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Case comemora 75 anos da mecanização da lavoura de cana-de-açúcar com colheitadeira que leva o nome de John Pearce Signature (Foto: Alexandre Lombardi/ Divulgação )

 

Progressivamente, a queima da cana-de-açúcar vem sendo proibida no Brasil, um benefício ambiental para a sociedade e agronômico para a indústria do agribusiness. Mas, apesar das recentes iniciativas nesse sentido no País, a tecnologia para realizar esse trabalho é muito mais antiga. E a mecanização da colheita da cana-de-açúcar está atada em laço duplo à Austrália. Foi lá que, em 1944, os irmãos Harold e Collin Toft inventaram o embrião desse tipo de instrumento agrícola, necessário à época no campo uma vez que a Segunda Guerra Mundial transformara cortadores de cana em soldados.

Os campos brasileiros começaram a conhecer essa tecnologia somente a partir dos anos 1970, com o impulso da Ditadura ao Pró-Álcool. E isso ocorreu também pelas mãos de um australiano: Stanley “John” Pearce, que chegou ao País em maio de 1977, como representante da Austoft. Pearce e um irmão estavam acostumados ao uso dessas máquinas na Austrália, chegaram até mesmo a ter uma plantação de cana.

E nesses últimos 42 anos, a empresa se associou a muitos parceiros, nacionais e estrangeiros, mudando de comando nos ventos da globalização, até fazer de sua fábrica em Piracicaba, no interior de São Paulo, o centro mundial de produção e inovação da companhia. E nesse vai e vem de proprietários, Pearce é considerado como o principal mentor do projeto no Brasil, sem o qual nada existiria.

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“O John foi a alma do negócio, ele nos inspirou”, afirma Sérgio Luiz Verdicchio, representante da hoje Case IH, que pertence ao grupo CNH Industrial. E Verdicchio conheceu esse “véinho invocado”, nas palavras do vice-presidente da Case IH para o Brasil e América Latina, Christian Gonzalez, em agosto de 1979, quando era um jovem estagiário. Pearce pediu para um funcionário trabalhar no sábado, coisa que ele se negou a fazer. E, então, chamou aquele rapazote de uns 20 anos que estava ao lado. “’Menino, você vem amanhã?’ E eu disse ‘sim’, mas não tinha conhecimento das peças. E passamos o dia separando peças para atender um cliente. E ele, como superintendente, ele pegava cada peça e me explicava para o que servia. Isso não se vê hoje! Eu me sentia lisonjeado sendo treinado por um superintendente. Ele foi meu padrinho profissional.”

Case comemora 75 anos da mecanização da lavoura de cana-de-açúcar com colheitadeira que leva o nome de John Pearce Signature (Foto: Alexandre Lombardi/ Divulgação)

Pearce morreu aos 80 anos, em junho de 2017. E para cumprir uma antiga promessa, a companhia resolveu prestar uma dupla homenagem ao australiano: uma edição especial de sua mais nova colheitadeira, lançada em 2018, com o nome de Pearce. A máquina terá o mesmo preço das demais, R$ 1,2 milhão. Ela, no entanto, é pintada de preto, enquanto que a marca registrada da Case IH é a cor vermelha. E também traz no chassi a assinatura de Pearce. Serão fabricadas 50 máquinas, uma das quais será exibida na próxima feira Agrishow, que será realizada entre os dias 29 de abril a 3 de maio.

A primeira

A primeira John Pearce Signature foi entregue à Usina São Martinho na última quarta-feira, dia 20 de março. “A gente dizia a ele que iriamos fazer uma máquina para colocar o seu nome. E ele respondia: ‘só se máquina ser boa’”, lembra, realçando o sotaque inglês, o vice-presidente da companhia. Vagner Furlan, diretor da fábrica de Piracicaba, não poderia dizer o contrário. Ele afirma que o modelo 2018 é o melhor já fabricado pela companhia, que comemorou não apenas os 75 anos de mecanização da plantação de cana, mas a marca de 7,5 mil unidades fabricadas na unidade. Se fosse possível colocar todas essas máquinas em fila, seria possível preencher os 120 quilômetros que separam Piracicaba de Sorocaba pela Rodovia do Açúcar.

Apresentação da John Pearce Signature (Foto: Alexandre Lombardi/ Divulgação )

 

No ano passado, a companhia produziu 600 unidades, mas tem a capacidade para construir 2 mil dessas máquinas ao ano. Considerando outros produtos, como pulverizadores, colheitadeiras de café, plantadeiras de grãos, a produção anual total chega a 1.700 unidades. A fábrica, com 84 mil metros quadrados de área total e 22 mil metros quadrados de área construída, exporta sua produção para 55 países.

Modernização

A colheitadeira atual tem uma tecnologia de rotação do motor que propicia a economia de 15% de diesel, algo crucial para as usinas. Segundo Fábio Venturelli, CEO da usina São Martinho, o gasto por safra com combustível chega a R$ 250 milhões. Roberto Biasotto, gerente de marketing de produto da Case IH, também lembra avanços na área de automatização. Desde 2008, esses veículos gigantes que rodam sob uma esteira, saem de fábrica com piloto automático de velocidade e de direção, função que permite um corte mais preciso nas linhas de cultivo e que pode aumentar a produtividade em até 33%.

Sem operador

Para Gonzalez, ainda é muito cedo para se fazer previsão sobre quando haverá um instrumento desses rodando pelas plantações sem um operador. “Isso vai depender do ponto em que a inteligência artificial e o algoritmo forem superiores aos nossos melhores operadores”, explica. O caminho até o veículo autônomo dependerá, também, da implementação de novos sensores e técnicas de aprendizado de máquina. E, até chegar lá, há intenção de fazer com que a tecnologia já existente consiga “conversar” com outros implementos no campo, como tratores e carregadores. “É uma direção que não tem volta”, afirma. A companhia ainda estuda o uso de combustíveis alternativos, como biodiesel, etanol e também a eletricidade para mover esses gigantes no futuro.

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Pelos cálculos da empresa, o nível de mecanização nas lavouras de cana no Brasil já ultrapassa 90%. Gonzalez espera que isso não impeça o crescimento do ritmo de produção da companhia, uma vez que países como Guatemala, Colômbia e Índia têm nível entre baixo e médio de mecanização na cana. Isso pode ampliar as exportações da fábrica em Piracicaba. E para Paulo Rivolo, diretor comercial da Case IH, as recentes indicações de mudança na política externa brasileira não devem prejudicar as vendas externas.

“Eu sou atípico, eu sou muito otimista”, diz Rivolo, nascido na Itália, mas carregado de sotaque espanhol. “Não sei se o governo vai fazer tudo que prometeu, mas a premissa é expandir comércio com os Estados Unidos. Eu acredito que Donald Trump e Jair Bolsonaro têm pontos em comum para fazer acordos. Mas não se pode fugir de fazer acordos com a China e a Europa. De qualquer forma, eu vejo um futuro muito promissor no agribusiness.”

*O jornalista viajou a convite da Case IH

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Source: Rural

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