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Apenas o tanque do rebocador (cheio) rende cerca de 750 mil litros aos ladrões, diz o vice-presidente da CNT Logística (Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logísticas) Roberto Mira (Foto: Editora Globo)

 

O transporte de grãos na região Norte do país tem enfrentado um tipo de ataque incomum, a pirataria de combustível. As carretas que fazem o frete e usam barcos rebocadores para fazer a travessia do rio Amazonas têm sido vítimas de criminosos que se aproximam pela água em dezenas de pequenas embarcações para roubar combustível.

Apenas o tanque do rebocador (cheio) rende cerca de 750 mil litros aos ladrões, diz o vice-presidente da CNT Logística (Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logísticas) Roberto Mira. "Acontece todos os dias. Eles param a embarcação, roubam, vão embora e deixando-a lá no rio".

Mira explica que por não haver rede elétrica nos vilarejos e na região ribeirinha, o óleo diesel é para a população local um produto de primeira necessidade, para fazer funcionar qualquer motor gerador, até geladeiras, diz Mira.

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Segundo ele, os dados sobre os crimes estão sendo conhecidos agora, uma vez que seu registro sempre foi feito pelas autoridades locais com a classificação de “pirataria” e não roubo de carga, crime que a entidade pesquisa e acompanha. Os levantamentos preliminares mostram que em 2017 foram registrados 262 desses crimes, resultando em um prejuízo acima de R$ 64 milhões.

Menos roubo

A pesquisa anual sobre roubo de carga no país, divulgada na quinta-feira (13), revelou uma redução de 14,45% na quantidade de ocorrências no ano passado em relação a 2017, segundo dados da CNT Logística (Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logísticas). No ano de 2018, foram 22.200 registros de roubos, ante 25.950 no ano anterior, o equivalente a 3.750 roubos a menos.

Entre os principais fatores que têm contribuído para o resultado, a associação atribui a participação e integração crescente das forças de segurança em diferentes esferas (Polícia Federal e Estadual), Ministério Público, atuação dos Poderes e do Exército no caso do Rio de Janeiro.

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O resultado é atribuído também ao investimento intensivo feito pelas empresas em tecnologia e serviços de gerenciamento de risco. "As mais atingidas como alvo dos bandidos, de setores alimentício, eletrodoméstico, farmacêutico e químico, entre outros, chegam a investir até 15% de seus orçamentos em prevenção", afirma o vice-presidente Roberto Mira.

As principais reduções de ocorrências vieram dos dois estados que concentram as ocorrências de roubos: São Paulo e Rio de Janeiro, que têm participação de 39,4% e 41,4%, respectivamente, no total do país. "Da redução que tivemos na região Sudeste de 3.700 casos (em 2018), 3.200 deles se referem a São Paulo e Rio. O foco está aqui, na região", diz o assessor de segurança da NTC Paulo Roberto de Souza.

Foi em consequência do assédio e prejuízo sofrido pelas indústrias desses estados, diz Souza, que elas passaram a investir mais em medidas de prevenção nos últimos anos e agora têm mostrado resultados.

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Por outro lado, a intensificação de crimes no Rio de Janeiro, tem provocado medidas radicais por parte de empresários diz o executivo do setor. "Conheço pelo menos 62 grandes empresas que abandonaram o Rio de Janeiro nos últimos anos por isso", afirma o vice-presidente da NTC Roberto Mira.

Para dar continuidade à redução dos roubos, a entidade afirma ter como foco o combate ao receptador de produtos roubados. "É preciso aumentar a pena do crime de receptação. O artigo 180 do Código Penal prevê hoje uma pena muito branda, de 1 a 4 anos. Outra condição é descapitalizar o crime organizado, ou seja, pela lei garantir o 'perdimento' de todos os bens móveis e imóveis que o sujeito adquiriu de maneira irregular". diz o assessor de segurança Paulo Roberto Souza.

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Source: Rural

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