Aplicação de glifosato na lavoura. (Foto: Thinkstock)
Um júri em São Francisco decidiu que um homem desenvolveu câncer por causa da exposição ao herbicida Roundup, no segundo caso envolvendo o produto da Bayer a ir a julgamento. Agora, o júri de seis pessoas deve começar a analisar evidências para decidir separadamente se a Monsanto, comprada pela Bayer no ano passado, deve ser legalmente responsabilizada, o que poderia resultar em indenizações substanciais.
O veredicto inicial representa outro revés para a Bayer, que em agosto do ano passado foi condenada a pagar US$ 289,2 milhões a um ex-jardineiro, no primeiro caso a ir a julgamento envolvendo o herbicida. Na ocasião, um júri considerou que a exposição prolongada ao glifosato, um componente essencial Roundup, seria a causa do câncer do ex-jardineiro Dewayne Johnson. O valor da indenização foi depois reduzido para US$ 78,5 milhões, mas a Bayer recorreu da decisão.
O veredicto da terça-feira, 19, deve pressionar ainda mais as ações da Bayer, que caíram acentuadamente desde agosto. Analistas e investidores acreditavam que a Bayer teria uma vantagem neste segundo julgamento, após um juiz na Califórnia ter permitido em janeiro uma divisão na apresentação de evidências do caso.
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Na primeira fase, os advogados do autor da ação tiveram de mostrar que o glifosato foi a causa do câncer no paciente. Na segunda fase, serão apresentadas evidências para avaliar se houve conduta imprópria da Monsanto e se a companhia tentou influenciar reguladores.
A companhia alemã disse que enfrenta atualmente 11.200 processos judiciais envolvendo o Roundup. Outros seis julgamentos devem começar neste ano em tribunais federais e estaduais dos EUA.
Em comunicado, a Bayer disse que está decepcionada com a decisão mas que continua "a acreditar firmemente que a ciência confirma que herbicidas à base de glifosato não causam câncer". A companhia disse ainda que a segunda fase do julgamento "vai mostrar que a conduta da Monsanto foi apropriada".
Aimee Wagstaff e Jennifer Moore, advogadas do autor da ação, Edwin Hardeman, disseram que seu cliente está satisfeito com a decisão unânime do júri. "Agora, vamos nos concentrar nas evidências de que a Monsanto não adotou uma postura responsável e objetiva sobre a segurança do Roundup", disseram.
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Source: Rural