Na cerimônia de abertura do Fórum Mundial dos Produtores de Café, em Campinas (SP), o discurso comum foi o de que já se tem consciência das dificuldades no campo (Foto: Pexels/Creative Commons)
Representantes de países produtores de café defenderam o trabalho conjunto e ações concretas para melhorar a remuneração dos cafeicultores. Na cerimônia de abertura do Fórum Mundial dos Produtores de Café, nesta quarta-feira (10/7), em Campinas (SP), o discurso comum foi o de que já se tem consciência das dificuldades no campo. Agora, é preciso agir na busca pela sustentabilidade econômica dos cerca de 25 milhões de produtores ao redor do mundo.
“Está tudo claro. Os preços não cobrem os custos de produção, não por deficiência do processo produtivo, mas por indolência da indústria. O preço de hoje não se manifesta só nos fundamentos, mas também pelo apetite dos fundos de investimento”, afirmou o presidente do Comitê Diretor da Federação dos Cafeicultores da Colômbia, Eugênio Velez.
Ele defendeu, entre as ações para melhorar a renda do produtor, o incentivo ao consumo de café também nos países produtores e uma revisão do contrato C negociado na Bolsa de Nova York, principal referência global para o preço do café arábica. Para ele, o contrato futuro na bolsa norte-americana deve refletir melhor a realidade do mercado.
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Perez Bukumnhe, representante de Uganda, apresentou pensamento semelhante. Em seu discurso, disse que muitos estudos já foram feitos para mostrar que, se os produtores, especialmente os pequenos, não receberem suporte, vão acabar saindo do negócio. Para ele, é preciso refletir se os atuais contratos futuros de Nova York e Londres (referência internacional para o café robusta) leva em consideração os produtores na hora de precificar o café.
“É importante que o Brasil e outros países se unam. Há conhecimento suficiente da parte dos produtores e do mercado. Precisamos chegar a ideias concretas de uma precificação que possibilite os pequenos produtores de produzir”, discursou.
O indiano Bopanna Manvittara Belliapa, que falou representando os países asiáticos, também destacou a necessidade de medidas concretas para apoiar os cafeicultores. “Estamos aqui para discutir soluções para uma vida melhor para os produtores. Ajudá-los a buscar sustentabilidade econômica, porque, assim, todas as outras sustentabilidades virão”, disse.
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Do lado do Brasil, o presidente executivo do Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro, destacou que a cultura está em mais de 1,7 mil municípios do país. São cerca de 330 mil produtores, 85% deles com áreas inferiores a 20 hectares. Segundo ele, a cafeicultura brasileira vem produzindo com responsabilidade e dentro de critérios de sustentabilidade. Mas não é reconhecida por isso.
“Se não trabalharmos de forma unida, que usemos não só a emoção, mas, acima de tudo, possamos planejar, mostrando para o consumidor nossas adversidades, não vamos chegar ao resultado que buscamos”, afirmou.
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Source: Rural