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Fotos: Ricardo Benichio

 

 

 

 

 

 

 

* Reportagem publicada originalmente na edição de dezembro/2018 de Globo Rural

Bumpuku, ou “felicidade em compartilhar”. Com esse conceito do escritor japonês Koda Rohan, o técnico que inventou a primeira polvilhadeira costal do Brasil e a primeira colhedora mecânica de café do mundo decidiu inovar novamente: entregou aos filhos o comando da Jacto, indústria de máquinas agrícolas que fundou em Pompeia (SP), em 1948, a partir de uma pequena oficina em que anunciava consertar qualquer coisa, e criou uma fundação para investir em educação.

Nascia, então, em 1979, a Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, instalada em uma fazenda de 85 hectares no mesmo município da fábrica. A propriedade foi comprada com as economias pessoais do japonês Shunji, que desembarcou no Brasil em 1932, aos 22 anos, com apenas U$ 100 no bolso, um curso de técnico mecânico e uma Bíblia.

No mês passado, passados quase 40 anos, o campus da Fundação, que já abriga unidades parceiras da Fatec (Faculdade de Tecnologia) e do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), inaugurou um moderno prédio de 5 mil metros quadrados, com investimento de R$ 14 milhões e a promessa de muita inovação.

“A nova metodologia do Colégio Shunji Nishimura vai revolucionar a educação no Brasil”, diz Jiro Nishimura, presidente do conselho da entidade, membro da segunda geração.

O método profound learning (“aprendizado profundo”), exclusivo no Brasil, é inspirado no modelo implantado há 25 anos pelo professor canadense Thomas Rudmik em uma escola em Calgary, maior cidade da província de Alberta, no Canadá. Funciona através de um ecossistema de aprendizagem que utiliza pesquisa genética e neurociência associadas às novas tecnologias em computação e internet.

“A Jacto foi a primeira indústria brasileira a adotar o sistema Toyota de produção, em 1982. Agora, somos a primeira a implantar o ‘toyotismo’ na educação”, diz Jorge Nishimura, presidente do conselho de administração e filho mais novo de Shunji.

A parceria com o professor canadense começou em 2013, quando os Nishimura pediram ao Senai a instalação de um inédito curso de ensino médio na unidade abrigada na fundação, que já oferecia cursos técnicos, de formação inicial e continuada e de aprendizagem industrial. O diretor regional do Senai, Walter Vicioni, aprovou a solicitação desde que a proposta do curso fosse totalmente inovadora. Jorge e os quatro irmãos foram buscar, então, a parceria com o professor canadense. O novo curso do Senai iniciou sua primeira turma em 2015.

Apresentação do grupo de dança formado por alunos 

 

Ariane, uma das diretoras do colégio 

 

A preocupação com a criação de profissionais de caráter preparados para atuar no agronegócio, e não apenas na Jacto, está no DNA da Fundação Nishimura. A primeira instituição criada foi o Colégio Técnico Agrícola, que funcionava em sistema de internato comandado com “rédeas firmes” pelo próprio Shunji. Em 23 anos, formou mais de 600 alunos para dirigir fazendas pelo país. Foi substituído pela parceria com a Fatec, em 2010, que oferece mecanização em agricultura de precisão e o curso de big data do agronegócio, o único do país.

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A mudança do Colégio Shunji Nishimura (fundado em 1988 no centro de Pompeia, com o objetivo de atrair para a Jacto profissionais mais graduados que tinham filhos em idade escolar) para o campus da fundação, além de completar um ciclo educacional que vai do maternal ao ensino superior, foi necessária, segundo Jorge, para a implantação completa do profound learning.

Alunos da Fatec

 

Uma oliveira de cerca de 350 anos replantada na área da nova escola marcou a inauguração do prédio, em cuja fundação foi enterrada uma Bíblia.

No próximo ano, a instituição vai receber 470 crianças de 2 a 14 anos, que vão se somar aos 670 alunos da Fatec e aos 1.700 do Senai, totalizando mais de 2.800 alunos na fazenda comprada por Shunji. Apenas os alunos do colégio, com mensalidade subsidiada pela entidade, e os dos cursos de formação continuada pagam para estudar. Os custos e investimentos são bancados pelos lucros dos Nishimura no Grupo Jacto, que encerrou 2017 com uma receita líquida de R$ 1,205 bilhão e prevê um aumento de até 20% no faturamento deste ano.

Técnico trabalhando com circuito 

 

A linha de montagem da Jacto 

 

Startups

O Grupo Jacto se prepara para mais uma inovação. Está sendo implantada no ambiente da Fatec em Pompeia uma aceleradora de startups, que deve começar a funcionar em 2019. A ideia é aproveitar a parceria educacional que a fundação já tem com mais de 100 empresas, incluindo as concorrentes, universidades e instituições como o Ciag (Centro de Inovação no Agronegócio), e desenvolver pequenas companhias para propor soluções para a agricultura e o setor de alimentação.

Bumpuku, o conceito que abre esse texto, é um dos dez valores do Grupo Jacto. “Ninguém cresce sozinho”, lema que o fundador implantou quando apresentou ao mundo a primeira colhedora de café, e “espírito inovador” também estão na lista de valores da empresa, que é a maior empregadora da região centro-oeste paulista.

O Grupo Jacto é controlado por cinco holdings familiares, tem nove empresas, emprega 3.500 pessoas, possui 15 fábricas em três países e exporta seus produtos para 110 nações.

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Source: Rural

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