Ilustração: Bárbara Malagoli
Nunca se viu nas terras da Agroterenas Citrus tamanha fartura de frutos. E também não faltou ajuda para isso: de um lado, ela veio do alto, com chuvas na medida certa, e, de outro, brotou da terra, bem preparada, e da tecnologia. A empresa vem investindo pesado em máquinas, equipamentos e sanidade de solos, readequando doses e fórmulas utilizadas. O resultado, já sentido no ano passado, foi uma redução de 30% no custo de produção por caixa de laranja e uma produção que cresceu 98%. Com esse desempenho, a companhia foi a vencedora da categoria Frutas, Flores e Hortaliças no Melhores do Agronegócio.
O foco, agora, está nos laranjais. “Preparamos o solo dos nossos pomares e São Pedro ajudou com o clima. Colocamos uma safra recorde no mercado: 1.400 caixas de 40,8 quilos por hectare (na safra anterior, foram 750 caixas), e a produtividade foi 30% superior em relação aos outros pomares paulistas”, afirma Adilson Luis Penariol, diretor de produção da Agroterenas Citrus. Racionalizar e informatizar plantios e colheitas são metas da empresa, que fica em Santa Cruz do Rio Pardo (SP).
Entre investimentos em máquinas de última geração e produtos para o solo, a companhia investiu R$ 5,5 milhões no ano passado, observa Adilson, cifra nunca injetada antes (R$ 1,5 milhão em nutrição de solo e R$ 4 milhões em máquinas e equipamentos). E, para ajudar, os preços tiveram uma alta de 13% em comparação a 2016. Com isso, o faturamento de R$ 65,1 milhões em 2016 saltou para R$ 156,7 milhões no ano passado. A previsão para 2018 é mais modesta. “A receita deve ficar em torno de R$ 140 milhões. A estiagem provocará uma quebra na safra, mas ainda é cedo para prever o tamanho da perda”, diz Adilson.
Somadas aos bons ventos, as novas tecnologias estão fazendo diferença. A cada investimento feito em uma nova máquina, já se nota um crescimento na produção, afirma o diretor. O Centro de Operações Agrícolas, que monitora todos os equipamentos da empresa através de chips acoplados a GPS, teve todo o sistema aprimorado com inserções de aplicativos. “Hoje, é possível, por exemplo, mapear o trajeto percorrido pelas máquinas verificando se todos os talhões foram pulverizados, se as máquinas estão paralisadas ou em operação, a velocidade desenvolvida e o motivo das paradas”, explica.
Por meio de monitores, o operador visualiza cada trator. “Antes, só podíamos acompanhar a coleta da fruta. Agora, temos uma visualização completa do trabalho. Podemos ver por quais ruas os tratores passaram, se as manobras feitas foram adequadas, o volume de combustível, a programação de abastecimento, sem interrupção do trabalho.”
A busca constante por melhorias e novas tecnologias está no DNA da companhia, segundo Adilson, que cita como exemplo a agricultura de precisão, uma das tecnologias mais recentes implementadas. “Quando fazemos uma pulverização aérea, entregamos o pen-drive com o mapa completo dos talhões do pomar. O prestador de serviço pluga no avião e o sistema acompanha o mapa que foi entregue”, explica. Isso reduz em 5% o desperdício e diminui a chance de o produto atingir uma área de Reserva Legal ou propagar para uma propriedade vizinha.
Outro investimento significativo em inovação foi a montagem de uma área de gestão de qualidade de operações agrícolas, em que todas as operações são monitoradas. O novo recurso, segundo ele, garante que os processos operacionais sejam seguidos à risca. Ao mesmo tempo, são feitas “auditorias” de campo, a fim de garantir que os padrões de qualidade sejam respeitados nas operações agrícolas. “Auditar as operações de campo nos permitiu um ganho qualitativo.”
Ampliar o leque de clientes no varejo, diluindo os riscos, foi outra estratégia bem-sucedida adotada pela Agroterenas Citrus em sua gestão. As redes varejistas, que antes se restringiam ao Pão de Açúcar, Carrefour e Makro, deram lugar a uma lista de mais de 30 supermercadistas, priorizando redes de menor porte. “Tiramos dos maiores varejistas por conta dos entraves nas negociações e com isso minimizamos os riscos”, relata. O aumento permitiu à empresa elevar a comercialização para o varejo em 51%. “Do total de 8,620 milhões de caixas produzidas na safra de 2017, por exemplo, 226 mil caixas foram negociadas com as redes de menor porte”, diz. Destas, 4.811 mil caixas foram absorvidas por indústrias como Citrosuco e Cutrale, um acréscimo de 78% em comparação às vendas do ano anterior.
No total, a Agroterenas processou 3.583 mil caixas, alta de 140% em relação ao ano anterior, e exportou 97% das 13.000 toneladas de suco concentrado. Os clientes são 22 países da Europa e do Oriente Médio. Além de suco, a fábrica produz outros cinco produtos à base de laranja, que também têm como destino o mercado internacional.
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Source: Rural