Crescimento projetado para a pecuária é de 3%, maior que estimado para as lavouras. (Foto: Divulgação)
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) soltou nesta terça-feira (28/5), em Brasília, a previsão de crescimento para o agronegócio este ano e o acumulado de janeiro a março. De acordo com projeções do Ipea, o PIB do setor agropecuário deve crescer 0,6% em 2019. A previsão é de alta de 0,1% para a lavoura e 3% para a pecuária. A expectativa de uma safra de soja 4,4% menor deve impactar o desempenho do setor agrícola até dezembro.
Nos três primeiros meses do ano, o PIB do agronegócio avançou 3,4% em relação ao mesmo período de 2018. Entre janeiro e março, a agricultura cresceu 3,7%, enquanto a pecuária registrou uma expansão de 1,8%. Um dos destaques foi a produção de ovos, com crescimento de 5,6%.
Também foram analisados os preços dos principais produtos agropecuários no mercado brasileiro. Entre janeiro e março deste ano, houve aumento no valor do boi gordo, leite e ovos. Soja e café estiveram em queda. A produção de fertilizantes permanece estagnada.
Órgãos como o Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e o IBGE apontam uma queda de cerca de 4% na produção de soja este ano. Condições climáticas desfavoráveis nas principais regiões produtoras representam um dos maiores motivos para a redução esperada.
Café deve ter queda de 10% na produção este ano. (Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo)
O café também deverá enfrentar problemas, com uma queda de 10% na produção da safra atual. Já culturas como algodão e milho devem apresentar um aumento na área plantada. O algodão em caroço deve conquistar uma produção 28% superior a de 2018. A previsão é que as plantações de cevada, amendoim em casca e feijão também apresentem bom resultado.
Na pecuária, as previsões são positivas, com crescimento de 3% na produção de carne bovina, 2,1% para frango, 2,1% para o leite, 4,6% para ovos e 5,6% nos suínos. A peste suína africana, que já dizimou 1 milhão de porcos na China, tem provocado um aumento da demanda de proteína animal no país, expandindo as exportações brasileiras.
Preços domésticos
Dados da Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) analisados pelo Ipea apontam que no primeiro trimestre o preço da soja foi cerca de 3,5% superior ao mesmo período de 2018, embora tenha sido 8,5% inferior ao último trimestre. A safra de soja atual foi prejudicada pela estiagem de dezembro e as chuvas deste verão, que interromperam os trabalhos no campo. Segundo o Ipea, o cenário reflete a queda de preço de janeiro e as estimativas de menor demanda chinesa frente à redução de produção de carne suína no país.
Foi possível analisar também o comportamento dos preços do milho. Entre janeiro e março, os resultados foram positivos, com alta de 9,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A Conab estima que a produção da segunda safra de milho deve atingir 68,13 milhões de toneladas, 28,3% a mais do que na safra anterior. O clima continua favorecendo as lavouras, com expectativa de produção elevada.
As perspectivas de aumento de preço para o boi gordo vem se confirmando. No primeiro trimestre, o valor médio ficou 4,4% acima daquele obtido no mesmo período de 2018, com os frigoríficos exportando mais para atender a demanda externa e ajustando os preços domésticos.
Os preços de toda a cadeia de produção da avicultura também tiveram uma elevação entre janeiro e março, com um aumento médio de 31% do frango abatido, impulsionado pela valorização do produto no mercado internacional e uma produção interna menor. Com isso, o preço dos ovos também subiu. De acordo com o indicador do Cepea, o ovo extra branco ficou 16,5% mais caro no primeiro trimestre do ano, em comparação ao mesmo período de 2018.
Ao longo do ano, os preços na pecuária poderão ser afetados pelos desdobramentos da disputa comercial entre os Estados e a China e dos efeitos da peste suína africana no continente asiático. Não deverá haver queda nos valores praticados. A questão será saber se haverá um aumento maior de preços.
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Source: Rural