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Dólar pode ter mais efeito positivo sobre os preços do que negativo sobre os custos da produção agropecuária (Foto: Flickr/Pictures of Money/Creative Commons)

 

O agronegócio brasileiro pode ter mais a ganhar do que a perder com a alta do dólar, avaliam consultores de mercado ouvidos pela reportagem da Globo Rural. Para eles, o efeito da taxa de câmbio tende a ser maior sobre o resultados das exportações do setor do que sobre os custos de produção, em boa parte atrelados à cotação da moeda americana.

“Sobe o custo de produção, mas o Brasil ganha na exportação. Na questão do custo, na ótica do produtor, também vale a pena o dólar alto. A parte dolarizada do custo de produção não é 100% o preço. Então, mesmo que aumente o custo, o ganho é melhor proporcionalmente", analisa o especialista em mercado de grãos da consultoria Datagro, Flávio França Junior.

A avaliação é reforçada por estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), segundo os quais a cotação da moeda americana tem ajudado o setor agropecuário se manter superavitário pelo menos nos últimos 25 anos.

O coordenador do Cepea, Geraldo Sant’Ana também afirma que, de forma geral, o efeito do dólar sobre o preço tende a ser maior do que sobre o custo de produção. Segundo ele, entre 2000 e 2011, os preços em dólares dos produtos agropecuários brasileiros subiram 124%

“Aumenta os custos por causa do aumento dos preços dos insumos importados e aumenta a renda bruta porque aumenta a receita das exportações convertida em dólares. Em síntese, uma alta do dólar que não escape ao controle pode contribuir para a recuperação econômica do Brasil. O agronegócio, em particular, não tem o que temer no tocante ao dólar”, avalia.

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A terça-feira (26/11) foi mais um dia de valorização da moeda americana em relação ao real, mesmo com a atuação do Banco Central no mercado. A cotação fechou o dia a R$ 4,2394, com 0,63% de valorização. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,2771, movimento que foi relacionado a declarações feitas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante coletiva de imprensa em Washington (EUA), na última segunda-feira (25/11).

“É bom se acostumar com juros mais baixos por um bom tempo e com o câmbio mais alto por um bom tempo”, disse Guedes.

Flávio França Junior, da Datagro, acrescenta que a redução da taxa de juros no Brasil também ajuda a impulsionar o dólar. Com juros menores, o mercado fica menos atrativo para o capital especulativo. Além disso, a moeda americana está se valorizando em todo o mundo, por conta, principalmente, de tensões políticas que afetam a economia global.

“Enquanto não se decidem os dois grandes problemas, que são o impasse comercial entre Estados Unidos e China, que já acontece há 16 meses, e a questão da saída do Reino Unidos do bloco europeu, continuaremos a ver o dólar impactar o comércio”, ele diz.

O analista de câmbio da Necton Corretora, Márcio Gomes, coloca nessa conta também as crises no Chile e na Argentina. E, em meio a um cenário de aversão a risco, avalia que a cotação de R$ 4,20 por dólar é piso, "pelo menos a curto prazo". “A fuga de capital estrangeiro está negativo em R$ 35 bilhões em 2019”, diz ele.
Source: Rural

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