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Queimadas na Amazônia no ano passado reverberaram de forma negativa no mundo todo. (Foto: Emiliano Capozoli/Ed.Globo)

A Medida Provisória (MP) 901, que tramita em caráter de urgência no Congresso Nacional e regulamenta o repasse de terras da União para domínio de Roraima e Amapá, pode prejudicar ainda mais a imagem do Brasil no exterior, caso seja aprovada integralmente. Isso porque um dispositivo contido na MP prevê uma redução do porcentual de Reserva Legal nesses dois Estados. Atualmente, o Código Florestal brasileiro determina que, no Bioma da Amazônia, a área preservada seja de 80% nas fazendas. Ou seja, os produtores podem usar  20% do território para a produção agropecuária. Com a alteração prevista nesta MP, o porcentual cairia para 50% nos dois Estados. 

A notícia colocou os ambientalistas em alerta e o próprio setor produtivo. Para o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, o Brasil está deixando de lado a posição de líder e protagonista ambiental do mundo e isso prejudica todos os negócios do país com outras nações. Brito participou do CBN Agronegócios desta terça-feira (18/2). Confira no player a íntegra do programa e alguns trechos da entrevista.

 

"O agronegócio legal, o bom agronegócio, que produz e exporta, naturalmente não é favor desta medida. Nós elegemos, depois de muito trabalho da sociedade, um Código Florestal espetacular, em 2012, mas nenhum dos lados ficou satisfeito e continuam insistentemente alterá-lo. O lado ambientalista, através de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI´s) no Supremo Tribunal Federal, e o agro que não se conforma com esse modelo de legalidade, de tentar, através de jabutis e MP´s, alterar esse código que é tão celebrado em todo o mundo e que realmente trabalha o agro na sua essência de produção nacional e internacional.
Isso reverbera ainda mais de forma negativa uma imagem do Brasil lá fora que já está bastante contaminada e vem bastante nos atrapalhando.

A gente precisa exercer de forma mais plena o modelo democrático. Quando uma lei é apresentada, precisa ser cumprida. O Brasil continua com esses dilemas de leis que pegam e leis que não pegam. O Código Florestal foi talvez a lei mais debatida. A gente está deixando de lado o posto de líder e protagonista ambiental do mundo que o Brasil conseguiu fazer depois de 1992.

A Amazônia tem uma visão lá fora não como Bioma, mas como um patrimônio do Brasil que o país oferece ao mundo inteiro. 

Os modelos de lei não podem ser pautados em cima de uma agricultura 1.0, onde a gente precisa necessariamente, por exemplo, plantar soja em Roraima. Não está faltando soja no mundo. O Brasil é o maior produtor mundial, abastece muito bem, os preços estão muito bem controlados porque não tem falta nem excesso. A questão é de gestão de uso da terra, o que e onde nós queremos plantar. Simplesmente falar que temos pouca terra e precisamos fazer agricultura a qualquer custo, isso não cabe no modelo de 2021. Não precisa de cultura sazonal em área de floresta. Tem uma série de culturas florestais, de culturas perenes e de espécies brasileiras nativas que são aceitas pelo Código Florestal e são geradoras de renda."
Source: Rural

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