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30% do desperdício ocorre no comércio de produtos. (Foto: Bruno Blecher/Ed. Globo)

 

A população mundial ultrapassará a marca de nove bilhões de pessoas em 2050 e a expectativa é que a demanda por alimentos aumente cerca de 60% até lá. Como o nosso planeta não pode expandir para produzir mais alimentos, teremos que produzir cada vez mais com menos recursos para garantir a sustentabilidade não só da produção, mas de toda cadeia de valor, bem como a viabilidade econômica no longo prazo.

Segundo a ONU, para diminuir a fome no mundo, até 2030, devemos consolidar a produção sustentável de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes que aumentem a produtividade e ajudem a manter ecossistemas que fortaleçam a capacidade de adaptação de acordo com mudanças climáticas, calor excessivo, secas, dilúvios e outros desastres.

10% do desperdício ocorre no campo, 30% durante o manuseio e transporte dos alimentos, 30% no comércio e 10% na mesa do consumidor final"

 

Entretanto, não é apenas a mudança na produção de alimentos que fará diferença a longo prazo. Precisamos chamar atenção para a questão do desperdício. Para se ter uma ideia, hoje, 30% dos alimentos produzidos globalmente para consumo humano se perdem na cadeia de fornecimento: 10% do desperdício ocorre no campo, 30% durante o manuseio e transporte dos alimentos, 30% no comércio e 10% na mesa do consumidor final.

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E não para por aí. De acordo com a FAO (The Food and Agriculture Organization) isso significa que 1/3 dos alimentos produzidos em todo o mundo é desperdiçado. E esses alimentos desperdiçados consumiram um quarto de toda a água e terra usadas na agricultura. E ocuparam uma área do tamanho da China, responsável por 8% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE).
 

Como e por que mudar esse cenário?

Menos desperdício significa não só mais disponibilidade de alimentos, mas também a possibilidade de aumento de produtividade e rentabilidade para produtores e consumidores, menor necessidade de expansão dos territórios agrícolas e, consequentemente, menos impacto ao meio ambiente.

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No entanto, não existe um caminho único para contornar o desperdício, já que os problemas variam bastante conforme o país, região produtora, cultura entre outros fatores.  Para se ter uma ideia os índices mais altos de desperdício estão nos países desenvolvidos e acontece principalmente no consumo final. Já os em desenvolvimento as taxas são menores, porém ainda altas.

Uma das melhores formas de combater esse mal é ampliar o acesso de todos os atores da cadeia de produção de alimentos, até o consumidor final, à informação e à tecnologia"

 

Mas existem dois pontos comuns que contribuem sistematicamente com o desperdício: a falta de conhecimento e consciência. Por isso, uma das melhores formas de combater esse mal é ampliar o acesso de todos os atores da cadeia de produção de alimentos, até o consumidor final, à informação e à tecnologia que possa contribuir para processos e consumo mais eficientes.

A informação contribui não só para disseminação das “boas práticas de produção” como para a visibilidade da importância dessas novas práticas em termos sociais e econômicos. Recentemente, o Rabobank patrocinou um documentário que trata do tema. A obra Cultura do Desperdício convidou especialistas, empresas, ONGs, estudiosos, agrônomos e produtores para refletirem e falarem sobre o assunto. Com esse tipo de material podemos despertar a consciência de um problema que enfrentamos todos os dias.

O combate ao desperdício é uma tarefa de todos. E nós temos a oportunidade de sermos protagonistas nesse desafio. Já é comum vermos ONGs, empresas e instituições dedicadas a essa causa, mas somente elas, não são suficientes. Precisamos do envolvimento coletivo de toda a sociedade. Afinal, se cada um colaborar com a sua parte, no seu dia a dia, podemos fazer a diferença e ter um mundo mais sustentável.

*Thais Zylbersztajn Fontes é gerente de sustentabilidade do Rabobank Brasil. É formada em veterinária com MBA em Agronegócios na Esalq-USP e pós-graduação em Qualidade e Processos. 

 
Source: Rural

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