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Juliana aponta para seu nome em painel com finalistas no evento de premiação. (Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)

 

Uma pesquisa sobre o aproveitamento dos resíduos da casca da noz de macadâmia levou a estudante gaúcha de 18 anos, Juliana Estradioto, a faturar o primeiro lugar na área de Ciência dos Materiais da maior feira de ciências para pré-universitários do mundo, a Intel International Science and Engineering Fair (https://student.societyforscience.org/intel-isef).

Primeiro, a estudante pensou dar uma destinação para a casca da noz de macadâmia, que é descartada pela indústria (o processamento da noz gera 75% de resíduos). Com isso, Juliana produziu uma farinha que utilizou como fonte de alimento para os microrganismos responsáveis por produzir a membrana celulose bacteriana, um material biológico que degrada as partículas do resíduo.

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“A membrana da macadâmia possui características, como flexibilidade e resistência, que permitem a utilização em curativos para pele queimadura ou machucado. Outro uso possível é na elaboração de embalagens para o recolhimento de fezes de cachorro, em substituição ao plástico”, explicou Juliana, em entrevista ao portal do Ministério da Educação.

Embalagem com resíduo da macadâmia para coletar fezes de pets. (Foto: Divulgação )

 

 

A ideia de usar um material flexível e resistente que fosse biodegradável pelos micro-organismos surgiu enquanto passeava com o seu cachorro. “Eu recolhia as fezes com sacola plástica, percebia que não tinha destinação correta para o plástico contaminado. Depois, analisei todas as características do material, li alguns artigos que utilizam a membrana como se fosse uma veia artificial e peles artificiais. Ela está em vários locais da nossa indústria e está sendo pesquisada.

 

O projeto com o resíduo surgiu da demanda da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores de Noz de Macadâmia (Coopmac), a maior exportadora do produto no Brasil, sediada no Espírito Santo. O resíduo da agroindústria que ia para o lixo foi parar na pesquisa que Juliana fez em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo, no Rio Grande do Sul. O instituto foi essencial para que Juliana, orientada pela professora Flávia Twardowski, utilizasse os laboratórios e estrutura para a execução da sua pesquisa, já que a estudante reside em Osório, cidade com 40 mil habitantes.

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“Outra parceria foi com o Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos (ICTA), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), para fazer a caracterização dos materiais. Os equipamentos são caros. Tudo foi cedido”, contou Juliana, que vai patentear a tecnologia que ela criou.

Quero agora desempenhar mais análises no sentido de saber se ela é compatível e pode regenerar o tecido da pele"

Juliana Estradioto

A estudante, que pensa em cursar uma graduação de química com biologia, diz que a reflexão em torno aproveitamento de resíduos surgiu com um projeto voluntário, feito com a sua orientadora, para auxiliar agricultores da região a aproveitarem os resíduos produzidos. “Pensei em como poderia agregar valor a algo que seria descartado como lixo. Será que não dá pra fazer algo diferente?”, conta.

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Como próxima etapa da pesquisa, Juliana estuda agora a viabilidade da membrana da casca da macadâmia para uso na medicina. “Comecei a estudar a membrana na aplicação na área de saúde e quero agora desempenhar mais análises no sentido de saber se ela é compatível e pode regenerar o tecido da pele”, explica a jovem.

Resíduo de macadâmia estudado pela jovem era descartado pela indústrial. (Foto: Getty Images)

 

Com a divulgação da premiação em Phoenix, nos Estados Unidos, na semana passada, Juliana, além dos mais de 40 prêmios científicos nacionais e internacionais, Juliana representará o Brasil na cerimônia da entrega do Nobel, em Estolcomo (Suécia), como membro no Stockholm International Youth Science Seminar — evento que reúne, todos os anos, os 25 mais promissores jovens cientistas do mundo, entre 18 e 25 anos.

Juliana conta que recebeu a notícia com imensa surpresa quando ouviu o anúncio de que o primeiro lugar iria para a estudante de Osório (RS). “Na hora eu pensei: deve ter outro lugar no mundo que se chama Osório (risos). Quase tive um ataque cardíaco, não conseguia acreditar, subi no palco tremendo”, lembra.

Casca de maracujá
No ano passado, Juliana ficou em primeiro lugar no Prêmio Jovem Cientista, com o trabalho Desenvolvimento de Filme Plástico Biodegradável a partir da Fibra Residual do Maracujá. Juliana fez um protótipo de plástico biodegradável para armazenar mudas de plantas, utilizando a casca do maracujá, que representa 70% do total do fruto. “Seria uma forma de reduzir consideravelmente o consumo dos tradicionais saquinhos plásticos pretos, utilizados em grande escala pelos agricultores e floriculturas”, explicou a jovem na época, aos 17 anos.

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Source: Rural

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