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Equipe de Bombeiros trabalhando na enchente de Porciúncula (RJ) (Foto: Arquivo Pessoal)

 

As fortes chuvas que têm atingido Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro desde a semana passada causam estragos e prejuízos nas regiões rurais. Entre os problemas, estão perdas em plantações e bloqueio de estradas, inclusive deixando produtores isolados.

No Espírito Santo, Letícia Toniato Simões, superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-ES), afirma que a maioria dos municípios atingidos tem como principal atividade econômica a agricultura.

“Em média, sete ou oito mil produtores foram afetados em municípios como Vargem Alta e Iconha. Teve produtor que foi resgatado de helicóptero e não comia há cinco dias. No município de Alfredo Chaves, são plantações e plantações de banana perdidas”, relata.

A superintendente do Senar-ES afirma que ainda não há o número exato de produtores prejudicados pelas chuvas e que a expectativa é de ter esta quantificação em fevereiro. “No mínimo, 10 municípios da região sul do Estado foram atingidos, mas ainda há risco iminente de isso aumentar devido às chuvas de Minas Gerais, que estão aumentando o nível do Rio Doce, e podem chegar à parte norte do Espírito Santo”.

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Como medida emergencial, o Senar-ES está arrecadando donativos para área rural e colaborando para o levantamento das perdas e danos. “Assim que as propriedades tiverem seus acessos restabelecidos, vamos levar assistência técnica durante dois anos para ajudar esse produtor a recuperar a área produtiva, a renda e o psicológico, para voltar a atuar na atividade”, explica Letícia complementando que, de imediato, já há permissão para oferecer assistência a mil propriedades e esse número pode aumentar.

Emergência em MG

O impacto da chuva forte e das enchentes foi tão grande em Minas Gerais que impossibilita o mapeamento de todos os prejuízos. A Secretaria Estadual da Agricultura informou que uma força-tarefa está sendo feita pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) e pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

O foco é garantir assistência técnica emergencial aos produtores rurais atingidos pela chuva. A ideia, neste primeiro momento, é liberar estradas e acessos, verificar as necessidades dos agricultores e dar suporte.

Só depois disso é que a Secretaria da Agricultura pretende fazer um levantamento detalhado das perdas, tanto na produção de grãos e leite, por exemplo, quanto na infraestrutura rural, como pontes e estradas. A pasta pretende apresentar até a semana que vem um estudo preliminar dos prejuízos.

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Balanço divulgado nesta segunda-feira (27/1) pela Defesa Civil de Minas Gerais apontou que 121 municípios já decretaram situação de emergência e três estado de calamidade pública. As enchentes já causaram 45 mortes e deixaram mais de 15 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas. Dezoito pessoas ainda estão desaparecidas, segundo o levantamento.

Desabrigados no RJ

Os municípios do norte do Rio de Janeiro também sofrem com as chuvas intensas. A cheia dos rios Muriaé e Carangola tem acarretado inundações nas comunidades do entorno, como no município de Porciúncula, em que mais de 300 famílias estão desabrigadas, de acordo com prefeitura.

Erivaldo Pereira de Souza, secretário de Agricultura de Porciúncula, alerta que a produção agrícola do município foi atingida, bem como a infraestrutura da região. “As estradas e várias pontes estão danificadas. A RJ-230 está com parte interditada e deve ser feita uma obra emergencial. Os caminhões não estão conseguindo chegar às propriedades desde sexta-feira, então, a gente tem perdido bastante leite”, explica.

Registro de estrada interditada em Porciúcunla (RJ) (Foto: Arquivo Pessoal)

 

A produtora Ana Regina Rocha, de Porciúncula, falou que o cultivo de café não foi prejudicado diretamente, mas relata perdas na produção leiteira e nas estradas. “Se Deus quiser, a região vai se recuperar rapidamente, porque temos que pensar na colheita em março e abril”, disse Ana à Globo Rural.

De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Estado, as cidades mais atingidas, como Italva, Itaperuna, Natividade, Laje do Muriaé, Bom Jesus do Itabapoana, Cardoso Moreira, Varre-Sai, Porciúncula e São José de Ubá, estão recebendo tratores, caminhões, retroescavadeiras e outros equipamentos para dar acessibilidade às vias e atender aos anseios de produtores e moradores.

Desde sábado, com ajuda da Emater-Rio, o governo iniciou a análise das perdas dos produtores e disponibilizou funcionários para apoio e suporte técnico nas áreas mais críticas. Além disso, em virtude do número de municípios atingidos, a Secretaria de Agricultura vai realizar a contratação temporária de mais máquinas e equipamentos.

 

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Mais chuva à vista

Maiane Araújo, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), explica que há tendência de diminuição dos níveis de chuva no decorrer dessa semana, mas não chega a ser um intervalo bem definido ou veranico. “A partir da quarta-feira (29/1), a chuva deve diminuir, mas o calor e a umidade formam as típicas pancadas de verão”, diz.

O alerta de altos volumes de chuva deve se manter para a primeira semana de fevereiro, quando um novo canal de umidade se configura, com dias mais nublados e fechados, conforme explica a meteorologista. “Por volta dos dias 2 e 3 de fevereiro, tem tendência de voltar a chover de forma mais intensa e a qualquer hora. Não acredito que chova tanto como nesse episódio, mas requer bastante atenção do sul do Espírito Santo, centro-sul de Minas Gerais, todo o Rio de Janeiro e até São Paulo”, prevê.
Source: Rural

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