Vista da Agrishow, uma das principais feiras de tecnologia agrícola do Brasil (Foto: Divulgação/Agrishow)
Representantes da indústria de máquinas e equipamentos agrícolas sinalizam um cenário otimista para as feiras agropecuárias deste ano. Diretores de empresas ouvidos pela Globo Rural acreditam não apenas em crescimento dos negócios durante os eventos, mas também na relevância deles como vitrine das novas tecnologias e como indutor de vendas ao longo de 2019.
De modo geral, as estimativas de crescimento estão entre 5% e 10%, especialmente nas grandes empresas. Entre as menores, há quem fale em até 20% de expansão das vendas. “Os negócios nas feiras devem superar o ano passado, sobretudo nos eventos realizados no primeiro semestre”, avalia Alexandre Blasi, diretor de mercado Brasil da New Holland, do grupo CNH.
A participação das empresas nas feiras vai, muitas vezes, além do evento em si. De acordo com os representantes das fábricas, há negócios que começam a ser feitos nos estandes, mas acabam sendo fechados semanas ou até meses depois. Ou, ao contrário, é feita uma prospecção de clientela antes para fechar as vendas durante a exposição.
Em que pese as diferenças de estratégia de cada fabricante, há um certo consenso de que as feiras deverão papel importante nos resultados do ano. Seja as de grande porte e maior projeção nacional, seja as menores, chamadas de regionais, geralmente voltadas para uma cultura ou para produtores rurais de uma região específica.
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“As feiras pautam as tendências do mercado”, diz Eduardo Nunes, gerente de vendas da Massey Ferguson, uma das marcas do Grupo AGCO. “Você tem hoje uma regionalização bem marcada e de alguma forma você consegue apresentar o portfólio adequado e customizar isso”, explica ele, reforçando o otimismo em relação aos negócios da empresa nas feiras.
Visão semelhante tem a Landini do Brasil, que vem ampliando a participação, como afirma Ricardo Vianna, diretor de operações. Em 2013, estreou na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP); Em 2014, no Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR); Em 2015, na Expointer, em Esteio (RS). Neste ano, estreia na Expodireto Cotrijal, em Não-me-toque (RS).
“Somos um empresa relativamente recente, que está se colocando no mercado. Em muitas regiões ainda não chegamos e as feiras são importantes”, diz o executivo. Multinacional de origem italiana, a Landini iniciou sua operação própria no Brasil em 2013. Aqui, vende tratores de 45 a 230 cavalos entre importados e de fabricação nacional.
Para a Case, também do grupo CNH, o momento é de consolidar o portfólio, renovado por lançamentos feitos ao longo dos últimos três anos. “Não temos um lançamento iminente. Estaremos com a presença de fábrica nas feiras nacionais e nas demais dando suporte à nossa representação em nível regional”, diz Diogo Melnick, gerente de marketing para a América Latina.
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Reforçar a presença dos lançamentos recentes deve ser também a prioridade da LS Tractor, multinacional de origem sul-coreana. Depois de um 2018 com expansão de 25% nas vendas nas exposições agropecuárias, a empresa aposta, especialmente, nas feiras de grande porte para manter o ritmo.
“Serão fundamentais para consolidar esses lançamentos. Temos tratores em linha de produção, com resposta de campo e em quantidade suficiente para atender à demanda e isso só deve nos ajudar a fortalecer os números neste ano”, acredita o gerente nacional de vendas, Ronaldo Pereira.
Mas quem visitar as feiras não deixará de ver coisa nova, afirmam fabricantes. Sempre com a promessa de alta tecnologia embarcada em equipamentos de diversos tamanhos e funções, economia de combustível, contribuição positiva para o meio ambiente e mais precisão e rendimento no trabalho de campo.
No ano passado, a Jacto participou de 43 eventos no Brasil. Neste ano, pretende repetir o número. Fernando Gonçalves Neto, diretor-presidente da empresa, reafirma a crença nas exposições como vitrine das inovações.
“Os lançamentos farão diferença. Nossa participação em feiras tem um caráter mais institucional. Boa parte dos negócios não são fechados lá, mas têm uma influência muito importante”, diz o executivo, cuja empresa aumentou em 20% as vendas em 2018.
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Na Valtra, também do grupo AGCO, o plano para 2019 é completar a renovação das linhas de produtos que vem sendo feita pelo menos desde 2017. A procura cada vez maior do produtor rural por tecnologia para suas lavouras é um dos fatores de otimismo da empresa para as feiras neste ano, de acordo com o gerente de vendas, Junior Rodrigues.
“Otimismo é essencial. Acreditamos em um volume maior de negócios em 2019, acompanhando o mercado. Acreditamos no agricultor brasileiro investindo mais em novas tecnologias”, diz ele.
Em todo o ano passado, as vendas de máquinas agrícolas aumentaram 12,7% em relação a 2017, totalizando 47,777 mil unidades, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que reúne as maiores montadoras no país.
A comercialização de tratores (rodas e esteiras) cresceu 9,43%, atingindo 39,301 mil veículos. Entre as máquinas para colheita (grãos e cana), o aumento foi de 21,87%, para 6,408 mil unidades. A expectativa da Associação para 2019 é de um aumento de 10,9% nas vendas do segmento agrícola.
Moderfrota
Instituições financeiras que operam no agronegócio também demonstram otimismo para as feiras agropecuárias. Em 2018, o banco Santander aumentou em 26% a captação de propostas e em 35% a conversão delas em negócios em relação a 2017. A expectativa é de continuar a crescer, diz o superintendente executivo de Agronegócios, Paulo Bertolane.
Banco que financia os equipamentos das marcas do grupo AGCO, o AGCO Finance também vem de um ano positivo em 2018 e espera pelo menos manter o desempenho em 2019. As maiores feiras do calendário respondem por 15% a 20% dos desembolsos feitos pela instituição ao longo do ano, explica o superintendente comercial Paulo Schuch.
O otimismo, no entanto, não ignora as incertezas do atual momento. Atingida por problemas climáticos, a safra de soja deve ser menor no ciclo 2018/2019. E ainda se espera um detalhamento maior sobre os rumos que o novo governo pretende dar para a economia, de um modo geral, e o agronegócio, em particular.
“Existe uma expectativa e estamos nos preparando para uma eventual mudança. Ainda não há um direcionamento de política de governo e estamos preparados para as decisões que vierem”, analisa Bertolane, do Santander.
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Uma das principais preocupações neste momento é com a disponibilidade de recursos para a principal linha de financiamento de máquinas e equipamentos com juros subsidiados: o Moderfrota. O Plano Agrícola e Pecuário 2018/2019 reservou R$ 8,9 bilhões para serem utilizados no programa entre julho de 2018 e junho deste ano. Só de julho a dezembro de 2018, foram liberados R$ 5,26 bilhões, a taxas de juros que variam de 7,5% a 9,5% ao ano.
A situação levou a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) a pedir ao governo um aporte de R$ 3 bilhões ao programa. Em documento, a entidade afirma que o montante atual é suficiente para atender a demanda até março, três meses antes do fim do calendário-safra 2018/2019.
“A continuar com as vendas aceleradas, podemos ter um buraco de 60 a 90 dias em algumas linhas, caso não ocorra suplementação”, alerta Schuch, do AGCO Finance.
Executivos das indústrias de máquinas ouvidos por Globo Rural reforçam a preocupação com os recursos do Moderfrota. Mas, de modo geral, sinalizam estar confiantes de que o governo atenderá a demanda por um reforço no funding do programa para o restante do atual ano-safra.
(Dados/Anfavea)
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Source: Rural