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O CRISPR consiste na criação de uma planta melhorada sem a inclusão do DNA de uma espécie diferente (Foto: Divulgação)

 

Os desafios do agronegócio crescem à medida que o segmento ganha cada vez mais destaque no mercado internacional. E momentos como esse são ideais para o surgimento de soluções que superem as expectativas tanto da cadeia produtiva, que busca as melhores maneiras de lidar com problemas como mudanças climáticas, doenças e pragas, quanto da sociedade, que luta pelo direito de consumir alimentos saudáveis e em harmonia com o meio ambiente. É nesse cenário que surge CRISPR, sigla que, em português, quer dizer Repetições Palindrômicas Curtas Interespaçadas Regularmente em Agrupamentos.

Utilizado pela Corteva Agriscience, o CRISPR consiste na criação de uma planta melhorada, mas sem a inclusão do DNA de uma espécie diferente, permitindo o cultivo de sementes ainda mais nutritivas e com maior agilidade e eficiência. A grande diferença entre essa tecnologia e os alimentos transgênicos está na não utilização do DNA de uma espécie diferente – mas sim na promoção de alterações que podem excluir, editar ou mover o DNA da própria planta.

"A técnica acelera de forma precisa um processo que já ocorre na natureza. Identificamos um gene na própria planta que, se modificado, melhora uma de suas características. Um exemplo é o milho ceroso, um dos primeiros produtos do CRISPR. Basicamente mudamos um gene que transformou a qualidade de amido no grão em um milho produtivo, sem precisar trazer essa característica de um milho improdutivo", disse Sandra Milach, líder de pesquisa da Corteva Agriscience, durante uma palestra sobre a nova tecnologia no evento "Novos Caminhos da Safra", realizado em 31 de agosto pela Globo Rural.

O milho ceroso foi um dos primeiros alimentos melhorado com a tecnologia CRISPR (Foto: Divulgação)

 

Classificada pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) como não-transgênica, a próxima geração de milho ceroso, já adaptada ao plantio norte-americano, deve ganhar o mercado brasileiro com uma versão própria para as condições do nosso solo. "Nos Estados Unidos, a produtividade média de milho é de doze toneladas por hectare, enquanto no Brasil é de apenas seis por hectare. Se pudermos melhorar a nossa produtividade sem precisar aumentar a área de plantio, por que não?", questionou.

A especialista, que trabalha há oito anos na sede de pesquisa da empresa nos Estados Unidos, acredita que é importante ao Brasil ter acesso a essa tecnologia e estar na fronteira da inovação. Por isso, a Corteva firmou uma parceria estratégica com a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), onde disponibilizou a aplicação da técnica para culturas como a soja e o feijão, garantindo aos produtores brasileiros acesso ao CRISPR.

Ciente de que inovações podem, inicialmente, enfrentar desafios com a aceitação pública, a líder de pesquisa da Corteva Agriscience acredita na importância de fornecer ao consumidor informações confiáveis sobre os benefícios da tecnologia CRISPR. "Quando surge uma inovação é normal que poucos acreditem, mas ela acaba mudando as nossas vidas. Por isso, é preciso firmar um diálogo para desmistificar essa tecnologia e permitir que ela chegue à mesa do consumidor. Essa revolução vai ocorrer no Brasil mais cedo ou mais tarde. E temos que ser promotores disso", encerrou Sandra.
Source: Rural

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