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O plantio da pimenta-do-reino é incentivado pela Embrapa (Foto: Thinkstock)

 

Integrante do grupo de especiarias originárias da Índia que motivou a realização de grandes navegações pelo mundo, inclusive a rota marítima que levou à descoberta do Brasil pelos portugueses, a pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) tornou-se, nos últimos anos, um lucrativo produto oriundo do campo. Introduzida aqui somente em 1933 pelos imigrantes japoneses, atualmente a planta é fonte de renda de muitos agricultores brasileiros, sobretudo do Pará, principal Estado produtor e responsável pelo destaque do país entre as nações exportadoras.

Adaptada ao clima tropical e subtropical daqui, onde encontra condições ideais para seu desenvolvimento, a pimenteira-do-reino ainda tem seu plantio incentivado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

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Por meio de um trabalho de transferência de tecnologia, a Embrapa tem o objetivo de aumentar a produtividade e a qualidade da pimenta-do-reino, cultura típica da agricultura familiar, com a maioria das áreas de cultivo inferior a 3 hectares.

Os pipericultores experientes já adotam técnicas que favorecem a produção da pimenta-do-reino, que gosta de iluminação solar direta ou sombra parcial. A planta é beneficiada, por exemplo, em sistemas agroflorestais, onde pode ser consorciada com maracujá, acerola, cupuaçu, milho, cacau, mogno, açaí, citros, feijão-caupi, mamão, mandioca, melão e coco.

Trepadeira perene, a pimenteira-do-reino é conduzida a atingir 3 metros de altura em plantios comerciais. Gera de uma a duas vezes por ano pequenos frutos agrupados em espigas e do tipo drupa – polpa carnosa com uma semente –, que são classificados de acordo com o grau de maturação e o tratamento que recebem. No varejo, são vendidas em grãos ou em pó as diferentes versões de pimenta-do-reino, como a tradicional, também chamada de pimenta-
preta e pimenta-redonda, além da pimenta-branca ou pimenta-verde.

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Receitas culinárias podem ser transformadas com uma pitada de pimenta-do-reino, que ainda oferece subprodutos bastante valorizados, como piperina e oleorresina. Ambas as substâncias são usadas nas indústrias de embutidos, perfumaria e farmacêutica.

Consultoria: Oriel Fligueira de Lemos, engenheiro agrônomo, doutor em genética e melhoramento das plantas e pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Tv. Dr. Enéas Pinheiro, s/n, Belém (PA), Caixa Postal 48, CEP 66095-100, tel. (91) 3204-1000, www.embrapa.br/fale-conosco 
Onde comprar: em viveiristas credenciadospelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como o Viveiro ProMudas em Castanhal (PA), tel. (91) 98848-7491
Mais informações: a Embrapa Amazônia fornece cartilha e manual de boas práticas para o cultivo de pimenta-do-reino de criação de cada Estado 

Raio X

Solo: bem drenado, profundo, fértil e rico em matéria orgânica
Clima: tropical úmido, com temperatura na faixa de 23 ºC a 28 ºC
Área mínima: pode ser plantada em pequenos espaços, mas sempre com um tutor
Colheita: a partir do segundo ano, com produção mais vigorosa após o terceiro ano 
Custo: o preço de um muda oscila entre R$ 3 e R$ 5

Receitas culinárias podem ser transformadas com uma pitada de pimenta-do-reino (Foto: Thinkstock)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mãos à obra

Início: Obtenha de viveiristas idôneos mudas de plantas matrizes bem formadas, vigorosas e livres de pragas e doenças, além de bom desenvolvimento vegetativo. Nas principais áreas produtoras de pimenta-do-reino no Brasil (Pará, Espírito Santo, Bahia, Maranhão, Ceará e Paraíba) são adotadas as cultivares apra, bragantina, cingapura, guajarina, iaçará, kottanadan e kuthiravally.

Ambiente: De clima tropical, quente e úmido, é o preferido da pimenteira-do-reino, que tem bom desenvolvimento em regiões com temperaturas que oscilam entre 23 ºC e 28 ºC durante o ano inteiro, com chuvas regulares e umidade relativa do ar alta – acima de 80%. Mas a planta também tolera cultivos em locais onde a temperatura mínima mantém-se em 15 ºC ou em estufas climatizadas.

Tutor: Vivo da leguminosa gliricídia (Gliciridia sepium), tecnologia desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental e utilizada por agricultores da região, é o mais recomendado para o pequeno produtor, por reduzir em 28% o custo de implantação do pimental e melhorar a condição do solo, além de outras vantagens. Primeiro, faça uma área matriz de gliricídia, usando covas de 50 centímetros de profundidade e espaçamento de 2 por 2 metros. Plante as estacas de 1 a 1,5 metro de comprimento no início da estação das chuvas e, por 40 dias, não extraia os brotos para que o tronco se enraíze e engrosse. Após esse período, retire os galhos e os brotos, deixando três ou quatro galhos acima do tronco. Entre o fim de dezembro e o começo de janeiro, corte todos os galhos do tutor vivo, deixando-o mais ereto. Realize nos meses de fevereiro e março a primeira poda e a retirada dos galhos e brotos, mantendo o tutor com 2,5 a 3 metros de altura, e a segunda, em abril ou maio, deixando de dois a quatro galhos eretos por planta de gliricídia.

Plantio: Das mudas de pimenteira-do-reino deve ser realizado em janeiro e fevereiro, em dias nublados ou chuvosos, em solo bem drenado, fértil, profundo e com pH entre 5,5 e 6. Utilize covas de 40 por 40 por 40 centímetros e com cerca de 15 centímetros de distância do tutor. Para aclimatação, cubra as mudas com folhas de palmeiras por 15 dias e amarre-as às estacas com fitas de plástico ou barbante. Corte os fios quando ficarem apertados, devido ao engrossamento do tutor, o que ocorre após seis meses. Em seguida, amarre novamente.

Espaçamento: Mais utilizado é de 2 por 2 metros, 2,5 por 2,5 metros ou 2 por 3 metros, em fileiras simples para estacão de madeira, e 2,5 por 2,5 metros, em fileira simples, ou 2,2 por 2,2 por 4 metros, em fileira dupla para tutor de gliricídia.

Irrigação: É importante para manter o solo úmido, mas sem encharcá-lo. O plantio pode ser irrigado com mangueira, microaspersores ou por gotejamento em regiões de seca. Cada planta deve receber 2 litros de água por dia.

Produção: Ocorre cerca de dois anos após o início do plantio e atinge carga máxima a partir do terceiro ano, seguindo até por 20 anos em cultivos bem conduzidos e com boas práticas, com capacidade ainda de gerar duas colheitas anuais em regiões de clima apropriado e com irrigação. De julho a novembro, a colheita dos frutos é realizada manualmente em sacos de aniagem.

(Publicado originalmente na edição 404 da Revista Globo Rural, em junho de 2019)

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Source: Rural

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