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A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, durante o evento. (Foto: Reprodução)

 

Realizado em Brasília, no último dia 12 de dezembro, o primeiro encontro Agro Cenário 2019 abriu espaço para agricultores, parlamentares, acadêmicos e especialistas debaterem sobre o futuro do setor nos próximos anos. A abertura do evento, organizado pela Aprosoja e pela Corteva AgriscienceTM, Divisão Agrícola da DowDuPont, começou com a fala da futura ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a deputada Tereza Cristina.

Ciente do enorme desafio, a futura ministra disse que pretende acabar com as divisões entre pequenos, médios e grandes agricultores. "Temos que ter políticas públicas para que todos tenham êxito. E vamos tornar a agricultura familiar parte da pujança da agricultura brasileira", afirmou durante seu discurso.

Outro ponto importante ressaltado pela parlamentar foi a escolha do novo responsável pela pasta do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "Temos o Ministério do Meio Ambiente afinado com a agricultura. O presidente escolheu alguém sem viés ideológico, montando um ministério que pode nos dar agilidade, sem deixar o Código Florestal ser destruído".

A meta, de acordo com ela, é facilitar a vida do empreendedor brasileiro. "Temos uma oportunidade única e uma responsabilidade grande de fazer essa mudança. O Brasil já está dando certo e temos que dar mais certo porque conhecemos o nosso negócio e temos competência", finalizou.

O atual titular da pasta, Blairo Maggi, também esteve presente no evento, e fez uma reflexão sobre os avanços conquistados ao longo de sua gestão.

O cenário político de 2019 no agronegócio

Logo depois da abertura, teve início o primeiro painel do dia com o tema "Impactos do Cenário Político em 2019 no Agronegócio Brasileiro". Mediado pelo jornalista Tales Faria, editor do Poder360, o painel começou com a fala de Antônio Marcos Umbelino Lobo, superintendente da Umbelino Lobo Consultoria, que disse ver com bons olhos o novo quadro político do país.

"Tivemos uma pulverização grande tanto na Câmara, quanto no Senado. Tem muita novidade e um novo modo de fazer política surgindo no Brasil. Precisamos ver como será o comportamento dos novos parlamentares e como se dará a relação do novo governo com o Congresso – que estará debaixo de muitos holofotes", contextualizou.

O deputado Alceu Moreira, presidente eleito da Frente Parlamentar Agropecuária, em discurso. (Foto: Reprodução)

 

Na sequência, o deputado Alceu Moreira, presidente eleito da Frente Parlamentar Agropecuária, criticou o modelo de lideranças partidárias, revelando-se a favor das lideranças temáticas, que devem ganhar poderes em 2019.

Em fala rápida, Celso Luiz Moretti, agrônomo e presidente em exercício da Embrapa, defendeu o trabalho executado pela estatal, que "tem sido bastante requisitada pelo Parlamento, desenvolvendo tecnologias e provendo soluções de apoio às políticas públicas" – afirmação que vai ao encontro do que disse João Henrique Hummel, diretor-executivo do Instituto Pensar Agro.

De acordo com ele, é preciso atualizar a legislação, ainda presa à defesa agropecuária redigida em 1934 e ao código rural de 1965. "A agricultura de 40 anos atrás mudou. Caminhamos para liderança de exportação e precisamos mostrar para a sociedade brasileira qual é a nova agricultura e quais são os marcos legais que precisamos".

Inovação e tecnologia para o agronegócio

O segundo painel, mediado por Luiz Carlos Federizzi, da UFRGS, tratou de "Soluções e inovações de impacto para o Agronegócio". E a principal delas foi, sem dúvida, a apresentada pela líder de pesquisa da Corteva AgriscienceTM, Sandra Milach.

A pesquisadora mostrou, de forma didática, a tecnologia CRISPR-Cas, criada para melhorar genes de uma planta por meio de alterações em seus DNA. "Com CRISPR podemos encontrar uma localização específica no genoma e apagar ou substituir sequências genéticas nativas da planta, direcionadas para o desenvolvimento de uma melhora genética".

Um dos pontos importantes da nova tecnologia é sua diferença em relação aos transgênicos, pois ao utilizar o CRISPR para incorporar resistência a uma doença específica, por exemplo, é utilizada uma variedade da mesma espécie de planta, simulando mutações que inclusive já existem na natureza.

"O primeiro produto dessa categoria a ser comercializado no Brasil é o milho ceroso da Corteva, que foi aprovado sendo considerado um produto tradicional de melhoramento, e não transgênico", explicou a especialista, afirmando que a empresa tem o comprometimento de democratizar essa tecnologia e que o Brasil pode estar no grupo que vai liderar sua adoção.

Particopantes durante o primeiro encontro Agro Cenário 2019 (Foto: Reprodução)

 

Na sequência, Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja Brasil, defendeu a utilização da biotecnologia como auxílio ao produtor rural e pediu agilidade na liberação de seu uso, da mesma forma que Luis Eduardo Pacifici Rangel, secretário de defesa agropecuária do Ministério da Agricultura, que afirmou que o órgão aumentou a média de registros de defensivos agrícolas para 400 por ano.

"Posso tranquilizar todos que, no novo governo, a área regulatória vai seguir se desburocratizando com ferramentas de gestão", garantiu ele, salientando que é preciso focar na busca de soluções com as características do nosso território, e não baseadas no que funciona em países com climas distintos, como o Canadá e os Estados Unidos.

A falta de pesquisa esteve presente na fala final de Alexandre Nepomuceno, pesquisador da Embrapa Soja, que criticou a polêmica em torno dos alimentos transgênicos e garantiu que o mesmo não deve ocorrer com a tecnologia da edição de genoma.

"A produção de soja aumentou seis vezes nos últimos anos graças às novas tecnologias. Mas quanto desse valor voltou para a pesquisa? Zero. As parcerias público/privadas precisam ser repensadas. Nos EUA, o Check Off toma 0,5% do valor gerado e aplica em novas soluções. Precisamos de investimentos para o Brasil manter sua competitividade e sustentabilidade", finalizou.
Source: Rural

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