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Incêndio de grandes proporções atingiu a região no dia 13 de agosto, em Rondônia. (Foto: Beethoven Delano/Ed.Globo)

 

No terreno calcinado, só restaram as cinzas da casa e três cachorros. Os animais sobrevivem com a solidariedade dos vizinhos, que lhes servem água e comida. A revista Globo Rural foi conhecer o assentamento Galo Velho, a cerca de 400 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia.

Lá as queimadas criminosas fizeram duas vítimas: o casal Eidi Rodrigues de Lima, de 36 anos, e Romildo Schimdt, de 39, que morreram carbonizados na pequena propriedade deles. De acordo com testemunhas, que já prestaram depoimentos à Polícia Civil, que investiga o caso, no dia 13 de agosto, um incêndio de grandes proporções atingiu o assentamento, provocando a fuga de várias famílias.

Eidi e Romildo, conhecido como “Preto”, não tiveram a mesma sorte: tentando salvar o pouco que juntaram em muitos anos de trabalho na roça, incluindo materiais de construção e criações de animais, como porcos e galinhas, não conseguiram escapar e morreram queimados.

Área incendiada equivale a 1.000 campos de futebol.

Dimensão da área queimada foi revista para cima: se fala em mais de 1 mil hectares. (Foto: Beethoven Delano/Ed.Globo)

 

Segundo o delegado da cidade de Machadinho D'Oeste, André Kondageski, responsável pelo inquérito, a estimativa preliminar era que a área queimada no assentamento Galo Velho havia atingido 60 hectares. Porém, após análises preliminares da perícia criminal em imagens de satélite, foi verificado que o número pode ser bem maior: 1.050 hectares, o equivalente a mais de 1 mil campos de futebol.

Estamos ouvindo as pessoas. Muitos têm medo de represálias, pois é comum o uso do fogo na nossa região para limpeza de áreas, seja para o plantio ou pecuária"

André Kondageski, delegado

“Estamos ouvindo as pessoas. Muitos têm medo de represálias, pois é comum o uso do fogo na nossa região para limpeza de áreas, seja para o plantio ou pecuária. Com os indícios que temos, parece que foi um incêndio com essa finalidade, mas que saiu de controle e vitimou duas pessoas”, disse Kondageski à reportagem da Globo Rural.

O delegado também destacou que há muitos incidentes na região de Machadinho D'Oeste envolvendo queimadas na zona rural. “Temos o registro de cinco ou seis ocorrências por semana envolvendo danos materiais. Tem um inquérito de 2017, quando um senhor também foi vítima de incêndio. Porém, neste caso, ele mesmo teria iniciado a queimada para limpar uma área, que fugiu do controle e acabou o matando. No inquérito do casal, ainda haverá tipificação do crime, se foi ambiental e com homicídio com dolo eventual, já que quem promove esses incêndios, assume o risco de matar”, apontou ele.
 

Porto Velho lidera queimadas

Desde o início de julho, o amanhecer em Rondônia tem tons de cinza. Porém, a névoa não é por causa da neblina, nuvem de vapor causada pela queda de temperatura, mas por queimadas nas zonas urbanas e rurais do estado do Norte do país.

Névoa cobre campos de zona rural no Estado do norte.(Foto: Beethoven Delano/Ed.Globo)

 

De acordo com o núcleo de meteorologia da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), em um ano, de agosto de 2018 a agosto de 2019, foram registrados 10.249 focos de calor em Rondônia. Este foi considerado pelo órgão, o pior mês desde 2012, apesar dos dados ainda estarem sendo fechados.

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Em primeiro lugar está a capital Porto Velho com 3.613 focos até o dia 29 de agosto deste ano. Em seguida, vem Nova Mamoré (1.519) e Candeias do Jamari com 806. Machadinho D'Oeste, cidade visitada pela Globo Rural, ficou em sétima posição, com 319 focos de calor no mesmo período. 

Com o tempo seco, muita fumaça, além de dias e até meses sem chuva, seria normal os hospitais e unidades de saúde ficarem lotadas de crianças e idosos. Porém, não é o caso do Hospital Municipal de Machadinho do Oeste, sob responsabilidade da Prefeitura. “Há três ou quatro anos, a situação era muito pior. Hoje, como vocês podem ver, até sobram leitos aqui. Já percorri muitas estradas e distritos da nossa cidade, até perto da divisa com Mato Grosso e não vi nenhum incêndio. Se não fossem as notícias na imprensa, eu diria que não há nem fogo. De qualquer forma, estamos abastecidos e preparados com médicos, equipamentos, insumos e medicamentos para qualquer situação”, destacou o secretário municipal de Saúde e Saneamento, Lourival Pereira.
 

Forças Armadas

Em vídeo publicado em seu perfil no Instagram no dia 24 de agosto, o governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL), comemorou a presença de militares das Forças Armadas no estado para combater as queimadas em uma força tarefa conjunta. “Com a assinatura do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), imediatamente iniciamos a intensificação da Operação Jequitibá, deflagrada pelo Corpo de Bombeiros. Agora, em conjunto com Exército, Aeronáutica e Ibama. Assim ganharemos mais frentes de trabalho para combate às queimadas ilegais e ações repressivas e preventivas dos incêndios. Parabenizo também a atuação eficiente dos nossos homens do corpo de bombeiros de Rondônia, que nas últimas semanas estão trabalhando com esmero, a fim de combater os incêndios florestais e queimadas não autorizadas. Dentro dos limites da sua infraestrutura, estão dando o máximo para a população rondoniense e fazendo um grande trabalho”.

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Source: Rural

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