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País asiático já é o maior comprador brasileiro de soja em grão. (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

A Associação Brasileira das Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) tem uma expectativa positiva para uma eventual abertura do mercado chinês ao farelo de soja brasileiro. Foi o que afirmou o economista-chefe da entidade, Daniel Furlan Amaral, durante o SP Grain Forum, realizado pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), nesta quinta-feira (7/11), em Campinas (SP).

“Por que não comprar o farelo produzido aqui?”, questionou o executivo, ressaltando que o Brasil vem tendo um importante papel na segurança alimentar da China. “Não fosse o Brasil, no período de quebra de safra da Argentina nem no período de tensão comercial, não haveria soja suficiente. O Brasil teve capacidade e qualidade. É muito sensível e justo que no mercado chinês tenhamos espaço para exportar farelo de soja”, acrescentou.

A China já é o maior demandante da soja em grão do Brasil. As estimativas do setor apontam para exportações de 72 milhões de toneladas neste ano, com 82% do volume destinado ao país asiático. Já no farelo de soja, a União Europeia é o principal destino, devendo responder por 50% dos embarques, estimados pela Abiove em 15,8 milhões de toneladas, seguido pelo Sudeste Asiático, que, segundo Daniel Amaral, vem reduzindo compras em função da epidemia de peste suína africana (PSA) que atinge o continente.

É bom para os dois lados. Para o Brasil, agrega valor à soja, amplia mercados. Para a China, é oportunidade de diversificar os clientes"

Daniel Amaral, da Abiove

Recentemente, em viagem à China, integrando a comitiva do presidente Jair Bolsonaro, a ministra Tereza Cristina trouxe acordos para as exportações de farelo de algodão e de carne termoprocessada. E, mais recentemente, foi anunciada a habilitação de mais sete plantas frigoríficas para exportar miúdos de suínos. É apostando no reforço dessa relação comercial que a indústria de óleo de soja espera uma abertura para vender farelo aos chineses.

Segundo Amaral, há um esforço da parte do Ministério da Agricultura para abrir mercados também para o farelo de soja do Brasil. Em relação à China, o executivo explicou que a fase atual é de discussões sobre questões técnicas, que, na visão dele, tende a ser superadas.

“O Brasil tem condições de fazer os controles e qualidade que a China exigir. Existe uma expectativa muito positiva e um entendimento nosso de que a abertura do mercado de farelo na China é boa para os dois lados. Para o Brasil, agrega valor à nossa soja, amplia mercados. E para a China, é mais uma oportunidade de diversificar os clientes”, analisou.

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Amaral disse não ter dúvidas de que o Brasil é um grande exportador de produtos do complexo soja. Ponderou, no entanto, que é na demanda interna, no processamento do grão por parte da indústria que está o maior potencial de crescimento da cadeia produtiva. Na visão dele, ainda há espaço para agregar valor na cadeia produtiva da oleaginosa.

“Nossa indústria tem capacidade de aumentar produção. Temos condições de aumentar o esmagamento no Brasil de forma a atender todos os mercados. Confiamos em ter bons resultados na ampliação de mercados para o nosso farelo”, disse o economista.

Biodiesel

O aumento progressivo da mistura de biodiesel no diesel mineral é também uma das principais apostas da indústria de soja para incrementar o processamento interno. Atualmente, a mistura está em 11% (B11), mas o governo anunciou que passará para 12% (B12) a partir de março do ano que vem. Só com essa mudança, a Abiove estima um crescimento de 20% da produção do biocombustível, que pode chegar a 6,8 bilhões de litros no ano que vem.

Dados da Associação indicam que a produção de óleo de soja do Brasil neste ano deve ser de 8,6 milhões de toneladas. Segundo Daniel Amaral, é possível aumentar a oferta de biodiesel sem competir com o abastecimento para consumo humano nem com as exportações.

“No biodiesel, o uso do óleo de soja vem crescendo basicamente em cima do excedente exportável. No próximo ano, não vemos nenhuma restrição de óleo de soja. Não faltará produto para nada”, destacando ainda que, no caso do óleo para consumo humano, tem havido uma substituição do produto à base de soja por outros, como canola e girassol.

Nas projeções da entidade, em 2023, quando espera-se que a mistura esteja em 15% de biodiesel no diesel mineral (B15), a produção do biocombustível pode chegar a 9,34 bilhões de litros. Até 2028, para quando se espera que a mistura esteja em 20% (B20), o volume pode chegar a 14,5 bilhões, quase três vezes mais o estimado para este ano, de 5,7 bilhões de litros.

“Produzir mais biodiesel é um desafio”, avaliou Amaral, destacando a importância do programa Renovabio, de incentivo à produção de biocombustíveis no Brasil. “Estamos em uma fase final de regulamentação com uma forte expectativa de entrada em vigor do programa entre fevereiro e março do ano que vem”, acrescentou.
Source: Rural

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