da alíquota da retenção de soja. A medida de força será por quatro dias a partir da próxima segunda-feira (9/3).

A decisão já vinha sendo cogitada há cerca de 15 dias, quando surgiram os boatos sobre o novo aumento, e se consolidou nesta quinta-feira (5/3), após publicação no Boletim Oficial, equivalente ao Diário Oficial, da alta de 30 para 33%. A medida prevê taxa de 21% a 30%  para os pequenos produtores.

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A greve foi decidida em conjunto por Sociedade Rural Argentina (SRA), Confederações Rurais Argentinas (CRA), Federação Agrária Argentina (FAA) e Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro), agrupadas na denominada Mesa de Enlace.

A proposta foi anunciada pela CRA, em longo comunicado. O texto fez alusão ao conflito iniciado pela gestão de Cristina Kirchner em seu primeiro mandato, em 2007. Naquela ocasião, o governo apontou o setor como inimigo do país e do povo e houve uma profunda divisão na sociedade entre quem era contra ou a favor dos produtores rurais.

Se as medidas tomadas são empurradas por um espírito arrecadador, tenham em conta que é um jogo de soma zero no curto prazo. Se são empurradas por um espírito ideológico, então, nos vemos nas estradas

CRA, em nota

 

“Uma vez mais os produtores agropecuários de todo o país serão obrigados a tomar medidas em defesa da condição mais dignificante da alma e do homem, nosso trabalho”, completou a nota da CRA, que deu o impulso para o locaute. 

Busca por unanimidade

Apesar disso, não havia unanimidade na Mesa de Enlace sobre o endurecimento. A Federação Agrária, que representa os pequenos produtores, estava disposta a estudar a proposta oficial feita pelo ministro de Agricultura, Luis Basterra, na terça-feira.

O governo tentou dividir a mesa com uma proposta que inclui a aplicação de alíquotas variadas conforme o tamanho da produção a partir de 100 toneladas até 1 mil toneladas, com imposto de entre 21% a 30%. Segundo o Ministério de Agricultura, essa escala envolveria 42 mil produtores (mais de 70% dos produtores). Quem produz acima disso pagará 33%. 

A Sociedade Rural também preferia continuar negociando com o governo em uma tentativa de baixar o valor da alíquota. Porém, diferentes agrupações de produtores do interior do país pressionam os representantes das entidades para endurecer a posição com o governo.

 

"Eles querem ganhar sempre"

Um fator decisivo foi que, em dezembro, o presidente Alberto Fernández já havia elevado em dezembro a taxa da soja de 18% para 27%. No mesmo decreto, ele fixou a tarifa de 12% para exportações de grãos, 9% para as de carne, farinha de trigo e outros alimentos.

Os líderes rurais afirmam que as retenções vao reduzir a produção porque a pressão tributária já é sufocante. Na nota da CRA, a entidade recordou que, quando as retenções foram eliminadas, durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri, o setor respondeu com safra recorde.

Fonte da Casa Rosada afirmou que Fernández reagiu com firmeza à notícia da greve. “Já negociamos, mas eles querem ganhar sempre”, disse o presidente. A fonte indicou ainda que o governo não pretende voltar á mesa de negociação nem retroceder com a medida já adotada.
Source: Rural

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