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A variedade é de fácil adaptação às diferentes regiões do país (Foto: Thinkstock)

 

Apesar de serem tradicionais na produção de alimentos na agricultura nacional, muitas hortaliças caíram no esquecimento dos brasileiros ao longo do tempo. Por não contarem com uma cadeia produtiva e cultivo em escala comercial, diversas variedades de folhosas, raízes e leguminosas acabaram sumindo da mesa dos consumidores.

Mas, graças à iniciativa de multiplicar materiais genéticos das chamadas hortaliças não convencionais, que vem sendo realizada por instituições de pesquisa do país, com incentivos de órgãos estaduais e federais, a perspectiva é resgatar a popularidade de vários alimentos produzidos no campo que foram abandonados nos últimos anos.

Quase em extinção, o jacatupé (Pachyrhizus tuberosus) é uma das hortaliças que fazem parte da lista do projeto. Originário das cabeceiras dos rios amazônicos, seu consumo é comum na Amazônia Ocidental, especialmente entre as populações indígenas. Porém, no restante do país é pouco conhecido, embora haja relatos de seu cultivo em meio às plantações de milho em Goiás e Minas Gerais, usando o milharal como tutor.

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Herbácea trepadora, o jacatupé pode atingir até 3 metros de altura quando tutorado. Rústica e de cultivo simples, a variedade é de fácil adaptação às diferentes regiões do país. O próprio agricultor pode produzir as sementes da planta, que também é conhecida como feijão-macuco e feijão-batata.

Do jacatupé, a parte comestível é a raiz. Com propriedade diurética e proteica – superior a 9% da matéria seca –, é consumida crua, ralada ou em pedaços em saladas. Pode-se ainda fazer dela farinha ou extrair polvilho para a fabricação de pães e biscoitos.

Dependendo das condições do manejo e do solo, nascem até cinco raízes tuberosas por planta. Cada uma chega a medir entre 10 e 15 centímetros de comprimento. Tem formato alongado, parecido com o do nabo, casca marrom, polpa branca e é suculenta. Há casos de raízes únicas com peso de 4,5 quilos já registrado.

Mãos à obra
>>> INÍCIO Para uma boa produção, é fundamental a escolha da área de cultivo e o uso de sementes de plantas sadias. A propagação do jacatupé é feita por sementes plantadas diretamente no local definitivo. Para 2018, a Embrapa Hortaliças planeja dedicar esforços para repassar material para plantio a bancos comunitários cadastrados em projetos da instituição, aumentando a disponibilidade de oferta de sementes para o mercado.

>>> AMBIENTE A hortaliça desenvolve-se plenamente em regiões tropicais úmidas, mas adapta-se a cultivos de verão onde o clima apresenta-se mais ameno. Na Amazônia, o plantio pode ser realizado o ano inteiro, como também no Nordeste, se contar com irrigações. No Sudeste e Centro-Oeste, a recomendação é plantar sementes de jacatupé apenas durante o período chuvoso. Na área ao sul, pode ser plantada em regiões baixas e quentes de setembro a outubro e colheita de março a junho.

>>> PLANTIO É indicado em solos arenosos, profundos, bem drenados e com bom teor de matéria orgânica. Quando necessário, corrija a acidez com antecedência. Aplique a quantidade e o tipo de calcário com base na análise de solo. Para o cultivo de jacatupé, recomenda-se pH entre 5,8 e 6,3. Prepare o solo com aração e gradagem e, em seguida, realize a adubação e o enleiramento.

>>> ESPAÇAMENTO O semeio é realizado no espaço de 0,4 a 0,5 metro entre plantas nas leiras, cuja distância recomendada entre elas é de 0,8 a 1 metro. Coloque duas sementes por cova. A germinação é fácil e sem necessidade de tratamento específico. A emergência ocorre, em geral, em três a quatro dias após o plantio.

>>> ADUBAÇÃO De 400 gramas de nitrogênio, 200 a 250 gramas de fósforo e 350 a 400 gramas de potássio deve ser aplicada de acordo com o tipo de produção. Para cultivos comerciais, é indicada a cada dois meses e, em jardins, de duas a três vezes ao ano. Análise do solo e consulta a um técnico são necessárias para definir a exata quantidade de adubo. Em cultivos intensos, faça fertilização foliar semanalmente com formulações na forma de quelatos, aminoácidos ou metalosatos, desde que tenham alta solubilidade e sejam de qualidade. A dosagem é de 1,5% a 2%, com avaliações trimestrais para saber a necessidade de alterações das medidas.

>>> CUIDADOS Plantas invasoras devem ser controladas por meio de capinas manuais sempre que a competição por luz e nutrientes for acirrada. Por ser planta trepadora, recomenda-se o tutoramento, o que aumenta a área fotossintética e, consequentemente, a produção. O importante é podar as inflorescências no estágio inicial, para evitar o consumo de boa parte dos nutrientes da planta. Para obter sementes, no entanto, as inflorescências são deixadas em parte do campo para a formação de vagens.

>>> PRODUÇÃO A colheita pode começar a partir do quinto mês após o plantio. Contudo, a prática mais frequente é entre o sexto e o sétimo mês. Não deixe a hortaliça no solo além desse prazo, pois ela se torna muito fibrosa e perde a qualidade. Depois de colhidas, as raízes devem ser lavadas e secas à sombra. A produtividade pode superar 30 toneladas por hectare.

Onde comprar: A Embrapa Hortaliças e a Emater-MG têm estabelecido campos de multiplicação de sementes de hortaliças tradicionais, entre elas o jacatupé, em parceria com organizações de agricultores (associações ou cooperativas)

Mais informações: acesse manual e cartilha sobre hortaliças não convencionais em http://www.abcsem.com.br/docs/manual_hortalicas_web.pdf e http://www.abcsem.com.br/docs/cartilha_hortalicas.pdf

*CONSULTOR: Nuno R. Madeira, pesquisador da Embrapa Hortaliças, BR-060, Km 09, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília (DF), tel. (61) 3385-9000, www.embrapa.br/fale-conosco; e Georgeton S. R. Silveira é extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Av. Raja Gabaglia, 1626, CEP 30441-194, Belo Horizonte (MG), tel. (31) 3349-8001
Source: Rural

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