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Alguns dos conselheiros do Instituto Brasil Orgânico, como a apresentadora Bela Gil, estiveram presentes na assembleia de fundação (Foto: Felipe Sakamoto)

 

O setor de produtos orgânicos está em alta no mercado. Nos últimos sete anos, o número de produtores orgânicos cadastrados no Ministério da Agricultura triplicou no país, segundo levantamento da pasta. De 2010 a 2018, as unidades de produção cresceram 308% – de 5.406 para 22.064.

Buscando mais expansão e representação política, representantes do setor lançaram nesta quinta-feira (3) o Instituto Brasil Orgânico (IBO). A assembleia de fundação aconteceu no Parque da Água Branca, na zona oeste da cidade de São Paulo.

“O foco principal é a representação e o apoio ao movimento orgânico brasileiro, servindo e envolvendo os seus diversos atores e segmentos, de forma que possa ser acessível para todos, tanto como opção de sistemas produtivos como de oferta de produtos de qualidade para o consumo”, conta o engenheiro agrônomo e membro da comissão organizadora do Instituto Brasil Orgânico, José Pedro Santiago.

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Além disso, a entidade visa fomentar políticas públicas, consolidar informações a partir de estudos técnicos, disseminar os princípios da alimentação saudável para os profissionais da saúde, para as escolas e para os ambientes de instituições de pesquisa.

“A nossa ideia é ser uma entidade diferente das outras, não queremos ser uma entidade de empresa, de produtores, não queremos ser uma entidade de um grupo específico. Queremos ser uma entidade que represente todo o movimento”, diz o presidente da comissão organizadora do Instituto e ex-coordenador de agricultura orgânica do Ministério da Agricultura, Rogério Dias. Para ele, o movimento orgânico “não precisa mais esperar favores” para o executivo, mas sim ocupar os lugares.

Em junho do ano passado, durante a Bio Brazil Fair, a feira internacional de produtos orgânicos e agroecologia, diversos representantes do movimento orgânico se uniram para criar os princípios da entidade. “Criar a entidade nacional que representa o movimento orgânico foi um amadurecimento, que durou mais de uma década. Houve algumas tentativas que não prosperaram, porque não envolviam, ou não atraiam, um conjunto grande e representativo de pessoas. Agora, o processo foi diferente”, conta Santiago, que está há mais de 30 anos na agricultura orgânica.

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O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) esteve presente no evento. O parlamentar enfatiza a importância da fundação do IBO e critica a aprovação de novos agrotóxicos pelo Ministério da Agricultura, que ocorreu ontem (3). “Este modelo de agricultura hegemônico não tem futuro e não vai trazer soluções para a sociedade”, afirma. E finaliza dizendo que é necessário preservar as espécies para as próximas gerações.

Marcos Palmeira também está no Conselho da nova entidade.(Foto: Ana Maio/Divulgação)

 

“Existem 44 milhões de pessoas no Estado para mais ou menos 2 mil produtores de orgânicos”, estima o assessor da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Edinho Montenegro. Para ele, há uma oportunidade do setor crescer no estado que tem mais “bocas” do país. 

Na avaliação de José Santiago, o principal desafio do setor é aumentar a produção e a produtividade para conseguir baixar o preço dos produtos orgânicos, o que aumentará mais a demanda, criando um círculo virtuoso. Mas está otimista por acreditar que o movimento é forte e amplo. Segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), o mercado faturou R$ 4 bilhões em 2018 – valor 20% superior ao registrado no ano passado.

Organização da entidade

Durante a assembleia de fundação, o Instituto Brasil Orgânico informou que a eleição para a presidência da entidade será feita em julho do ano que vem. Os 24 conselheiros escolhidos pela comissão organizadora irão votar para a presidência da IBO.

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Entre os conselheiros escolhidos, estão Alexandre Harkaly (diretor executivo do IBD Certificações), Romeu Leite (Vila Yamaghishi Orgânicos), Marcelo Laurino (secretário executivo da Comissão da Produção Orgânica do Estado de São Paulo), Fábio Ramos (presidente da Agrosuisse) e Joe Valle (produtor orgânico na Fazenda Malunga). Além da apresentadora Bela Gil e o ator global produtor de orgânicos Marcos Palmeira.

Pessoas físicas e jurídicas podem ser associadas. Haverá dois tipos de associação: Mantenedor, que contribui financeiramente para manter as atividades da entidade; e o colaborador, que ajuda com trabalhos sem a obrigação de pagar para participar. As taxas variam entre R$ 50 e R$ 1 mil por mês.

Questionado sobre a diferença da IBO com outras entidades especializadas na agricultura orgânica, como o Organis, Santiago esclareceu que o Instituto é parceiro de outras entidades, como a mencionada. "O Instituto reúne todas essas forças e contribuições, para representar nacionalmente o movimento de agricultura orgânica", diz. 

Homenagem

A data escolhida não foi por acaso, o dia 3 de outubro é o aniversário da precursora da agroecologia no Brasil, a engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi, que completou 99 anos de idade e recebeu uma homenagem por meio de sua filha, Carin Primavesi.

Além disso, foi lançado hoje o site oficial com acervo da engenheira.  Criado pela geógrafa e escritora Virginia Mendonça Knabben, a ideia surgiu quando ela estava escrevendo a biografia de Primavesi e se deparou com diversos textos ainda datilografados e resolveu compartilhar nas redes sociais. “Somos as sementes plantadas por Ana”, conta Knabben, ao se emocionar com a experiência de conhecer a agrônoma.
Source: Rural

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