Zangão Chileno (Foto: Getty Images)
A maior abelha do mundo (Bombus dahlbomii), nativa do Chile, tem desaparecido em consequência de uma massiva invasão de espécies europeias introduzidas por agricultores para polinizar suas plantações. A gigante de cor laranja dourado, que pode medir mais de 40 mm – apelidada de “ratos voadores” – está sendo dizimada por patógenos trazidos pelos insetos importados – altamente adaptáveis, além da competição por alimento e habitat.
A cada ano, mais de 2 milhões de colônias de abelhas são exportadas de fábricas na Europa para estufas em mais de 60 países. Essas abelhas industriais são criadas e vendidas por suas fabulosas habilidades de polinização. Com corpos gordos e peludos, são perfeitos para sacudir o pólen da parte masculina da planta para a feminina. Essa polinização pode levar a um aumento de 30% no rendimento de tomates, em comparação com a polinização manual, feita com uma varinha.
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Em todo o mundo, as abelhas industriais viajam polinizando frutas e vegetais, incluindo aqueles que são extremamente dependentes desses insetos para se reproduzirem. Mais de um terço da produção agrícola mundial depende de polinizadores e esses serviços são estimados em até US$ 577 bilhões (mais de R$ 2 trilhões) anuais para a economia global.
No entanto, desde a década de 1980, o crescimento do comércio de abelha para a polinização agrícola foi identificado como um dos principais problemas ambientais emergentes que provavelmente afetarão a diversidade mundial.
Zangão Chileno (Foto: Getty Images)
Desde 1997, só o Chile importou mais de 1,2 milhão de colônias de abelhas de fábricas da Bélgica, Eslováquia e Israel. Ao longo dos anos, elas escaparam das estufas e se espalharam mais de 2.000 km até o extremo sul da América do Sul, cruzando a Cordilheira dos Andes até a Argentina e do Pacífico até a costa do Atlântico.
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O zangão europeu mais exportado é o zangão-de-cauda-amarela (Bombus terrestris), nativa do Reino Unido. Mas esta abelha altamente adaptável pode causar estragos em ecossistemas não-nativos. Seis parasitas foram identificados na abelha e competem por locais de nidificação (formação de ninhos) e alimentação com zangões locais e outros polinizadores nativos, como beija-flores, prejudicando a propagação de plantas nativas. Também aumenta a disseminação de plantas invasoras, originárias da Europa.
Abelhas brasileiras
Apenas nos primeiros três meses deste ano, 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas por apicultores no Brasil, segundo levantamento feito pela ONG Repórter Brasil em parceria com a Agência Pública. A grande maioria dos casos foi registrada no Rio Grande Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
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Além da morte em massa de colmeias em apiários, cinco espécies nativas de abelhas estão ameaçadas de extinção em biomas brasileiros: três delas habitam a Mata Atlântica, uma o Cerrado e outra o pampa gaúcho.
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Source: Rural