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O presidente da Divisão de Operações Agrícolas da Bayer no Brasil, Gerhard Bohne (Foto: Bayer/Divulgação)

 

“Não foi um erro a aquisição da Monsanto. Por ter muitas sementes e poucos químicos, a Monsanto sempre foi a noiva mais bonita do baile para a Bayer porque era 100% complementar a nossa empresa.” A afirmação foi feita pelo presidente da Divisão de Operações Agrícolas da Bayer no Brasil, Gerhard Bohne, em entrevista exclusiva à Globo Rural durante a 26ª Agrishow, feira agrícola em Ribeirão Preto.

Desde a compra da empresa de sementes no ano passado, a multinacional alemã se tornou a líder global em sementes e pesticidas, mas responde a milhares de processos nos Estados Unidos, que alegam que o herbicida Roundup, à base de glifosato, que fazia parte do portifólio da Monsanto, causa câncer. A Bayer já foi condenada a pagar US$ 289 milhões a um jardineiro que teria desenvolvido a doença por causa do Roundup e está recorrendo. Enfrenta também críticas de seus acionistas por ter exposto a Bayer ao “vírus Monsanto”.

Bohne admite que a empresa não esperava tantas dificuldades nem a queda das ações com a aquisição, mas diz que o desinvestimento foi baixo (a Bayer teve que vender para a Basf seu negócio global de sementes de hortaliças) e a fusão se justifica amplamente porque o salto na eficiência da agricultura no futuro vai passar pela otimização da agricultura digital, incluindo a redução do uso de químicos e a integração de biotecnologia e sementes.

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Para o executivo, o glifosato é um produto extremamente seguro e necessário, especialmente para a agricultura brasileira, com sua condição tropical e duas safras por ano. “Não dá para cultivar 35 milhões de soja como faz o Brasil sem o glifosato porque o custo de produção seria muito alto e a produtividade, baixa.” A explicação é que, sem o inverno e com massa verde no campo o ano todo, há uma propagação de insetos muito maior, desenvolvimento de doenças mais rápido e não há dormência das pragas, como ocorre nos Estados Unidos, por exemplo.

No Brasil, a Bayer não responde a processos contra o glifosato, segundo Bohne, mas a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está reavaliando o uso do produto desde 2008. Em fevereiro, parecer da área técnica da agência liberou o agrotóxico, alegando que ele não causa problemas à saúde, mas o órgão abriu consulta pública por 90 dias para a sociedade se manifestar, antes de finalizar a regulamentação do glifosato, principal ingrediente ativo de vários herbicidas, além do Roundup.

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O executivo afirma que o Brasil responde por 15% do negócio global da Bayer, só ficando atrás dos EUA, e que a empresa está investindo em várias tecnologias para lançamento de novos produtos e sementes no país. Na Agrishow, além dos defensivos, a Bayer promove sua plataforma digital Climate FieldView, lançada há dois anos, que mapeia todas as operações de plantio, pulverização e colheita ao longo da safra.

Descendente de alemães, Bohne diz que o agronegócio brasileiro, além de aumentar sua produtividade e eficiência, tem o grande desafio de se comunicar melhor com o mundo. “A agricultura brasileira é altamente sustentável, mas nós não vendemos bem o excelente trabalho ambiental que fazemos por aqui. Isso precisa mudar.”

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Source: Rural

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