Ilustração: Bárbara Malagoli
O cheiro forte do café na padaria do pai, em São Miguel, no interior do Rio Grande do Norte, tirou Pedro Lima da faculdade de agronomia e o alçou ao posto de maior torrefador de café do país. Ao lado das fornadas de pães, o pai fabricava sabão e processava e vendia o Café Nossa Senhora de Fátima, mais tarde rebatizado de Santa Clara. Além de gostar do cheiro, Pedro percebeu que era o café que dava mais dinheiro.
Em 1984, ele juntou-se aos dois irmãos e assumiu o pequeno negócio. Hoje, o céu é o limite: a companhia se prepara para lançar a “cápsula do mundo”, uma mistura de grãos de cinco países. A trajetória familiar e a habilidade em desbravar novos mercados são duas razões que deram à 3corações o Prêmio Melhores do Agronegócio na categoria Indústria do Café.
Junto com a Santa Clara, líder nas regiões Norte e Nordeste, a 3corações, joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss, exibe outras 21 marcas de café. Com forte trajetória em aquisições, a empresa solidificou, no ano passado, a compra da Cia. Iguaçu de Café Solúvel, adquirida no final de 2016, e ainda fechou negócios com outras três indústrias regionais: Café Cirol Royal (PE), Café Manaus, líder na região Norte, e o Café Toko, de Juiz de Fora (MG). “Entre aquisições e a construção de uma fábrica em Manaus, que entrou em operação em maio deste ano, foram investidos R$ 90 milhões. Temos uma competência grande, que é criar valor à marca, como aconteceu com a Santa Clara, que detém mais de 40% de market share”, conta Pedro Lima, presidente da 3corações.
Os 5.000 quilos de café processados pelo patriarca da família nos anos 1980 se transformaram em 167 milhões de quilos de grãos em 2017, alta de 8% em relação ao volume do ano anterior, rendendo à 3corações uma receita líquida de R$ 2,379 bilhões, acréscimo de 21% sobre 2016. O volume produzido não acompanha acréscimo de dois dígitos, mas mantém a curva ascendente. “Para este ano, a projeção é de alta entre 5% e 6% e na receita o aumento tem sido de dois dígitos há vários anos”, ressalta. Maior empresa de café do Brasil, a 3corações atua ainda nos segmentos de refresco em pó, achocolatados, temperos e derivados de milho. Mas a menina dos olhos de Lima são as “cápsulas”. Depois de ampliar, em 2017, as vendas no segmento de café torrado e moído, solúvel e em cápsulas, a comercialização de máquinas para cápsulas de café e outras bebidas do sistema TRES também deslanchou.
“A previsão era crescer 10% no volume de cápsulas no ano passado, mas fomos surpreendidos com um aumento de 34%”, afirma. As vendas de máquinas também se expandiram acima do esperado, atingindo 280 mil unidades. Hoje, são mais de 1,2 milhão de unidades comercializadas em todo o Brasil”, conta o executivo. Entusiasta da modalidade, Pedro diz que nada se compara à máquina TRES, de multibebidas em cápsulas, e por esse motivo selou uma parceria com a italiana Caffitaly, em 2013, para a fabricação das cápsulas. Em cinco anos, o gosto pelo novo tipo de bebidas conquistou o consumidor brasileiro e já responde por 34% do segmento – com uma receita superior a R$ 240 milhões em 2017. “Em outubro, vamos lançar a cápsula do mundo, que são os cafés originários de países como Colômbia, Costa Rica, Etiópia e Cuba.”
Leia a reportagem completa no 14º Anuário do Agronegócio Globo Rural, disponível nas bancas e no Globo +.
Source: Rural