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Capa da nova edição de O Meu Pé de Laranja Lima (Foto: Editora Saraiva/Reprodução)

José Mauro de Vasconcelos tinha 48 anos e já experimentara o sucesso quando publicou O meu pé de laranja lima, em 1968. O romance Rosinha, minha canoa, de 1962, fora mutio bem recebido pelo público e adotado até mesmo em um curso de língua portuguesa na prestigiada Sorbonne, na França. 

Em 1967, o autor nascido em Bangu, no Rio de Janeiro, foi o vencedor do Prêmio Jabuti na categoria romance, com As confissões do Frei Abóbora. Mas nenhum de seus livros seria tão reconhecido e lido quanto O meu pé de laranja lima, que chega aos cinquenta anos com a autoridade de um clássico da literatura brasileira.

O livro conta a história de Zezé, menino de seis anos que vive com a família em um bairro suburbano na zona oeste do Rio de Janeiro. Zezé é um menino bom, mas encapetado. Tem dentro de si uma infinita ternura e uma tristeza latente. Vive aprontando travessuras em casa e na vizinhança e recorre à inteligência acima da média e à imaginação fértil para escapar daquele ambiente de homens oprimidos pela pobreza. Ele faz do pé de laranja lima do quintal da casa dos pais seu amigo imaginário até encontrar um amigo verdadeiro, com quem viverá momentos de alegria e conhecerá a verdadeira tristeza.

A história, fortemente autobiográfica e contada com uma sensibilidade tocante, foi um sucesso instantâneo. O meu pé de laranja lima já teve mais de 2 milhões de exemplares vendidos, além de adaptações para cinema, teatro e televisão. Para celebrar o aniversário, a Editora Melhoramentos preparou uma edição comemorativa com capa dura, notas de rodapé e um suplemento de leitura informativo sobre obra e autor.

É difícil apontar as razões para o sucesso de uma obra literária. Ainda que José Mauro tenha sido ignorado pela academia, as qualidades narrativas e a linguagem simples e direta, com muita ternura e lirismo, não deixam dúvida sobre o valor de sua obra. E por que, entre tantos livros – foram 22 obras – o mais marcante foi O meu pé de laranja lima? O prefácio de Rosinha, minha canoa, traz uma pista.

“Antigamente, quando escrevia, deixava entrever minha ternura, mas com muito medo foi preciso que chegasse aos quarenta anos para perder todo o terror de minha ternura e derramar por minhas mãos que queimam de carinho (quase sempre sem ter ninguém para o receber) a simplicidade deste meu livro”, anotava o autor.

Quando essa ternura se encontrou com as memórias de infância do autor, o resultado foi inesquecível.

Além da oportunidade de ser apresentado a uma nova geração de leitores, esta nova edição pode ser também uma porta de entrada para a obra adulta de José Mauro de Vasconcelos, autor relevante e sempre comovente.

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Livros (Foto: divulgação)

 

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Source: Rural

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