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Excesso de água também atrapalha a formação do cereal, o que tende a reduzir seu valor proteico – principal índice de qualidade do trigo. (Foto: Acervo/Ed. Globo)

 

A previsão de chuvas para o Meio-Oeste dos Estados Unidos, também conhecido como Cinturão Agrícola do país, região que ainda está com o solo úmido depois das recentes inundações, pode sustentar a alta dos preços do trigo, na análise de consultorias de commodities agrícolas. "Uma meta de US$ 5 por bushel, por enquanto, é um objetivo muito realista", disse o presidente da empresa de consultoria Hackett Financial Advisors, Shawn Hackett. Segundo ele, a projeção é baseada no atual nível de chuvas nas lavouras e na previsão de novas precipitações para o mês de abril.

Atualmente, os contratos futuros do trigo, negociados na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês), são negociados por volta de US$ 4,50 o bushel. No último pregão, o vencimento maio fechou em US$ 4,6775 por bushel. Analistas esperam um incremento também nas cotações do trigo duro vermelho de inverno, negociado em Kansas City. Na sexta-feira (5/4), os contratos para maio fecharam em US$ 4,3125 o bushel.

Analistas da Barron's acreditam que há motivos para uma recuperação rápida dos preços do cereal, em virtude da combinação atípica de clima desfavorável e níveis de umidade acima das médias históricas em algumas regiões de desenvolvimento do trigo. "A maioria das diretrizes sugere um padrão mais úmido do que o normal, em média, de abril a setembro na maioria das áreas produtoras", apontou o meteorologista-chefe de agricultura da Weatherbell Analytics, Joe D'Aleo. Segundo D'Aleo, algumas regiões importantes de crescimento do cereal, como os Estados do Kansas e Oklahoma, já tiveram volume recorde de chuvas e alagamentos que ainda não recuaram completamente.

A Hackett Financial Advisors explica que, por ser um fenômeno climático atípico, não há base comparativa para prever os impactos da umidade excessiva no plantio dos EUA e no nível de rendimento do cereal. "Este é um evento de 100 anos e deve ser tratado como tal", afirmou o presidente da consultoria, Shawn Hackett.

Alguns analistas consideram que se forem confirmadas as chuvas intensas, previstas para abril, somadas ao solo ainda úmido da região, isso poderia se refletir negativamente sobre o tamanho da safra e também na qualidade do cereal. "Qualquer precipitação adicional significa que você terá inundações imediatas", disse Hackett. "Com isso, corre-se o risco de que a chuva atrapalhe o desenvolvimento da safra e, consequentemente, resulte em menor rendimento". Além de prejudicar a produtividade das lavouras, o excesso de água nos grãos atrapalha a formação do cereal, o que tende a reduzir seu valor proteico – principal índice de qualidade do trigo. "Menor teor de proteína significa que a cultura não atingiria a qualidade exigida para pães e massas de alta qualidade", completou Hackett.

Para os analistas, é essa qualidade abaixo do padrão, combinada com aperto na oferta, que deve elevar os preços dos grãos de qualidade superior, refletindo-se em aumento generalizado nas cotações do cereal. Entretanto, ainda há de se considerar a real ocorrência de novas precipitações na região tritícola e as medidas adotadas pelos agricultores para mitigar os danos do clima adverso.
Source: Rural

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