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Clima também contribuiu para menor incidência de doenças fúngicas no Estado (Foto: Divulgação John Deere)

 

O clima quente e seco no Rio Grande do Sul no início deste ano não deixará marcas apenas na produtividade da safra 2019/20. As condições climáticas adversas para o desenvolvimento das lavouras também contribuiu para a menor incidência de doenças fúngicas na região, reduzindo a aplicação de fungicidas nas lavouras.

"Estimamos que o RS tenha quase uma aplicação a menos do que a média do Estado, o que é muita coisa", observa o gerente de marketing da BASF, Hélio Cabral. Segundo ele, a situação deve gerar aumento de estoques nos distribuidores ou até mesmo nas fazendas, o que pode impactar o mercado de defensivos no próximo ano-safra.

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"A BASF vem sempre trabalhando com estoques mais reduzidos, então podemos fazer os faturamentos parcelados, mas com certeza isso vai impactar no mercado", afirmou o gerente de marketing.

Cabral lembra que esses defensivos ainda podem ser consumidos ao longo do desenvolvimento das culturas de inverno, como o trigo, mas ainda assim, haverá efeitos nas vendas do setor.

Ano atípico

O diretor de marketing da Bayer, Fabio Prata, também reconhece que as condições climáticas deste início de ano reduziram a aplicação de fungicidas. Segundo ele, a estratégia da empresa tem sido garantir que todo o produto comercializado em 2019/20 seja consumido até o início do próximo ano-safra, em junho.

"Isso tem que ser manejado, mas cada safra é uma safra. Como nessa houve essa seca, a próxima pode ser recorde", observa o executivo. Segundo o fitopatologista Lucas Navarini, o sul do país tem condições de clima e cultivo que, normalmente, favorecem o desenvolvimento da ferrugem.

A ferrugem tem sido mais expressiva na região Sul, especialmente devido à condição de cultivo, semeando a soja mais tarde e com ciclo mais longo, o que amplia a possibilidade da doença ser agressiva

Lucas Navarini, fitopatologista

Neste ano, contudo, Navarini ressalta que houve certa inversão nos padrões de ocorrência da doença. "O Sul foi mais seco, com ferrugem no início da safra, mas sem condições para que a doença se instalasse. Por outro lado, o Cerrado tem apresentado maior agressividade da doença, com uma dificuldade de controle não observada em anos anteriores", observa o fitopatologista.

Conforme dados da Embrapa Soja, as lavouras gaúchas registraram 22 ocorrências de ferrugem asiática na safra 2019/20 até o momento. O número representa 17% dos 127 casos registrados no ciclo anterior. Nacionalmente, a queda nas ocorrências de ferrugem foi de 58,5% nesse período, de 402 em 2018/19 para 167 em 2019/20.

Novas estratégias

A menor incidência da doença no país ocorre justamente num momento em que o setor de defensivos busca novas estratégias de controle de doenças, com formulações de fungicidas eficazes contra múltiplas doenças.

No caso da BASF, a empresa lançou neste ano um produto com ação contra a ferrugem asiática e a mancha alvo, possibilitando a redução do volume de produto usado a cada aplicação. "O número de aplicações não diminui, mas o volume por hectare cai de 3 litros para 1 litro. Isso é uma redução de custo interessante para o produtor", destaca o gerente de marketing da empresa.

Na mesma linha, a Bayer, lançou no início deste ano-safra um fungicida com ação contra a ferrugem asiática, a mancha alvo e o mofo branco. De acordo com a empresa, o produto foi testado em 2,9 mil áreas na safra passada, gerando um ganho médio de produtividade de três sacas por hectare.

"Hoje, há muitos alvos que exigem certa especificidade de manejo. Quando se visa combinar ingredientes ativos de fungicidas diferentes, além de fazer um bom manejo de resistência, busca-se também ampliar o espectro de controle desses defensivos", explica Navarini.

*O jornalista viajou à convite da BASF
Source: Rural

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