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Setor de uvas de mesa sofria com a concorrência de países vizinhos, que exportavam sem taxas (Foto: Pixabay/Creative Commons)

 

Produtores e exportadores de frutas brasileiros deverão ter uma redução progressiva nas tarifas de exportações de frutpara a União Europeia como consequência do acordo de livre comércio firmado entre o Mercosul e a União europeia nesta sexta-feira (28/6), em Bruxelas.

Segundo o gerente técnico e de projetos da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas, Jorge de Souza, a mudança na taxação e a consequente redução de impostos vai diminuir o custo da atividade. Como consequência, o setor poderá ter mais renda.

Jorge esteve em Bruxelas entre domingo e quinta-feira (27), onde participou das rodadas de negociações entre o setor privado e os representantes dos governos. Entre ontem e hoje, as reuniões que resultaram na assinatura do tratado foram restritas aos representantes políticos dos governos.

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“O acordo prevê a redução progressiva nas tarifas, que serão zeradas em alguns anos. O pior cenário é de sete anos para chegar a zero”, disse o executivo da Abrafrutas. “Sem o acordo teríamos uma perda progressiva de competitividade”, diz.

Hoje o Brasil exporta 800 milhões de dólares ano de fruta, dos quais 60% são exportados para a União Europeia."

 

Desde que o setor perdeu o sistema geral de preferência, em que não pagava tarifas, os fruticultores brasileiros passaram a pagar taxas que variam de 4 a 14% sobre o preço da fruta.

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“Sem essas tarifas nós vamos recuperar competitividade. O acordo vai criar um ambiente de negócios mais positivo para as exportações. Nós estávamos aguardando com muita expectativa a celebração do acordo”, disse Jorge, que comemorou o que chama de “negociação e inesquecível”.

Uvas de mesa

O executivo citou o exemplo das uvas de mesa, setor em que o Brasil tem grande competitividade. “Temos concorrentes como Chile, Peru e Estados Unidos, que já exportam com taxas zero. Na hora de fechar a negociação, o impacto desse tipo de tarifa é muito grande”, diz Jorge.

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Ele ainda cita produtos como limão, melão e manga, que contam com tarifas diferenciadas a depender da época do ano e da coincidência com a safra europeia. Manga, melão, limão, uvas de mesa e papaia são as principais frutas exportadas pelo Brasil para o bloco europeu.

O gerente técnico e de projetos da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas, Jorge de Souza (Foto: Abrafrutas/Divulgação)

 

“A demanda europeia por frutas tropicais é crescente. Nós temos concorrentes na América Latina, na Ásia e na África. A partir do momento que eu tenho as mesmas condições, do ponto de vista de impostos e de requerimentos fitossanitários, aumenta muito a nossa competitividade”.

Complexidade de negócios

Testemunha das reuniões de Bruxelas, Jorge disse que o ambiente das rodadas é de altíssima complexidade. “Todos querem preservar suas economias locais. E o acordo não era só agrícola, também estavam sendo negociados produtos industriais. A tendência dos atores é de buscarem um processo ganha-ganha. Imagine, por exemplo, o que poderia acontecer se liberássemos 100% do mercado para a entrada de vinho da Europa?”

Segundo o executivo, o momento foi propício para a definição de um negócio que já durava vinte anos. “Tivemos que negociar sem prejuízo dos nossos parceiros, mas as equipes estavam muito interessadas em avançar. Foram mais de vinte anos de negociação. Se não desse certo agora, podíamos esquecer as negociações do ponto de vista do bloco.”

Jorge lembrou a dependência que o Brasil tem do mercado europeu e da economia global. “O Brasil precisava fazer isso porque a economia é globalizada. Nós somos muito dependentes. Agora isso nos dá um ânimo. Se continuarmos a produzir com qualidade e trabalharmos com as inovações e conceitos de sustentabilidade que a Europa exige ficaremos nas mesmas condições de mercado”.

O acordo deve ser anunciado oficialmente na reunião do G-20, que começou nesta sexta e vai até o domingo.

Agora o tratado vai para a ratificação do parlamento europeu. “Ganhamos uma batalha importante. Os deputados irão questionar os pontos ameaçadores para o interesses das empresa europeias e nós também temos que nos ajustar por aqui”.

Segundo o executivo da Abrafrutas, no entanto, a tendência é de o Parlamento aprovar o acordo, já que esse era o desejo dos setores público e privado durante as reuniões que culminaram com a parceria.

Em relação às importações, a tendência é de que frutas de clima temperado como peras, berries e damasco entrem no Brasil com um preço melhor para o consumidor.

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Source: Rural

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