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"Precisamos definir estratégias europeias", disse o presidente francês sobre a agricultura do continente (Foto: Reprodução/Linkedin)

 

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse, neste sábado (23/2) que a agricultura da Europa é “ameaçada de fora”, em uma referência a países como Rússia, China e Estados Unidos. “E de dentro”, referindo-se aos problemas internos que afetam o setor agropecuário europeu. Macron discursou no tradicional Salão de Agricultura de Paris e defendeu uma “reinvenção” da Política Agrícola Comum na União Europeia para defender a soberania alimentar, ambiental e industrial do bloco.

“Precisamos definir estratégias europeias setor por setor”, disse o presidente francês. Na visão dele, a União Europeia não pode concorrer com outras potências agrícolas se adotar uma estratégia de segmentação, de acordo com as informações divulgadas pela imprensa francesa.

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A Política Agrícola Comum (PAC) é um sistema de subsídios ao setor no bloco europeu. Foi criado em 1957 e colocado em prática em 1962 baseado em princípios como livre troca de produtos, nível comum de preços e acesso dos consumidores e preferência por produtos da região. As negociações para o desenvolvimento da futura PAC está começando, em Bruxelas.

Para Macron, é preciso criar redes europeias de produção para integrar o continente em logística, armazenagem e informação. Defendeu ainda que uma parte significativa da PAC deveria ser dedicada a questões ambientais.

“Minha crença é que os agricultores são mais do que qualquer um comprometido em preservar o planeta, a biodiversidade, porque eles vivem e moram lá”, disse o presidente francês, de acordo com a LCI.

Glifosato

Emmanuel Macron comentou também a situação do uso do glifosato na França. Em janeiro, a Justiça da França proibiu a comercialização do herbicida RoundUp, feito à base do princípio ativo e comercializado pela Bayer.

Apesar da liberação do herbicida por parte da Comissão Europeia, o tribunal de Lyon alegou ter tomado a decisão por motivos de precaução. Segundo a corte, há estudos científicos que sugerem riscos do uso do produto para a saúde humana e animal. A Bayer contesta a decisão e afirma que há evidências também científicas da segurança do produto.

Segundo a imprensa francesa, no discurso feito neste sábado, o presidente reconheceu que não é de hoje que se tem conhecimento de que o produto é tóxico e que não houve confiança na força dos pesquisadores. Garantiu ainda que os agricultores não ficarão sem uma solução e que todas as alternativas possível serão avaliadas.

Falou, no entanto, que é possível fazer do vinhedo francês pode ser o primeiro do mundo sem o uso do glifosato. “Quando eu olho para o vinhedo francês, eu acho que podemos fazer o primeiro vinhedo do mundo sem glifosato. Em 80% dos casos, essa transição será realmente feita” disse, segundo o Le Monde.

Fabricado originalmente pela Monsanto, o RoundUp passou a pertencer a Bayer com a compra da companhia americana pela alemã. Bastente utilizado na agricutura, o herbicida tem sido alvo de ações judiciais em várias partes do mundo. Além da recente decisão francesa, nos Estados Unidos, a empresa foi condenada a pagar uma indenização milionária a um jardineiro que teve seu diagnóstico de câncer associado à exposição ao herbicida.

No Brasil, a discussão mais recente aconteceu no ano passado, às vésperas do plantio da safra 2018/2019. Uma decisão da Justiça Federal proibiu o uso e a comercialização até que fosse concluída a reavaliação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A liminar foi derrubada e o glifosato voltou a ser liberado na agricultura brasileira.

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Source: Rural

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