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(Foto: Thinkstock)

 

As aparências enganam” é um ditado popular que se aplica aos caprinos. De pequeno porte e aparente fragilidade, o mamífero é mesmo um animal arretado, expressão que indica força e resistência, entre outros adjetivos, e é muito comum no nordeste do país, onde está boa parte da criação brasileira de cabras e bodes, pondo à prova a resistência do quadrúpede, por viver a maior parte do tempo sob sol escaldante e as temperaturas elevadas da região.

A rusticidade é uma das principais características que fazem dos caprinos excelentes animais para se desenvolver em qualquer canto do território nacional. Também contribui para a formação de um plantel com estrutura barata, sem necessidade de uso de grandes investimentos para a montagem de abrigos e piquetes, nem de alimentação cara para o crescimento dos exemplares.

Além da grande capacidade de adaptação ao meio em que habitam, os caprinos são animais dóceis, permitindo manejo fácil, e altamente produtivos, facilitando seu desenvolvimento quando criados em cativeiro. Pequenas áreas em propriedades rurais, sítios ou chácaras podem se tornar um capril para a lida de um rebanho de poucas cabeças e, ao mesmo tempo, de tamanho suficiente para ser fonte de renda para o produtor de poucos recursos.

O lucro da criação pode ser obtido tanto por meio da venda de reprodutores e matrizes para outros criadores quanto pelas proteínas fornecidas pelos animais. Em comparação a outras carnes vermelhas disponíveis no varejo, a de caprinos é considerada mais saudável, por conter menos teor de gordura e taxa de colesterol.

O leite e seus derivados são outros produtos com propriedades benéficas, como facilidade de digestão e de absorção de nutrientes.

Entre os laticínios produzidos a partir do leite de cabra, o queijo é um dos principais e vem registrando mercado em expansão no país. Couro, vísceras e ossos são alguns outros subprodutos do mamífero que ainda podem ser comercializados, contribuindo para incrementar a renda mensal do proprietário.

Aqui existem tanto raças versáteis para atender às diferentes finalidades de criação quanto as que são boas apenas para um fim específico. Saanen, toggenburg e alpina, da Europa, são indicadas para a produção de leite, enquanto boer, kalahari e savannah, da África do Sul, para carne. Do Reino Unido vem a anglo-nubiana, que tem dupla aptidão e ainda pode cruzar com as demais raças leiteiras e de carne. Típicas do Nordeste, marota, repartida, moxotó e canindé foram originadas dos primeiros caprinos trazidos para cá pelos colonizadores europeus.

Consultoria: Marcílio Frota, médico veterinário, doutor em zootecnia e analista do setor de clínica de pequenos ruminantes da Embrapa Caprinos e Ovinos, Fazenda Três Lagoas, Estrada Sobral-Groaíras, KM 4, Caixa Postal 71, CEP 62010-970, Sobral (CE), tel(88) 3112-7400, www.embrapa.br/fale-conosco
Onde Comprar: entre em contato com associações, instituições de asssistência técnica e extensão rural ou diretamente com criadores da região.
Mais Informações: Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC), Av. Caxangá, 2200, Parque de Exposições Prof. Antônio Coelho, Caixa Postal 7636, CEP 50711-000, Recife (PE), tel (81) 3228-2606, e entidades de criação de cada Estado.

Mãos à obra

Início
Observe a saúde das matrizes e reprodutores e, na compra, prefira os que tiverem atestados ou laudos de um médico-veterinário, além de referência de origem. A genética é outro aspecto que deve ser analisado, como precocidade e porte, inclusive deve-se solicitar a presença de parentes dos caprinos para avaliar a produção. Recomenda-se adquirir machos a partir de um ano de idade, aproximando-se da maturidade sexual.

Ambiente
Apesar de serem resistentes, os caprinos precisam de proteção contra as adversidades climáticas. Por isso, providencie instalações para abrigar os animais quando ocorrem chuvas intensas ou oscilações bruscas de temperatura. Em regiões quentes, a dica é a integração de florestas com pastos, pois as árvores propiciam sombras que amenizam o calor intenso.

Sistemas
A criação pode ser extensiva, na qual o rebanho vive em áreas abertas; semiextensiva, que permite o pastejo durante um período do dia e, em outro, mantém os animais confinados, recebendo suplementação; e intensiva, que tem o confinamento com alimentação fornecida em cocho como único método de desenvolvimento da criação.

Capril
Pode ser construído com materiais disponíveis na propriedade, como madeiras e telhas. Se adaptar um espaço ocioso do local, certifique-se de que seja arejado. O interior deve ser dividido em baias para cada fase de vida dos caprinos. Para facilitar a limpeza, sobre o piso espalhe maravalha ou forre com ripas de 3 centímetros de espessura por 5 centímetros de largura, deixando entre os sarrafos um vão de 2 centímetros e do solo uma altura de 0,5 a 1,8 centímetro.

Cuidados
Com predadores como cães, que atacam criações principalmente no Nordeste. No caso da ameaça de grandes felinos, solicite o controle de órgãos competentes do Estado. A higiene das instalações é outra atenção necessária. Diariamente, limpe o chão e os cochos e, ao menos uma vez por mês, passe vassoura de fogo ou aplique desinfetante químico.

Alimentação 
Que, em geral, é um item caro em criações, na caprinocultura pode contribuir para a redução de custos. Herbívoros ruminantes, os caprinos comem principalmente forragens, alimentos que podem ser produzidos no próprio local. Nas pastagens, contudo, recomenda-se verificar a qualidade e quantidade de consumo. Como complementos nutricionais, a dica é oferecer grãos como fonte extra de energia e proteína, que contribuem para aumentar a produtividade, e sais minerais. Não deixe faltar água limpa e fresca.

Reprodução
Dos caprinos é influenciada pela alimentação, quantidade de horas de luz do dia, temperatura, sanidade e, em alguns casos, pela raça. Para evitar coberturas precoces, separe machos de fêmeas aos três meses de idade. Em média, a cada 21 dias, a cabra está pronta para a monta, e a gestação dura cerca de 150 dias até gerar os filhotes, sendo comum o parto duplo ou mesmo triplo. Em média, o desmame ocorre entre 60 e 90 dias.

RAIO X
Criação Mínima: o centro de inteligência da Embrapa Caprinos possui ferramentas que auxiliam os criadores sobre a menor quantidade de aniamis necessária para uma produção lucrativa
Custo: varia de acordo com o local da criação
Retorno: avalie o potencial do mercado local de acordo com uma ou mais finaldiades da criação que podem ser para a venda de matrizes e reprodutores, leite, carne e outros subprodutos
Reprodução: 150 dias após ficar prenha, a fêmea dá à luz um ou mais filhotes

(Publicado originalmente na edição 403 da Revista Globo Rural, em maio de 2019)

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Source: Rural

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