Skip to main content

Plantio de soja no Paraná (Foto: Ernesto de Souza/Ed.Globo)

 

O clima possibilitou a aceleração dos trabalhos de campo nas últimas semanas, mas o plantio de soja segue atrasado em relação ao ano passado no Brasil. Ainda assim, as primeiras estimativas para a temporada 2019/2020 apontam para crescimento da produção, com técnicos e consultores avaliando que ainda é muito cedo para medir os efeitos dessa situação sobre a produtividade das lavouras.

Levantamento recente da consultoria AgRural aponta que 35% da área reservada para a cultura no Brasil foi semeada até o fim da semana passada. Com as boas condições, o avanço foi de 14 pontos percentuais em relação à semana anterior. Nessa mesma época no ano passado, estava em 46% e, na média dos últimos cinco anos, em 31%.

Segundo a AgRural, o avanço foi determinado por Mato Grosso. Uma avaliação reforçada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No Estado, as condições favoráveis levaram os produtores a percorrer mais de 5,65 milhões de hectares só nas últimas três semanas. Até a última sexta-feira (25/10), as máquinas haviam passado por 65,4% da área para a soja no MT, estimada em 9,775 milhões de hectares.

Ainda assim, o trabalho está mais lento que na mesma época do ano passado, quando a proporção de área plantada estava em 73,25%. Mas, em relação à média dos últimos cinco anos, o ritmo é maior. Nessa mesma época, os agricultores estavam com 48,63% da área plantada. “O produtor tem o costume de olhar apenas para a safra passada. Na média dos últimos cinco anos, o plantio está à frente e a tendência é de que se recupere”, avalia o gestor técnico, Cleiton Gauer.

saiba mais

Plantio do milho atinge 58% da área no Rio Grande do Sul

Baixa liquidez e atenção com a colheita levam à queda no preço do trigo

 

Nesta terça-feira (29/10), o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab), atualizou os números do Estado. Dos 5,488 milhões de hectares reservados para a soja, foram plantados 65%. Na semana passada, eram 45%. No entanto, as condições de lavoura pioraram. As consideradas ruins passaram de 2% para 4% do total de uma semana para outra. As médias, de 26% para 24% e as consideradas boas, de 72% para 71% do total.

O técnico do Deral, Edmar Gervásio, avalia que os números mostram uma evolução da semeadura. Mas em áreas onde os agricultores plantaram mais cedo, o clima não favoreceu o desenvolvimento e há relatos de replantio. “Ainda é muito cedo para falar em quebra. Não quer dizer que essas áreas não vão produzir, mas é um alerta”, diz.

O agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos, avalia que o clima deve ficar mais favorável ao plantio na próxima semana. Esses dias têm sido mais secos nas regiões centro e norte do Brasil, com chuvas mais concentradas no sul, especialmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A partir do dia 5 de novembro, a tendência é de precipitações mais generalizadas.

“A partir do dia 5 deve voltar a chover bem, com um clima mais dentro da normalidade, favorecendo regiões que foram bastante afetadas (pelo clima desfavorável), como Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul”, diz ele.

Crescimento

De modo geral, as projeções para a safra nova de soja são de crescimento. Os números têm variado entre 120 e 125 milhões de toneladas, a depender de quem faz a estimativa. O que, se for confirmado, levará o Brasil a ser o maior produtor mundial de soja, já que, de acordo com o próprio governo dos Estados Unidos, a produção americana deve ser de pouco mais de 96 milhões de toneladas.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fala em 120,393 milhões de toneladas de soja, um aumento de 4,7% em relação à safra passada, quando a colheita foi de 115,030 milhões. Para os técnicos, a liquidez será determinante para o aumento de área plantada, que deve chegar a 36,571 milhões de hectares.

Analista sênior de grãos e oleaginosas do banco holandês Rabobank Brasil, Victor Ikeda avalia que o atraso no plantio registrado nas primeiras semanas não foi suficiente para ter algum impacto sobres as produtividades. Para ele, uma das preocupações neste momento é a disponibilidade da soja no final do ciclo.

saiba mais

Pesquisadores mapeiam genoma do fungo causador da ferrugem da soja

Exportação do complexo soja cai 1,1% em volume e 11,8% em receita

 

Em Mato Grosso a comercialização antecipada de soja chegou a 36,03% da safra prevista, o que equivale a 11,82 milhões de toneladas, de acordo com dados do Imea referentes ao mês de outubro. No Paraná, os dados do Deral, também referentes a outubro, apontam venda antecipada de apenas 19% da safra prevista.

“A safra 2018/2019 teve uma arrancada bem forte em setembro de 2018, em função das chuvas mais precoces. O resultado foi que, em janeiro e fevereiro, o Brasil tinha volumes significativos para exportação”, diz ele.

Ikeda pontua também a preocupação com possíveis efeitos sobre a janela de segunda safra. O consultor Carlos Cogo também chama a atenção para esse aspecto. Em Mato Grosso, diz ele, o calendário de plantio está se recuperando. A incerteza maior está no Paraná. “O oeste do Paraná talvez não consiga implantar a segunda safra na janela ideal”, diz ele.
Source: Rural

Leave a Reply