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Bolsonaro se reuniu no Palácio Itamaraty, em Brasília, com o presidente chinês, Xi Jinping, num encontro prévio à 11ª reunião da Cúpula do Brics (Foto: Wikimedia Commons)

 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira, 13, que deseja diversificar o comércio com a China e agregar valor aos produtos exportados pelo País. Bolsonaro se reuniu no Palácio Itamaraty, em Brasília, com o presidente chinês, Xi Jinping, num encontro prévio à 11ª reunião da Cúpula do Brics, bloco formado também por Rússia, Índia e África do Sul. "A China é nosso primeiro parceiro comercial e juntamente com toda minha equipe, bem como com empresariado brasileiro, queremos mais que ampliar, queremos diversificar nossas relações comerciais", disse o presidente, em breve declaração à imprensa, antes de seguir para um almoço oferecido à comitiva chinesa. "A China cada vez mais faz parte do futuro do Brasil".

Bolsonaro não fez menção, no entanto, a um acordo de livre-comércio com a China, que já foi citado por autoridades dos dois países anteriormente e tem apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes. Já o chinês pediu a Bolsonaro parceria e ajuda do Brasil para influenciar negócios com países da América Latina e do Caribe e uma defesa do "multilateralismo" no comércio internacional, por parte dos chefes de Estado no Brics.

Até amanhã, eles divulgarão uma declaração conjunta. "Nossa reunião em grande parte trata do Brics, mas essa relação bilateral em várias áreas, inclusive com aceno do governo chinês de agregarmos valor naquilo que nós produzimos, tudo isso é muito bem-vindo", afirmou Bolsonaro.

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O Brasil tem uma demanda antiga para que os chineses abram o mercado interno a produtos agrícolas processados e semiprocessados, de maior valor agregado, como a soja, que poderiam ampliar os ganhos nas exportações. O presidente, porém, não detalhou qual foi o aceno do Xi Jinping.

Autoridades ministeriais dos dois países assinaram uma série de acordos e protocolos de intenção para colaborar em áreas como economia, transportes, saúde, agronegócio e cultura. Segundo Bolsonaro, eles serão "potencializados" pelo Brasil. "Todos nós, brasileiros e chineses, temos o que ganhar com momentos como esse. Nosso governo vai cada vez mais tratar com devido carinho, respeito e consideração esse gesto do governo chinês", disse Bolsonaro. "Sinta-se em casa, é um prazer tê-lo aqui", disse ao chinês.

Bolsonaro voltou a agradecer uma recente manifestação diplomática da Embaixada da China, que, segundo ele, garantiu respeito à soberania brasileira durante o desgaste internacional com os incêndios florestais na Amazônia: "Foi um gesto de grandeza que nos fortaleceu e muito. Sempre agradecermos por essa oportunidade".

China quer apoio do Brasil

O presidente da China, Xi Jinping, pediu nesta quarta-feira, 13, o envolvimento do Brasil para expandir seus negócios na América Latina e no Caribe, áreas de interesse comercial do país e de forte influência econômica e geopolítica dos Estados Unidos, que tem sido parceiro preferencial do governo Jair Bolsonaro.

Em reunião bilateral prévia à cúpula do Brics, o chinês também cobrou de Bolsonaro um esforço conjunto para que o bloco dos países emergentes, integrado também por Rússia, Índia e África do Sul, defenda o "multilateralismo" e os direitos das nações em desenvolvimento frente às grandes potências.

"A China atribui grande importância à influência do Brasil na América Latina e o Caribe. Vamos aproveitar nossas vantagens para promover o desenvolvimento comum, visando criar relações China /América Latina e Caribe na nova era, caracterizada pela igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e benefícios para o povo", disse Xi Jinping, em declaração à imprensa após o encontro no Palácio Itamaraty. "A China gostaria de tratar a cooperação de três ou mais partes baseada no respeito às vontades dos países da região para fazer um bolo maior e realizar ganhos compartilhados".

Desde o ano passado, a China trava uma guerra tarifária com os Estados Unidos, com avanços e recuos nos entendimentos, e passou a usar as cúpulas do Brics como um mecanismo de exposição e influência internacional para defender seus interesses e cobrar equidade no tratamento aos países em desenvolvimento.

No encontro bilateral, Xi Jinping apelou a Bolsonaro por uma posição contra o unilateralismo na declaração do Brics, sem citar em público as tarifações impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump. Ele considerou que o Brasil e a China são os principais mercados emergentes do Ocidente e Oriente no contexto internacional de "mudanças profundas e complexas". "Brasil e China devem se esforçar juntos para que a cúpula tenha resultados frutíferos e emitir sinal positivo de que os membros consolidam a parceria estratégica, apoiam o multilateralismo, a equidade e a justiça internacional e defendem os direitos dos países em desenvolvimento para que os Brics avancem constantemente na segunda década dourada trazendo benefícios aos nossos povos", disse Xi.

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Segunda "década dourada" é o termo cunhado na diplomacia chinesa para se referir à segunda década de existência do bloco, que completou dez anos em 2018. Agora, porém, as economias do Brics não crescem no mesmo ritmo que nos primeiros dez anos. Segundo o presidente chinês, houve "amplos consensos" na conversa com Bolsonaro sobre os interesses comuns.

Ele reafirmou que os países mantêm relação de confiança e que deseja a China atualizar a parceria estratégica com o Brasil e ampliar a cooperação. "A China está disposta a trabalhar junto com o Brasil para promover o intercâmbio em pé de igualdade", declarou o presidente chinês. "Decidimos juntos continuar intensificando contatos de alto e outros níveis, aprofundar a confiança política mútua e fazer bom uso de mecanismos bilaterais e aumentar o comércio e o investimento".

Xi Jinping citou interesse na carteira de obras e projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) brasileiro e que deseja realizar cooperação em agricultura, energia, mineração, óleo e gás, infraestrutura, eletricidade, ciência, tecnologia e inovação e economia digital.
Source: Rural

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